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Política & Poder

Elogiado por Bolsonaro, prefeito de Chapecó é investigado por ações na pandemia

O MPF confirmou à Folha a abertura da investigação, mas disse que o teor do inquérito é sigiloso

FolhaPress

17/09/2021 16h10

Foto: MANDEL NGAN / AFP

O MPE (Ministério Público Federal) abriu na quinta-feira (16) um inquérito para apurar se medidas tomadas pelo prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), favoreceram a transmissão da Covid-19 e colaboraram para o colapso no sistema de saúde na região em fevereiro e março de 2021. A informação foi publicada pelo jornal O Globo. O MPF confirmou à Folha a abertura da investigação, mas disse que o teor do inquérito é sigiloso.

Elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Rodrigues adotou medidas controversas para conter o avanço da pandemia desde que assumiu a prefeitura de Chapecó, em 1º de janeiro de 2021. Ele defendeu o tratamento precoce, com fornecimento de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19. O prefeito também apostou no que chamou de “lockdown inverso”, com atendimento dos doentes em casa, mas sem fechar totalmente o comércio e serviços, mesmo nos períodos mais críticos.

Após as medidas, em fevereiro e março, o sistema de saúde da região entrou em colapso e pacientes chegaram a ser transferidos para outros estados. Por um período, Chapecó liderou o ranking de contaminados em Santa Catarina. O número de mortes só começou a baixar após uma restrição mais rígida aos estabelecimentos durante 14 dias, no final de fevereiro. De acordo com O Globo, o MPF afirma na ação que os atos do governo municipal no início da gestão de Rodrigues provocaram uma evolução dos contágios por Covid-19, como apontam os boletins epidemiológicos.

O órgão destacou que centenas de pessoas morreram nos primeiros meses do ano no município. Em uma live transmitida nas redes sociais nesta sexta-feira (17), Rodrigues questionou o fato de o jornal não o ter procurado para saber sua versão dos fatos. Ele disse estranhar que a notícia tenha sido veiculada nacionalmente sem nem ele mesmo saber da investigação. “Eu não fui citado, mas o jornal O Globo já foi noticiar, e o colunista Lauro Jardim quer colocar como notícia nacional, sabe por quê? É para poder desqualificar o presidente [Jair Bolsonaro]”, afirmou.

Segundo o prefeito, todas as decisões do combate à pandemia em Chapecó foram tomadas em conjunto por um comitê municipal, inclusive a de não fechar totalmente o comércio no momento de colapso do sistema de saúde. “Fui pressionado sim, não pela sociedade chapecoense, mas por pseudointelectuais de que eu deveria promover lockdowns na cidade, fechar Chapecó toda hora. Se eu tivesse seguido atitude de covarde, nós teríamos quebrado a economia dessa cidade, teríamos falido Chapecó, mas eu tive coragem de, em nome do povo da minha cidade, manter sim o comércio trabalhando, funcionando, com todos os protocolos”, afirmou.

Sobre a indicação de tratamento precoce, ineficaz para os pacientes de Covid-19, Rodrigues afirmou que apenas atendeu a um pedido de médicos do município. “Como prefeito, nunca receitei remédio, apenas apoiei os médicos que se uniram e me pediram: ‘queremos fazer o tratamento imediato porque nós pesquisamos’. A minha atitude qual foi? Apoio total, apoiei sim, apoio e apoiarei. Agora, não sou eu quem toma a decisão, respeito quem fez a faculdade de medicina, é o médico quem tem que receitar”.

O prefeito comparou números da pandemia no período crítico em Chapecó com outros municípios do país, inclusive da mesma região da cidade, afirmando que o colapso foi sentido em diversas localidades por conta da disseminação da Cepa 1, de Manaus, na época. Rodrigues também enumerou outras ações que tomou à frente da prefeitura no combate à pandemia, como abertura de leitos e centros de atendimento à população, além de testagem em massa. “Fizemos a maior mobilização de combate ao Covid que esse país tem conhecimento”, afirmou.

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