Willian Matos e Lucas Neiva
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A ocupação de leitos de UTI para pacientes com covid-19 segue alta no Distrito Federal. A última atualização da Secretaria de Saúde, feita às 8h10 desta quarta-feira (10), mostra que há apenas um leito com suporte de ventilação mecânica disponível para adultos.
Este leito disponível está no Hospital de Campanha da Polícia Militar. Quanto à UTI Neonatal, há nove leitos disponíveis, sendo cinco no Hospital da Criança de Brasília (HCB) e quatro no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
Na rede pública, a atual taxa de ocupação geral é de 96,48%. 181 pessoas (a maioria adultos) estão na fila à espera de leitos.
Já nos hospitais particulares, a taxa é de 86,03%, aponta a última atualização, feita às 7h10. O Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, possui 29 leitos para adulto disponíveis; no Hospital Santa Lúcia, há seis vagas; Anna Nery, Santa Helena e São Francisco têm um cada.
Hospitais de campanha
Diante da situação extremamente grave, o GDF prepara a instalação de três hospitais de campanha no DF. Eles ficarão nos hospitais regionais de Gama e Santa Maria e no Ginásio Nilson Nelson. Cada um terá 100 leitos, totalizando mais 300 vagas para pacientes locais e do Entorno. A previsão é de que fiquem prontos em 15 dias.
Na última segunda (8), o governador Ibaneis Rocha anunciou a liberação de R$ 36 milhões para que os hospitais sejam erguidos. “Vamos reforçar atendimento na saída sul, no Gama e Santa Maria, porque continuamos a receber muitos pacientes do Entorno”, citou.
As novas unidades vão se somar ao hospital de campanha de Ceilândia, inaugurado em janeiro após meses de atraso. A unidade do Mané Garrincha, instalada e desmontada no ano passado, não deve ser reativada, uma vez que os equipamentos foram realocados em outros hospitais.
Isolamento? Que isolamento?
De acordo com o levantamento diário feito pela empresa In Loco, o Distrito Federal atualmente possui um índice de isolamento social de 37,5%, ocupando a posição de quarto estado com menor respeito ao isolamento social no Brasil. Médicos apontam que a taxa ideal é de, no mínimo, 65%.
Esta posição chamou a atenção dos epidemiologistas da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB). O epidemiologista e pesquisador da Sala de Situação Jonas Lotufo acredita que não há um número exato para o índice, mas 37,5% certamente não é um valor desejado. “Eu diria que um número geral razoável seria por volta de 80%”, alega.
Para escapar do colapso no sistema de saúde, o epidemiologista alerta que é necessário que tanto a população quanto o governo reforcem suas medidas de isolamento. “O cenário atual é de limite da sobrecarga dos serviços de saúde. Então o ideal seria um isolamento muito radical por 15 dias com aumento da testagem e aumento das ações de fiscalização e orientação de biossegurança para que depois desse período a gente sinta o impacto no sistema de saúde e possa adotar um protocolo mais adequado para evitar outro aumento no número de casos”, recomenda.