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Brasília

Feira da Guariroba está há mais de um ano sem energia

Para garantir a renda, os comerciantes se viram como podem, usando placas solares, geradores de energia e gambiarras

Redação Jornal de Brasília

01/09/2022 8h40

Foto: Divulgação

Marcos Nailton
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Os feirantes que possuem lojas na Feira Permanente da Guariroba em Ceilândia estão há mais de um ano sem energia devido ao não pagamento da conta de luz por parte de uma administração anterior da feira. Em razão desse problema, a atração de novos clientes tem se tornado uma tarefa complicadíssima para quem sobrevive vendendo seus produtos.

Segundo informações dos comerciantes, a energia foi cortada logo após a empresa Neoenergia assumir a distribuição no Distrito Federal, há cerca de um ano e meio, devido a uma dívida que o local tem. Eles informaram que realizaram o pagamento para as antigas gestões da feira, que não chegaram a quitar as dívidas com a companhia de abastecimento.

Enquanto isso, alguns feirantes se viram como podem para garantir um pouco de energia, a partir de geradores movidos a combustível, placas solares e até gambiarras vinda da bateria de carros. Os alimentos que necessitam de refrigeração como carnes e bebidas, acabam sendo mantidos em recipientes com gelo.

De acordo com o comerciante e morador da Guariroba, Pedro Miranda, a redução na venda de seus produtos de roupas e calçados foi prejudicada em cerca de 85% no movimento de clientes. Ele atualmente encontra-se sem energia em seu box, e conta que não tem condições de comprar um gerador.

“Aqui não vende nada, não aparece ninguém. Na minha loja eu já trabalhei com 6 pessoas, hoje eu estou só e minha mulher vem às vezes. Não dou conta de comprar um gerador, tinha gente que usava e gastava cerca de 300 reais por semana de combustível, […] Se fosse só pra eu viver disso aqui eu estava passando fome, ainda bem que tenho a aposentadoria de um salário mínimo, que ajuda a manter”, conta o feirante.

Pedro Miranda destaca que se lembra dos momentos bons da feira, no qual era completamente lotada com movimento nos bares, restaurantes e lojas. “O pessoal vinha pra almoçar, comer uma buchada, tomar uma cervejinha. O tanto que aqui era bom, arrumei muita coisa. Eu não trocava essa feira aqui por feira nenhuma pra trabalhar não, infelizmente hoje está abandonada. Porém estamos na esperança de dar uma melhorada”, conta.

A comerciante Vilani Sousa que trabalha no ramo há 37 anos também destaca os bons momentos que passou na feira da Guariroba. Ela disse ao Jornal de Brasília que foi uma das pioneiras a vir para o local. “Essa feira aqui era uma maravilha, dia de domingo pra a gente passar pra chegar do outro lado dava trabalho, era lotado que ninguém conseguia passar pra lá”. conta.

Segundo a moradora da Ceilândia, a sua banca na feira era a sua única fonte de renda, e que durante os seis primeiros meses da pandemia a situação foi bastante complicada por causa da ausência da sua renda. Vilani Sousa destaca que conseguiu garantir a sua sobrevivência nos momentos mais críticos graças ao auxílio financeiro recebido pelo governo e uma pequena reserva de emergência que ela tinha guardado.

“Estou esperando. A gente depois que fica com certa idade não dá mais para trabalhar fora, eu fazia feira fora, enchia o carro de mercadoria e saia pra trabalhar. Mas hoje isso não é mais possível, […] A gente só quer trabalhar direitinho porque enriquecer a gente não enriquece mais”, destaca Vilani Sousa.

Falta de um transformador para religação

O governo anterior chegou a contratar uma empresa para que cada comerciante tivesse um medidor de energia individual para tentar organizar as dívidas, mas a empresa não chegou a finalizar o serviço. Segundo os feirantes, outra empresa chegou a finalizar o trabalho, mas agora é necessário que a Neoenergia instale um transformador para que o abastecimento seja restabelecido.

O que dizem os envolvidos

O JBr entrou em contato com a Administração de Ceilândia, que informou que a demanda está em processo e que já foi encaminhado o aviso de dispensa da licitação para aquisição do transformador para o Diário Oficial, e que a publicação está prestes a sair.

“Houve exigência da Neoenergia para a instalação de um transformador de energia com potência de carga de 225kva. O processo é para aquisição deste transformador. Tendo em vista a urgência, a fim de sanar a falta de energia, bem como no valor estimado, a aquisição será por meio de Dispensa de Licitação amparada na Lei 14.133/21”, informou em nota.

De acordo com a Neoenergia Brasília, a empresa aguarda a execução do serviço para proceder com a ligação da energia. “A Neoenergia aguarda uma posição da Administração Regional da Ceilândia sobre o orçamento apresentado para o atendimento, tendo em vista que o aumento da carga a ser ligada no momento não pode ser atendida sem a realização da referida obra”, contou em nota.

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