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Brasília

Estudantes da UnB fazem manifestação contra estupro ocorrido em campus

Centenas de estudantes ocuparam a Reitoria da universidade para protestar contra o estupro de uma jovem de 18 anos, na última sexta (08)

Redação Jornal de Brasília

11/07/2022 17h50

Foto: Gabriel de Sousa / Jornal de Brasília

Gabriel de Sousa
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Em resposta ao caso de estupro sofrido por uma estudante de 18 anos, que ocorreu na noite desta sexta-feira (8), centenas de estudantes da Universidade de Brasília (UnB) realizaram, no ínicio da tarde desta segunda-feira (11), uma manifestação pedindo por mais segurança, iluminação e câmeras pelo campus Darcy Ribeiro, localizado na Asa Norte. Segundo os universitários, em apenas um mês de aulas presenciais, três mulheres já foram vítimas de crimes sexuais na instituição.

Os estudantes se reuniram às meio-dia no Instituto Central de Ciências (ICC), e às 13h, partiram em direção à Reitoria da UnB, com cartazes que destacavam a necessidade de haver mais segurança para as mulheres que estudam no campus. Ao adentrar no prédio administrativo da instituição, os universitários exigiram posicionamentos da reitora, Márcia Abrahão Moura, e do vice-reitor, Enrique Huelva, mas ambos não estavam em Brasília.

A estudante de 18 anos foi vítima de um estupro em um local escuro e pouco movimentado, sendo atacada por volta das 20 horas, enquanto realizava um percurso de menos de um quilômetro, saindo do Restaurante Universitário (RU), onde havia se alimentado, até a sua sala de aula.

Veja fotos do ato:

O criminoso chegou por trás, rendendo-a com um canivete e cometendo o ato sexual em um local ermo, próximo do local. Quando outros três universitários avistaram o crime, o acusado interrompeu o assédio e a jovem conseguiu se desvencilhar e fugir, denunciando o ocorrido para um professor que acionou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

Estudantes exigem um basta nos assédios

A manifestação desta segunda-feira (11), chamada “Não Aguentamos Mais”, foi organizada pelo Diretório Central dos Estudantes da UnB (DCE/UnB), e contou com a participação de diversos centros acadêmicos e coletivos estudantis, além da presença de professores e servidores da universidade.

No início do ato, diversas lideranças femininas discursaram em um megafone pedindo por mais segurança nos prédios acadêmicos, e destacando a recorrência de casos de assédio cometidos na UnB. Um dos pronunciamentos que mais inflamaram os universitários foi feito pela pré-candidata a deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Dani Sanchez, que destacou a recorrência dos crimes contra as mulheres nos espaços da instituição. “Não são nem 900 metros do RU para a sala de aula. Isso não é uma novidade na UnB, nós já tivemos mulheres assassinadas aqui dentro”, disse.

Em outra fala, uma das representantes do DCE, Sofia Cartaxo, destacou para os presentes que os recentes casos de assédio fazem com que as mulheres tendem a temer pela sua própria vida ao circular pelo campus. Cartaxo também destacou que, após o caso de estupro, a manifestação foi organizada como uma forma de protestar contra uma universidade que é “pintada pelo sangue” das estudantes que são vítimas de crimes.

“É por isso que nós estamos aqui, não é sobre só um caso, não é sobre só uma aluna, não é somente por só uma denúncia. É porque a gente está em uma universidade que era para ser nossa, só que na verdade essa universidade nunca foi nossa, porque fazemos parte de um projeto de desmonte que nos tira a educação, nos tira o acesso, nos tira a qualidade e nos tira a nossa segurança, e nos coloca em um lugar de temer a nossa própria vida”, disse.

Ato foi o maior desde o início da pandemia

O ato desta segunda-feira (11) foi o maior já ocorrido na UnB desde o início da pandemia de covid-19 no Distrito Federal. Segundo Luísa Valadares, integrante do Centro Acadêmico de Direito (CADIR) e uma das lideranças do protesto, o evento mostrou a força das mulheres da universidade, que não aguentam mais presenciar os casos de violência sexual.

“Eu acho que esse ato foi muito importante para mostrar a força das estudantes da Universidade de Brasília. Foi o maior ato que a gente teve desde o começo da pandemia aqui na UnB, e por uma pauta que é fundamental para nós, que é a segurança”, afirma a estudante.

A militante conta que foi realizada uma comissão que pretende dialogar com a Reitoria e apresentar as pretensões da comunidade estudantil. Entre os anseios, estão o aprimoramento da segurança, a implantação do maior número de câmeras de segurança, a ocupação de locais ermos e a contratação de mais vigilantes terceirizados.

Homem se apresentou como responsável pelo crime, diz UnB

Em uma nota enviada para a equipe de reportagem do Jornal de Brasília, a Secretaria de Comunicação da UnB informou que, neste último sábado (9), um homem se apresentou à universidade, se identificando como o acusado pelo crime de estupro. O indivíduo apresentou uma versão que diverge da relatada pela vítima e foi conduzido para a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher da Asa Sul (DEAM-I).

A UnB também informa que a prefeitura da instituição entregou para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) materiais essenciais para o prosseguimento das investigações. Segundo a Universidade, foram enviadas imagens de câmeras de segurança que captaram a estudante saindo do RU e sendo acompanhada por um homem que corresponde às descrições feitas pela mesma.

“A UnB espera que o caso seja elucidado com a maior brevidade possível. A UnB permanece à disposição da Polícia Civil para qualquer esclarecimento adicional e continuará trabalhando para proporcionar um ambiente mais seguro para a comunidade universitária”, conclui a instituição.

Procurada, a PCDF informou que, por se tratar de um crime que envolve a intimidade da vítima, não poderia informar sobre novas atualizações da investigação do crime de estupro. Já a UnB diz que está dando todo o apoio necessário à vítima, em conjunto com docentes e as equipes de saúde e de segurança.

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