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Brasília

CPI: diretor da PCDF afirma que bolsonaristas cogitaram colocar explosivos no viaduto da Rodoviária do Plano Piloto

O objetivo dos bolsonaristas era colocar explosivos em áreas consideradas estratégicas na cidade e, assim, “causar o caos”

Mayra Dias

17/08/2023 18h06

Foto por Maria Eduarda Fava

Seguindo o cronograma de depoimentos para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta quinta-feira (17) foi a vez do diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Leonardo de Castro Cardoso ser ouvido pelos parlamentares. No encontro, ele afirmou que bolsonaristas cogitaram colocar explosivos no viaduto da Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, entre o fim do ano passado e o início deste ano.

Conforme pontuou Castro, a informação foi dada por Armando Valentin Settini Lopes de Andrade, alvo de uma denúncia anônima por planos de explodir subestações de energia na capital. “Ele disse que foi cogitado entre os organizadores [do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília]. O que eu posso acrescentar é que isso também constou em alguns outros depoimentos”, revelou Leonardo, citando os depoimentos de George Washington e Alan Diego.

Em depoimento à polícia, Armando Valentim contou que o objetivo dos bolsonaristas era colocar explosivos em áreas consideradas estratégicas na cidade e, assim, “causar o caos”, provocando uma intervenção militar.

Denúncia

Conforme apresentou Leonardo, na quinta-feira que antecedeu os atos do dia 8 de janeiro, a polícia recebeu uma denúncia anônima. Nela, segundo o depoente, constava que havia um planejamento de colocação de explosivos ou de incendiar veículos em subestações de energia do DF. Como explicou Castro, o objetivo era provocar uma interrupção na área central de Brasília. “Foi citado o nome e o veículo do Armando Valentim. Já nas apurações preliminares, ficamos convictos que podia acontecer algo, porque ele realmente usava aquele veículo e a descrição dele batia”, elucidou Leonardo.

Armando Valentim foi preso no próprio dia 8, após invadir prédios das sedes dos Poderes Públicos. Ele, segundo Leonardo, confirmou que participou das manifestações e que frequentou o acampamento durante 40 dias. “Participou de reuniões entre organizadores e ganhou confiança deles”, acrescentou o delegado.

Prisão de golpistas

Aos deputados, Leonardo de Castro contou ainda que dos 155 presos que foram autuados pela Decor, no dia dos atos antidemocráticos, o responsável pelo interrogatório de alguns foi ele. Segundo o investigador da PCDF, entre os principais motivos apresentados pelas pessoas para participar dos atos terroristas, estavam o desejo pela intervenção militar, a crença em que um “governo corrupto” assumiria o poder e o fato de não acreditarem nos resultados das urnas.

Em seu depoimento, o diretor do departamento de combate à corrupção e ao crime organizado revelou ainda que os golpistas presos pela corporação no dia 8 de janeiro foram autuados pelo crime de tentativa de golpe de estado. A declaração do policial contradiz a narrativa defendida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro de que os manifestantes apenas faziam um protesto pacífico. “A grande maioria foi autuada pelo crime do artigo 359M do código penal, que tipifica o crime de tentativa de golpe de estado”, afirmou o diretor aos deputados integrantes da CPI. Segundo ele, havia jovens, idosos, pessoas de baixa e alta renda, e de vários estados. “Mas nós avaliamos os fatos, e não as pessoas”, explicou Leonardo de Castro.

Esta foi a 21º reunião da Comissão e, como de costume, teve início às 10h. Leonardo compartilhou sua perspectiva sobre os acontecimentos do dia 8 de janeiro e, levou aos deputados, subsídios relativos às investigações realizadas dos atos golpistas, pela PCDF, que foi a primeira instituição a realizar prisões, além de ter sido responsável pelo início das investigações. Logo depois, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, encaminhou as obrigações à Polícia Federal. O delegado também foi responsável pela investigação da tentativa de atentado com bomba no Aeroporto de Brasília na véspera do Natal de 2022.

Em junho, Leonardo foi ouvido na CPI dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional. Na ocasião, o investigador informou detalhes sobre as investigações da tentativa do atentado na capital e da invasão à sede da Polícia Federal, em 12 de dezembro. De acordo com o delegado, o atentado estava conectado com a tentativa de invasão à sede da corporação.

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