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Sem esperanças de encontrar sobreviventes, Nepal chora vítimas de acidente aéreo

“A esperança de encontrar alguém vivo é nula”, afirmou Bahadur KC horas antes. Segundo ele, nenhuma caixa preta foi encontrada nas buscas

Redação Jornal de Brasília

16/01/2023 16h32

Foto: PRAKASH MATHEMA / AFP

Sem esperanças de encontrar sobreviventes, o Nepal decretou um dia de luto nacional nesta segunda-feira (16), após o desastre aéreo de domingo, que deixou pelo menos 69 mortos na pior catástrofe deste tipo em três décadas no país.

“Ainda faltam três corpos. As operações (de resgate) foram suspensas por hoje. Iremos voltar amanhã de manhã”, destacou Tek Bahadur KC, chefe do distrito de Taksi, em Pokhara (centro), onde caiu o avião com 72 pessoas a bordo – 68 passageiros e quatro tripulantes.

“A esperança de encontrar alguém vivo é nula”, afirmou Bahadur KC horas antes. Segundo ele, nenhuma caixa preta foi encontrada nas buscas.

As autoridades encontraram 69 corpos e, até agora, foram iniciadas as necropsias em 24 deles.

O avião, um ATR 72 da companhia Yeti Airlines, que saiu de Katmandu, capital do Nepal, caiu pouco antes das 11h locais (2h15 no horário de Brasília), perto de Pokhara (centro), onde deveria pousar. 

A aeronave em chamas foi encontrada em um precipício de 300 metros de profundidade, entre o antigo aeroporto construído em 1958 e o novo terminal internacional inaugurado em 1º de janeiro.

Quinze estrangeiros estavam a bordo do avião: cinco cidadãos indianos, quatro russos, dois coreanos, um australiano, um irlandês, um francês e uma argentina, segundo o porta-voz da companhia aérea, Sudarshan Bardaula.

A passageira argentina foi identificada como Jannet Sandra Palavecino, de 58 anos, mãe de duas filhas e natural da província de Neuquén (sudoeste), segundo o jornal La Nación de Buenos Aires. 

Após o acidente, os socorristas tentaram apagar o fogo nos destroços do avião, movido por dois motores turboélice.

A dor dos familiares

Ainda não se sabe o motivo da queda, mas em um vídeo compartilhado nas redes sociais, verificado por um parceiro da AFP, o avião aparece voando baixo sobre uma área residencial antes de se inclinar de forma brusca para a esquerda. Ouve-se, então, uma forte explosão.

Greg Waldon, especialista no setor de aviação, disse à AFP que, ao ver o vídeo, pareceu que de repente uma das asas da aeronave “entrou em perda”, o que significa que perdeu a capacidade aerodinâmica de manter o avião no ar.

“Quando você está em baixa altitude e está lidando com um incidente como esse… é um problema muito sério”, disse Waldron, editor da publicação FlightGlobal para a Ásia.

Terence Fan, especialista em aviação da Singapore Management University, disse que é impossível determinar se a causa do acidente foi um erro de pilotagem ou um mau funcionamento mecânico.

Raj Dhungana, tio de Sangita Shahi, de 23 anos, uma das vítimas, falou da “dor” de toda família na frente de um hospital de Pokhara. 

“Minha sobrinha era muito talentosa. Ela também era uma excelente aluna. Estudava em Katmandu. Ela dirigia um centro de maquiagem e uma plataforma de negócios on-line (…) Deus levou alguém muito bom”, lamentou.

Em um comunicado enviado de Toulouse, no sudoeste da França, a ATR, fabricante do avião, especificou que a aeronave acidentada era um modelo 72-500, acrescentando que seus especialistas estavam “totalmente comprometidos em apoiar tanto a investigação quanto o cliente”, a Yeti Airlines.

Histórico de acidentes aéreos

Nos últimos anos, o setor aeronáutico do Nepal cresceu muito nos últimos anos, mas devido à falta de treinamento de pessoal e a problemas de manutenção, as empresas sofrem, em geral, com problemas de segurança. 

Por esse motivo, a União Europeia proibiu todas as transportadoras nepalesas de entrarem em seu espaço aéreo.

O país do Himalaia também possui algumas das pistas mais remotas e complicadas do mundo, circundadas por picos cobertos de neve que tornam a aproximação desafiadora até mesmo para pilotos experientes.

As companhias afirmam que o Nepal não tem infraestrutura para estabelecer previsões meteorológicas precisas, sobretudo nas regiões mais remotas e de difícil relevo montanhoso, onde foram registrados acidentes fatais nos últimos anos. 

O acidente de domingo é o mais mortal no Nepal desde 1992. Naquele ano, as 167 pessoas a bordo de um avião da Pakistan International Airlines morreram na queda da aeronave perto de Katmandu.

© Agence France-Presse

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