Por Tereza Neuberger
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Um ex-administrador de São Sebastião está entre os alvos de uma megaoperação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), para combater a grilagem de terras na região, deflagrada na manhã desta terça-feira (19). De acordo com as investigações, empresários, agiotas e advogados, também estão entre os investigados.
A operação batizada Non Domino visa desarticular três organizações criminosas atuantes na prática de grilagem de terras em São Sebastião. Desde as 6h desta terça-feira (19) policiais da 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) deram início ao cumprimento de 43 mandados judiciais, entre prisões preventivas, buscas domiciliares, em empresas e em escritórios de advocacia e mandados de monitoramento eletrônico.
Três organizações criminosas foram identificadas durante as investigações, de acordo com a PCDF. Duas delas são lideradas por empresários e agiotas que atuam desde 2017 na prática clandestina de invasão e parcelamento do solo urbano em São Sebastião.
“Tão grave quanto a atuação dos grileiros, são os indicativos de que os líderes recebiam apoio de agentes públicos, os quais, em vez de cuidarem do interesse público, perverteram os valores que deveriam ser protegidos”, destacou o delegado-chefe adjunto da 30ª DP, Ulysses Luz.
Os lucros obtidos com a prática, de acordo com a apuração, são milionários. Os grupos teriam movimentado cerca de R$ 20 milhões com a atividade ilegal. As investigações apontam também um complexo esquema de lavagem de dinheiro para ocultar um vasto patrimônio adquirido ilicitamente. Os criminosos também chegaram a montar um falso cartório em São Sebastião a fim de emitir os documentos falsos. Após parcelarem as terras, os criminosos as vendiam por meio de contratos de Cessão de Direito, normalmente com firma reconhecida.
Os suspeitos utilizavam, principalmente, de laranjas para camuflar a origem criminosa das quantias ilícitas de dinheiro. Um cobrador de ônibus de uma companhia local, teria sido um dos laranjas da organização e recebeu em sua conta milhões de reais nos últimos anos. Empresas fantasmas também teriam sido utilizadas para dissimular a origem dos valores, entre elas estão agências de veículos, academias e lojas de material de construção.
De acordo com a PCDF os envolvidos são investigados por organização criminosa, lavagem de dinheiro, parcelamento irregular do solo urbano e crimes ambientais. Além da Polícia Civil (PCDF), divisões de Operações Especiais (DOE) e de Operações Aéreas (DOA) também estão ajudando a cumprir os mandados.