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Brasília

Educação que ultrapassa fronteiras

Programa de educação bilíngue incentiva alunos a sonharem alto

Mayra Dias

03/09/2021 20h02

Foto: Álvaro Henrique/Ascom/SEEDF

É com o intuito de provar aos alunos da rede pública que o estudo pode levar à concretização de sonhos que, desde 2019, o Projeto Escolas Interculturais Bilíngues está funcionando em três instituições de ensino do Distrito Federal. O programa da secretaria, com apoio do Escritório Internacional do GDF, proporciona aos estudantes do Ensino Médio a educação bilíngue, com aulas de línguas estrangeiras em contraturno. “Eles têm três aulas na língua alvo, e aprendem não apenas a língua, mas também a cultura daquele país”, diz David Nogueira, idealizador das atividades.

Instalado no Centro de Ensino Médio 3 de Taguatinga, no Centro Educacional do Lago Norte e no do Lago Sul, o projeto proporciona uma parceria entre os colégios e a embaixada relacionada à língua que será ofertada na escola. A unidade de Taguatinga, portanto, tem parceria com a embaixada da Espanha, assim como as instituições do Lago Norte e Lago Sul têm, respectivamente, apoio das Embaixada da França e da Casa Thomas Jefferson. “O projeto é muito importante porque abre uma oportunidade para estudantes de escolas públicas terem um aprendizado eficaz de uma segunda língua, propiciando-os um grande número de possibilidades de aprendizagens e posteriormente, de empregos”, pontua David que, hoje, é gerente de Educação Ambiental, Patrimonial, Língua Estrangeira e Arte- Educação.

Conforme destaca o criador do Programa, as escolas têm mostrado um bom resultado, além de grande amadurecimento. “O retorno tem sido excelente. Os alunos têm atingido proficiência na língua, tem se interessado pela cultura dos países, e sentimos que esse projeto também resgatou a auto estima de muitos deles”, declara. De acordo com ele, o Escolas Interculturais Bilíngues é uma ferramenta importante, que abre oportunidade para estudantes de escolas públicas terem um aprendizado eficaz de uma segunda língua.

“Garante um leque de caminhos para a sua inserção em um mundo que, cada vez mais, mostra a necessidade de que se saiba línguas e culturas diferentes”, ressalta David. Para contemplar o programa, o gerente esclarece que são escolhidas escolas do Ensino Médio que funcionam em tempo integral. “Isso porque, na passagem do 9 ano para a primeira série, sempre há uma grande evasão. O objetivo, então, é fortalecer o Ensino Médio para que os estudantes tivessem um estímulo a mais para terminá-lo”, explicou. A questão de escolher escolas que funcionem em período integral, foi porque, como expõe o gestor, facilita a implementação do projeto. Os professores são todos da Secretaria de Educação e recebem preparação das embaixadas.

Frutos que estimulam

Na última semana, o programa foi presenteado com uma conquista importantíssima para incentivar ainda mais os alunos participantes a permanecerem com os estudos. Aos 18 anos, Daniel Arruda, aluno do Centro de Ensino Médio 3 de Taguatinga, recebeu a notícia de que havia ganhado uma bolsa de estudos na Espanha. Escolhido pelo destaque no desempenho das aulas do projeto bilíngue, o jovem irá estudar Engenharia Civil na Universidad de Jaén. “A Bolsa apareceu para mim através do Projeto Escola Bilíngue. A Embaixada ofereceu uma bolsa de estudos para o aluno que se encaixasse nos pré-requisitos que a universidade exigia, e a escola me indicou”, conta o rapaz.

Daniel manifesta que, a princípio, estudar fora não passava pela sua cabeça, devido aos custos e pela falta de oportunidades. “Minha meta era passar na Federal aqui no Brasil, mas quando surgiu a oportunidade de estudar fora, eu agarrei. Era um sonho, então me dediquei muito com o idioma e com os conteúdos necessários”, compartilha, orgulhoso. Antônio de Lélis, diretor da escola onde o aluno se formou, conta que Daniel sempre foi muito dedicado aos estudos, se fazendo presente, responsável e curioso.

Conquistas como a do estudante do CEM 3 de Taguatinga são, como destaca David Nogueira, extremamente significativas, tanto para o aperfeiçoamento do projeto, quanto para os demais alunos das escolas públicas. “A bolsa do Daniel significa muito, pois é um estímulo a mais para os estudantes que estão nessas unidades. É importante para mostrar a eles que a escola pode ser um caminho para uma vida melhor, para a realização de sonhos, que isso é possível, é uma realidade”, defende o gerente.

Quanto ao futuro do Escolas Interculturais Bilíngues, seu idealizador é enfático ao garantir que, em um futuro próximo, este estará sendo aplicado em mais escolas do DF. “O projeto começou em agosto de 2019 com o Centro Educacional do Lago Norte, que atende estudantes do Paranoá e Varjão, e pretendemos expandi-lo”, anuncia. Segundo David, o advento da pandemia do novo Coronavírus freou esse processo, que já vinha sendo discutido. “Achamos mais prudente esperar, pois precisamos ir até as escolas, conversar com os professores, ver se eles querem fazer parte do projeto. Mas agora, com o retorno das atividades presenciais, nosso intuito é retomar com a pauta”, finaliza. Durante o período de distanciamento social imposto pela pandemia do covid-19, as atividades seguiram remotas e por meio de material impresso.

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