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Política & Poder

São João de Caruaru agora nega censura a artistas e culpa burocracia de edital

Também participará o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, que faz parte da Brucelose, um grupo de forró

FolhaPress

20/05/2022 15h17

Pedro Martins

A Prefeitura de Caruaru, cidade localizada a 136 quilômetros do Recife, publicou uma nota no Instagram negando que haverá censura contra manifestações políticas dos artistas que se apresentarão no São João.

A nota foi publicada no início da tarde desta sexta-feira (20), depois do jornal Folha de S.Paulo ter noticiado que o edital de contratação dos artistas dizia que qualquer atração “que expresse conteúdo político de qualquer natureza” não seria contratada e que o descumprimento da cláusula poderia levar à suspensão de cachês.

A festa, que começa em 4 de junho e vai até 2 de julho, deverá contar com presença do presidente Jair Bolsonaro, de acordo o prefeito Rodrigo Pinheiro, do PSDB. Também participará o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, que faz parte da Brucelose, um grupo de forró.

“O texto do edital, mal redigido, foi pensado por burocratas que buscavam evitar a politização de um evento que tem como finalidade o entretenimento, a valorização da cultura e a celebração religiosa das festas de junho. Nosso compromisso é absoluto e irrestrito com a liberdade de expressão, essencial para assegurar a continuidade do processo democrático. Não haverá qualquer tipo de pena para quem se livre manifestar durante o evento”, diz a nota.

Antes da publicação da nota, o presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, Rubens Júnior, disse ao Marco Zero, um coletivo de jornalismo independente do Recife, que não enxerga a cláusula do edital como censura.

“O que que a gente está contratando não é a posição política do artista. Se ele faz isso num teatro, as pessoas pagam para assistir ao show dele. Eu mesmo vou e bato palma quando é a meu favor e vaio quando é contra a minha posição política. Mas é um show privado. Um show com recursos públicos a gente tem que ter essas precauções.”

“Eu tenho copatrocínio do governo federal, do governo estadual e a prefeitura banca a maior parte da festa. São três posições políticas diferentes. Como é que eu resolvo isso? Resolvo dizendo assim ‘olha, não se fala em política, porque o show não é para manifestação individual. O show é para manifestação individual artística’.”

Além dos artistas locais, boa parte deles inscritos por meio do edital, devem se apresentar na festa Luan Santana, Mari Fernandez, Felipe Amorim, Dorgival Dantas e Bell Marques. As apresentações principais serão divididas em matinês nos dias 11, 23, 24, 25 e 26.

O imbróglio surge cerca de um mês e meio após Pabllo Vittar ter mostrado uma toalha com o rosto do ex-presidente Lula e feito um sinal de “L” com a mão no palco do Lollapalooza, festival de música que ocorreu no último fim de semana de março em São Paulo.

A equipe do presidente Jair Bolsonaro questionou a organização do festival. Seu partido, o PL, acionou o TSE por suposta propaganda eleitoral irregular no evento, alegando que a legislação só permite campanha política a partir de 16 de agosto.

O tribunal acatou parcialmente o pedido e determinou multa de R$ 50 mil para o festival se houvesse outras manifestações a favor ou contra qualquer candidato ou partido no Lollapalooza. A produtora do evento, T4F, entrou com recurso e manteve a liberdade de expressão dos artistas.

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