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Brasília

O tempero é a compaixão

Foi no início de 2020, então, época que a pandemia começou a se instalar no país, que Adenilson deu gás ao seu trabalho social

Mayra Dias

16/12/2021 17h53

Fruto de uma iniciativa que nasceu muito antes da pandemia, o ex- ambulante de marmitas do Hospital Universitário de Brasília, Adenilson Cruz, segue com ações que enchem as ruas da capital de afeto e compaixão. “Antes da pandemia eu já me doava em parte, pois oferecia marmitas a quem não tinha condições de comprar“, compartilha o morador do Guará I. Desde essa época, e mesmo tendo vivido o desemprego, o autônomo permanece, diariamente, distribuindo marmitas aos moradores de rua do DF e, neste final de ano, seu objetivo é garantir o mínimo de dignidade alimentar para as ceias dessas pessoas. 

Através da entidade intitulada Instituto Adenilson Cruz, hoje, o autônomo dá vida a uma ideia que vem sendo amadurecida desde 2018. “A intenção, a princípio, era ajudar o maior número de pessoas, levando a elas marmitas preparadas com muito amor e carinho, pois na maioria das vezes aquele alimento era a única refeição do dia. Com isso, eventualmente, à noite, comecei a produzir caldos para entregar a eles“, relembra Adenilson. Ele conta que, o que o fez começar esse tipo de trabalho foi relembrar sua infância. Aos 3 meses de vida, ele foi morar em um lar chamado Menino Jesus, na cidade de Caconde, em São Paulo. “Lá, fui criado com muito carinho e amor, e com isso senti no coração que devia fazer o mesmo pelos outros. Ajudar“, declara. 

Foi no início de 2020, então, época que a pandemia começou a se instalar no país, que Adenilson deu gás ao seu trabalho social. Como ele comenta, neste momento, o número de pessoas sem ter o que comer, morando nas ruas e revirando os lixos, era ainda maior que o de costume. “Procurei então fazer algo para mudar essa história, e surgiu o Instituto Adenilson Cruz“, pontua. “No início, tirei o dinheiro das minhas economias e, posteriormente, comecei a compartilhar entre conhecidos e amigos. Desta forma, passei a receber ajuda, como a do empresário Gilmar Pereira, dono da Rede Caíque Supermercados“, desenvolve Adenilson. 

Logo em seguida, mais pessoas dispostas a ajudar surgiram em seu caminho. “Vieram doações do Seu Antônio da Comercial, Artur na Feira do Produtor, Seu Antônio da Flórida Embalagens, Renato Batista da Imóveis com Café, Ceará Carne de Sol, Clóvis da Nativas Grill, Robeirinho da Primeira Linha, JR Advogados, Eduardo e Wilson do Supermercados Canteiro, Cláudio da Soberano Carnes, Fogos do Batata, Hortência e amigas um grupo de mulheres voluntárias do hospital de base, Leonardo Rangel Advogados do Guará, Cia Toy Brinquedos,Clóvis do Miami Festas, Carlos Henrique, Sr Augusto,Renato Carvalho, dentre outros voluntários“, enumera o brasiliense, fazendo questão de citar cada um dos nomes que o incentivaram nesse processo. 

Desde essa época, ele revela que, cada vez mais, a ideia foi sendo abraçada pelos moradores da cidade. Foi esse retorno, inclusive, que como ele mesmo afirma, fez muitos dos moradores de rua conseguirem um trabalho e, consequentemente, mudarem de vida. “Isso é gratificante e me faz ter a certeza de que estou no caminho certo. Hoje, muitas das pessoas que ajudei contribuem com essa obra, como o Betão, que estava na rua e hoje me ajuda com as atividades“, conta, orgulhoso. 

Um Natal digno 

Mesmo realizando as distribuições todos os dias, ao longo de todo o ano, neste final de dezembro Adenilson pretende intensificar seu trabalho, de modo que as pessoas que contam com o seu serviço tenham o que comer nas festas de fim de ano. Para proporcionar isso a população vulnerável, o autônomo irá realizar uma ceia de Natal beneficente, onde produzirá cerca de 1000 marmitas com sobremesa, suco e alguma lembrancinha, como cobertores, toucas, luvas, agasalhos, barraca ou brinquedos. Junto a isso, ele conta que ainda deseja distribuir cestas básicas. “Para dar vida a essa vontade, contudo, preciso da ajuda de todos. Tenho produzido, diariamente, 400 marmitas“, expõe. 

Para ajudar, basta entrar em contato com o idealizador do Instituto através das redes sociais @institutoadenilsoncruz, WhatsApp (61) 985901592 ou fazer diretamente uma doação em dinheiro para a chave pix 16510373882 (CPF) ou CNPJ 44340277000139. “Estamos recebendo doações em espécie ou em alimentos como arroz, feijão, macarrão, carne, frango, óleo, verduras e legumes, embalagens descartáveis de marmitas e também produtos de limpeza“, pede Adenilson. 

Mas não para por aqui. Os projetos de futuro para a organização a qual deu vida ainda estão nos passos iniciais. O ativista social salienta que o Instituto Adenilson Cruz será registrado como uma instituição sem fins lucrativos, e que, futuramente, irá promover projetos como ressocialização de crianças, jovens, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade e miserabilidade. Os planos também incluem agregar cursos profissionalizantes, encontros, seminários e preparação de capacitação, assim como eventos comemorativos, oferta de serviços voltados para as pessoas em situação de rua, alimentação, e translado em encaminhamento ao acolhimento e reinserção familiar. “Serviço de proteção e atendimento especializado a família e indivíduos em estado de pobreza extrema também é algo que sonho em poder efetivar“, finaliza Adenilson.  

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