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Economia

Ibovespa inicia semana em leve baixa de 0,07%, aos 115,9 mil pontos

A Bolsa brasileira seguiu em acomodação nesta abertura de semana, engatando a terceira perda, em grau leve como na sessão anterior

Redação Jornal de Brasília

25/09/2023 18h19

Foto: Arquivo/Agência Brasil

À espera de uma agenda que começa a ganhar força amanhã, com a prévia da inflação oficial de setembro, o IPCA-15, a Bolsa brasileira seguiu em acomodação nesta abertura de semana, engatando a terceira perda, em grau leve como na sessão anterior, permanecendo no menor nível de encerramento desde o último dia 8.

Hoje, o Ibovespa oscilou apenas 457 pontos entre a mínima (115 573,35) e a máxima (116.030,83) do dia, encerrando em baixa de 0,07%, aos 115.924,61 pontos, saindo de abertura aos 116.008,64. Fraco, o giro financeiro ficou em R$ 17,1 bilhões. No mês, o índice da B3 ainda sobe 0,16%, faltando quatro sessões para o fim de setembro. No ano, o Ibovespa avança 5,64%.

Apesar do leve sinal negativo do petróleo Brent na sessão, Petrobras ON e PN subiram, ambas, 0,65% nesta segunda-feira, o que contribuiu para mitigar o efeito sobre o Ibovespa do ajuste em Vale (ON -2,06%), com a retomada de dúvidas sobre a economia chinesa, que tem encontrado muita dificuldade para ganhar marcha desde a pandemia. Os grandes bancos também fecharam o dia majoritariamente em baixa, à exceção de Itaú (PN +0,30%). 

Novos temores em torno do setor imobiliário da China injetaram cautela nos mercados globais nesta abertura de semana, em meio à escalada global de rendimentos de títulos soberanos como os Treasuries, considerados livres de risco, bem como do dólar, no exterior. Aqui, o dólar à vista fechou o dia em alta de 0,68%, a R$ 4,9662, mais perto da máxima (R$ 4,9750) do que da mínima (R$ 4,9379) da sessão.

“Seguindo a decisão do S&P Global de cortar a projeção de crescimento do PIB chinês este ano, veio um fluxo de notícias negativo ligado ao setor imobiliário do país, que tem como foco a reestruturação da Evergrande. Durante o pregão chinês, outra incorporadora listada na bolsa de Hong Kong, a China Aoyuan, viu suas ações despencarem 72%, reforçando a situação delicada do setor, que representa em torno de um terço do PIB do país”, observa em nota a Guide Investimentos. 

Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta abertura de semana, destaque para CVC (+5,75%), Weg (+4,61%) e IRB (+2,35%), com Grupo Casas Bahia (-13,24%), Magazine Luiza (-4,02%) e Gol (-3,58%) na fila oposta.

Para a estrategista de inflação da Warren Rena, Andréa Angelo, o IPCA-15 referente a setembro, que será divulgado na manhã desta terça-feira, 26, pelo IBGE, deve trazer variação de 0,37% no mês, comparada a 0,28% em agosto – em 12 meses, a variação acumulada deve ir a 5,02%.

“A aceleração na leitura mensal, entre agosto e setembro, virá do grupo Transportes ao passar de +0,23% em agosto para +1,97% na nossa projeção. O principal destaque neste grupo são os efeitos dos reajustes de diesel e gasolina, do aumento de 1% esperado em automóvel novo, além da alta de 6% na passagem aérea em setembro, revertendo parte da queda do mês anterior (-11,69%)”, acrescenta.

Dólar

O dólar à vista iniciou a semana em alta no mercado doméstico de câmbio, acompanhando a onda de fortalecimento da moeda americana no exterior e o avanço das taxas dos Treasuries. Já castigadas na semana passada pela perspectiva de juros elevados por período prolongado nos EUA, as divisas emergentes, em especial as latino-americanas, e de países produtores de matérias-primas sofrem com notícias negativas do setor imobiliário chinês, o que deprime preços de commodities.

Com sinal positivo desde a abertura dos negócios, a moeda acelerou o ritmo de alta no início da tarde, quando tocou máxima a R$ 4,9750. O dólar perdeu parte do fôlego nas horas finais de negociação e fechou em alta de 0,68%, cotado a R$ 4,9662 – maior valor de fechamento desde o último dia 8. Com o ganho 1,26% na semana passada e o avanço de hoje, a divisa passa a acumular leve valorização em setembro (+0,30%). No ano, a moeda ainda apresenta perdas de 5,94%. 

Para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, o fortalecimento do dólar se dá em meio uma mudança das expectativas em torno da política monetária americana após o comunicado do BC americano e a entrevista do chairman Jerome Powell na semana passada. O mercado já incorpora aos preços dos ativos a possibilidade de que a taxa de juros permaneça em nível elevado por mais tempo nos Estados Unidos, mesmo que não haja uma alta adicional dos FedFunds anos próximos meses.

