O homem que invadiu e destruiu o terreiro, na manhã de ontem (23), tem, segundo a família, transtornos mentais críticos. De acordo com laudo enviado ao Jornal de Brasília, Alexandre Afonso, de 45 anos, tem transtorno psicótico agudo e transitório desde criança.
Em conversa com a redação, o cunhado de Alexandre, Rafael Mendes, explicou que, geralmente, o homem é controlado e trabalha como pedreiro e pintor. “Há uma semana, na última vez que nós levamos ele ao médico para pegar mais remédios, o médico decidiu tirar a medicação e disse ‘vamos testar ele sem medicação'”, explicou Rafael.
Segundo Rafael, foi após a retirada do remédio que Alexandre começou a ficar mais agitado e, como sempre faz em meio a crises, passou a quebrar a própria propriedade em que vive. “A crise dele é ficar andando de um lado para o outro pela chácara, pegar um facão e ficar derrubando árvore, colocar fogo em colchão”, continuou.
Antes do ataque, Alexandre passava por uma dessas crises e chegou a ser levado ao hospital naquela noite. Porém, após um rápido atendimento, os médicos orientaram a família a levá-lo ao posto de saúde da região, que apenas abre às 8 horas da manhã. Ao voltar para casa, o homem entrou na mata próxima à chácara e desapareceu. Essa foi a primeira vez que ele foi visto próximo ao terreiro.
Rafael explica que a distância entre a chácara em que Alexandre mora e o terreiro é pequena, sendo que eles são divididos apenas por um córrego e uma mata. “Nós estamos tentando internar ele, mas um hospital fica empurrando para o outro. Nós não estamos tendo apoio do governo”, disse.
Terreiro
De acordo com Rafael, na manhã desta quinta-feira (24), ele e a esposa, Thais Afonso, foram até o terreiro e conversaram com a Yalorixá, Sueli Gama. “Nós conversamos com ela e ela estava bem abalada, mas entendeu nosso lado e nos desculpou”, contou o auxiliar de despachante.
“Quando ele está em surto, ele gosta de quebrar coisas. A mãe (Sueli) disse que ele (Alexandre) quebrou uma estátua com a mão. Que, ao mesmo tempo que ele falava coisas sobre Deus, ele também falava sobre Oxalá, Ogum. Em menos de meia hora ela disse que ele já tinha destruído tudo”, continuou o cunhado de Alexandre.
Medidas
Após ser solto, na manhã desta quinta, a família de Alexandre tem peregrinado de hospitais em hospitais e postos de saúde tentando conseguir com que ele seja internado. Segundo Rafael, até às 19 horas ele estava no hospital tentando conseguir uma consulta com um médico.
“Quando buscamos ele na delegacia, ele já estava começando a ter uma nova crise. Um policial chamou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para levar ele para o posto de saúde perto”, continuou.
Porém, ao chegar no posto, o auxiliar conta que os médicos apenas deram um remédio calmante para Alexandre. “O psiquiatra que cuida dele disse que teríamos que levar ele para o Hospital de Planaltina (HRP), para depois ele ser encaminhado para o Hospital de Base e só depois para o Hpap (Hospital Pronto Atendimento Psiquiátrico).”
Sem esperanças, Rafael conta que o próximo passo é entrar em contato com a Defensoria Pública e tentar uma vaga de internação para Alexandre.