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Novo líder de Hong Kong promete ‘não decepcionar o presidente Xi’

John Lee, o novo chefe do Executivo de Hong Kong, oficializou sua posse nesta sexta, dia que marca os 25 anos do retorno da ilha para a China

FolhaPress

01/07/2022 10h38

Foto: Reuters

Guarulhos, SP

John Lee, o novo chefe do Executivo local de Hong Kong, oficializou sua posse nesta sexta (1º), dia que marca os 25 anos do retorno da ilha para a China, com um discurso que dá o tom de sua embrionária administração. “Não vamos decepcionar o presidente Xi [Jinping]”, disse Lee, referindo-se ao líder do regime chinês.

Responsável por comandar a ampla repressão contra protestos pró-democracia na ilha em 2019, quando chefiava a segurança local, Lee assume o cargo na esteira da maior presença de Pequim na região. Candidato único à chefia local, ele foi eleito por um enxuto comitê formado por partidários do regime comunista da China.

Ainda durante o discurso no Centro de Convenções e Exposições, na área de Wan Chai, comprometeu-se a seguir à risca a cartilha de tarefas enviada por Xi. A lista inclui o fortalecimento da governança e do desenvolvimento local, mas tem como ponto mais sensível a “manutenção da harmonia e da estabilidade”, divulgou a mídia local.

Foi disso que o próprio Xi, que participou da cerimônia, falou. Por mais de uma vez, o líder do regime mencionou a eclosão de protestos sociais que impulsionou centenas de prisões e exílios de ativistas.

“Seja a crise financeira global, a Covid ou algumas convulsões sociais internas, nada impediu o avanço de Hong Kong”, disse Xi.

Como o fez na véspera, ele concentrou seu discurso na alegada defesa do sistema de “um país, dois sistemas”, acordado quando a ilha foi devolvida a Pequim e responsável por certa autonomia na região. O esquema, no entanto, foi na prática destruído pelo avanço do controle chinês, que vai da segurança pública às regras para eleições.

Nesse último ponto, Xi retomou a intenção de seguir apertando o cerco: “Manter o poder político nas mãos de patriotas é uma regra política comumente praticada no mundo; nenhum povo, em qualquer país, permitirá que o poder caia nas mãos de forças ou indivíduos que não amam e traem seu próprio país.”

A declaração configura o que, na prática, já vem acontecendo. Na eleição legislativa na ilha realizada em dezembro, marcada por baixa participação, candidatos pró-democracia estavam ausentes devido a uma reforma eleitoral promovida por Pequim para que só aqueles considerados “patriotas” pela China puderam se candidatar.

Os discursos de Xi e Lee foram criticados por Taiwan, a ilha que, na prática, é autônoma, mas não tem reconhecimento internacional e é reivindicada por Pequim como uma província rebelde. O premiê Su Tseng-chang disse que a liberdade em Hong Kong desapareceu e que a China falhou em cumprir promessas acordadas há 25 anos.

“O chamado ‘um país, dois sistemas’ da China simplesmente não resistiu ao teste”, afirmou ele.

“Sabemos que devemos nos apegar à soberania, liberdade e democracia de Taiwan.”

Críticas também ecoaram do Reino Unido, com o premiê Boris Johnson afirmando que fará o possível para pressionar Pequim pelo cumprimento da promessa de que respeitaria o modo de vida dos honcongueses, com liberdade de expressão e imprensa, até 2047.

“Simplesmente não podemos evitar o fato de que, já há algum tempo, Pequim vem descumprindo suas obrigações”, afirmou Boris em um vídeo. “É um cenário que ameaça tanto os direitos e as liberdades dos habitantes de Hong Kong, mas também o progresso de Pequim.”

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