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Meses depois, morte de mulher por engasgo passa a ser investigada como feminicídio

Laudo de corpo delito atestou diversos hematomas no corpo da vítima; Suspeito está preso

Mayra Dias

17/07/2023 18h12

Considerada, a princípio, uma morte causada por engasgo com uma carne, um caso ocorrido em março deste ano passou a ser investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) como feminicídio. Investigadores da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), presididos pelos delegados Fernando Fernandes e Marcos Miranda, cumpriram, nesta segunda-feira (17/7), um mandado de prisão temporária contra Marcus Renato de Sousa da Silveira, de 44 anos, acusado de esganar e matar a companheira, Elaine Vieira de Jesus Dias.

Foi na noite entre os dias 22 e 23 de março, dentro da casa de Renato, com quem Elaine mantinha um relacionamento há, mais ou menos, nove meses, que o suposto crime ocorreu. De acordo com o depoimento prestado por Marcus na delegacia, na manhã de 20 de março ele teve um pequeno desentendimento com a mulher, que saiu de casa e não conversou mais com ele durante o dia. 

De noite, Elaine publicou, em suas redes sociais, uma foto em um bar do Guará. Em um dos telefonemas feito pelo companheiro da vítima, um colega de Elaine atendeu e afirmou que estava com ela. Por volta das 22h, Elaine atendeu uma segunda ligação feita pelo suspeito e perguntou se podia dormir na casa dele.

O deslocamento até a casa de Marcus foi feito por transporte de aplicativo e, em sua oitiva, Marcus alegou que Elaine estava bêbada. O suspeito informou que a mulher pegou um prato de comida na cozinha e foi para o quarto. Nesse momento, ele a encontrou caída no chão engasgada com um pedaço de carne. O homem chegou a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e as equipes conduziram a mulher até o Hospital Regional de Samambaia (HRS). 

No entanto, alguns pontos dessa história seguem sem explicação. O laudo de corpo delito do Instituto de Medicina Legal (IML) atestou que foram observados diversos hematomas no corpo da vítima, bem como nos joelhos, nos cotovelos e no pescoço. Isso, segundo os investigadores, cria a hipótese de que ela teria sido esganada. As marcas foram observadas por uma colega de Elaine durante o seu próprio sepultamento. 

Ao prestar depoimento à polícia, essa mesma colega contou que o namoro de Elaine e Marcus era conturbado, e que havia ouvido queixas da amiga quanto ao comportamento abusivo, rude e hostil do suspeito. Ela também contou que telefonou para Elaine na noite do suposto crime e escutou, do outro lado da linha, a amiga chorar, gritar e repetir: “Renato, não faz isso comigo”.

Marcos Renato não compareceu ao velório da própria namorada e, depois da sua morte, chegou a ir à casa da mãe de Elaine para ameaçá-la. De acordo com a polícia, ele fingiu ser síndico para conseguir entrar no condomínio, danificou a porta do apartamento e fugiu ao ser confrontado pelos vizinhos.

Vale destacar que, de acordo com a 26ª DP, de Samambaia Norte, Marcus Renato de Sousa Oliveira já tinha sido preso em 2020 por crime relacionado à Lei Maria da Penha, contra uma ex-companheira.

A prisão temporária de Marcus é de 30 dias e foi deferida pelo juiz Fabrício Castagna. A Justiça autorizou ainda a busca e apreensão na casa do suspeito e a quebra de sigilo dos dados dos aparelhos eletrônicos.

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