“Com essa perspectiva nos EUA, o fluxo para emergentes tende a ser menor. E ainda temos a questão da China, que acaba puxando commodities para baixo e tira atratividade da bolsa brasileira. Isso ajuda a impulsionar o dólar no mercado interno”, afirma Velloni, para quem a real magnitude dos problemas no setor imobiliário chinês ainda é uma incógnita e vai seguir assombrando o mercado.

A incorporadora chinesa Evergrande anunciou que está impossibilitada de emitir novos títulos devido a uma investigação sobre uma de suas afiliadas, em um desdobramento que compromete seus planos de reestruturar o equivalente a mais de US$ 300 bilhões em dívidas. E a China Oceanwide Holdings, outra incorporadora, anunciou hoje que sofrerá liquidação pelo tribunal judicial das Bermudas, após falhar em pagar um empréstimo de US$ 175 milhões para um de seus credores. 

Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta ao longo do dia e voltou a superar a linha dos 106,000 pontos, com máxima aos 106,097 pontos, diante da fraqueza do euro. A taxa da T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, subiu mais de 2% superando a casa de 4,54% nas máximas, atingindo o maior nível desde outubro de 2007. 

Para Velloni, da Frente Corretora, com o quadro externo adverso, dúvidas sobre o cumprimento da meta fiscal e manutenção do ritmo de cortes da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual pelo Banco Central, a taxa de câmbio pode voltar a superar o nível de R$ 5,00. “Talvez o BC tenha que adotar uma postura mais cautelosa, porque o diferencial de juros vai diminuir e deixar o real bem menos atrativo”, diz.

À tarde, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,591 bilhão na 4ª semana de setembro. Até a 4ª semana do mês, o superávit acumulado em setembro chega a US$ 7,210 bilhões No ano, o saldo é positivo em US$ 69,615 bilhões.

Juros

Os juros futuros fecharam a segunda-feira em alta firme, contaminados pelo estresse no mercado de Treasuries que reverberou nas curvas globais. O pano de fundo segue sendo a expectativa de juros nos EUA no modo “higher for longer” e suas consequências para a economia mundial, numa semana que tem na agenda a inflação do PCE (sigla em inglês para preços de gastos com consumo) e discursos de vários dirigentes do Federal Reserve

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,570%, de 10,523% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 subiu de 10,24% para 10,30%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,59%, de 10,50%. A taxa do DI para janeiro de 2029 avançou a 11,16% (11,06% na sexta-feira).

É a terceira sessão consecutiva em que a curva local registra aumento da inclinação, acompanhando com grande aderência o comportamento dos yields dos Treasuries. Ou seja, desde a revelação do gráfico de pontos do Fed, com aumento de 50 pontos-base nas medianas para juros nos EUA em 2024 e 2025, na quarta-feira, 20.

A escalada dos Treasuries, mais do que as novidades negativas do setor imobiliário na China, continuou ditando o ritmo das taxas locais, e, aqui, como nos EUA, a liquidez foi menor. A economista-chefe do TC, Marianna Costa, afirma que o feriado do Yom Kippur, celebrado pela comunidade judaica nesta segunda-feira, inibe a liquidez em Wall Street. “Tem grande importância para os participantes do mercado de títulos lá e acaba deixando os preços mais voláteis”, explica.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano subiram durante toda a sessão, renovando máximas à tarde, quando a taxa da T-Note de dez aos alcançou 4,54% e a do T-Bond de 30 anos, 4,67% Na Europa, os retornos dos bônus também avançaram, com a taxa do bund alemão de dez anos tocando, na máxima de 2,873%, o pico desde julho de 2011, pressionada ainda por falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) reforçando que os próprios juros da zona do euro devem permanecer restritivos por tempo prolongado.

Se nem noticiário nem agenda hoje tinham novidades que justificassem tal postura defensiva, o mercado encontra argumentos de sobra no calendário dos próximos dias. “A pergunta que não quer calar é: somente o PCE na sexta poderá arrefecer a curva lá fora no curto prazo?’, questiona o sócio e estrategista de renda fixa e câmbio da Garin Investimentos, Felipe Beckel. Além disso, ao longo da semana haverá uma série de discursos de membros do Federal Reserve.

No Brasil, a agenda da semana também é carregada, sendo amanhã o ponto alto, com a divulgação do IPCA-15 de setembro na sequência da ata do Copom. “O comunicado do Copom foi muito técnico e sucinto. Vai ser interessante ver como o diretores avaliam os dados recentes de inflação mais benignos”, afirma Costa. Vale lembrar que no comunicado o mercado se frustrou com o pouco destaque dado pelos diretores para a melhora da inflação subjacente nas últimas semanas. Para o IPCA-15, a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de 0,37%, de 0,28% em agosto.

Estadão Conteúdo

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