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Torcida

O Natal do flamenguista

Considerado o deus dos rubro-negros, Zico completa hoje 70 anos de idade

Thiago Henrique de Morais

03/03/2023 9h52

Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Para alguns, 3 de março é um dia comum no calendário. Mas para mais de 40 milhões de brasileiros, especialmente flamenguistas, a data é um tanto quanto simbólica. Trata-se do dia de aniversário de Arthur Antunes Coimbra, ou simplesmente Zico. Alguns chegam a dizer, inclusive, que é o Natal, um dia sagrado para os torcedores do time mais popular do Brasil. E hoje, um dia mais do que especial: Zico completa 70 anos de idade.

A idolatria a Zico é exercida por todos os rubro-negros. Tudo que ele fala, a torcida acaba acatando. O caso mais recente foi um pedido do eterno craque para parar os insultos a Pelé e Maradona em uma das canções entoadas pela torcida. E se ‘deus’ manda, os seus seguidores o obedecem. Houve mudança da letra preconceituosa para outra enaltecendo outros ‘semi-deuses’, no caso Adriano Imperador e Gabriel Barbosa. Gabi, inclusive, começou a vestir a camisa 10 do Flamengo após uma bênção de Zico.

As festividades foram iniciadas já há alguns dias. Durante o Carnaval do Rio de Janeiro, Zico foi homenageado pelo bloco Fla Master, na orla da Barra da Tijuca. Ao lado de amigos e familiares, o Galinho deu atenção a diversos fãs que aproveitavam a folia. “É muito gratificante poder receber a todos aqui porque isso é um legado que a gente deixa. Uma resposta de que valeu a pena todo o esforço e sacrifício”, disse na ocasião.

Na última terça-feira, antes do jogo de volta da Recopa Sul-Americana, a torcida rubro-negra fez um mosaico com a mensagem “70 anos Zico”, além de cânticos de parabéns. O telão do Maracanã também estampou uma homenagem ao craque rubro-negro. “Só tenho a agradecer por tudo que tem acontecido na minha vida, ao Flamengo por abrir as portas e me dar oportunidade de ter grandes conquistas pelo meu clube do coração. Ver essa galera feliz era o mais importante. Vim aqui para trazer energias positivas em busca de mais uma vitória”, disse Zico à FlaTV. O presente só não foi maior em função da derrota do Flamengo, nos pênaltis, para o Independiente Del Valle.

Origem

Nascido no Rio de Janeiro, Zico (apelido que ganhou de uma prima) teve seus primeiros passos no futebol no bairro de Quintino Bocaiuva, na zona norte do Rio de Janeiro, aliado ao River FC, do bairro de Piedade, onde deus seus primeiros dribles no futsal antes de ir para os gramados. Graças ao radialista Celso Garcia, amigo da família, que o viu marcar dez gols em um torneio, o então garoto de 14 anos foi encaminhado para o Flamengo.

Quando chegou ao clube, logo foi apelidado de Galinho, em função de sua baixa estatura e por ter um porte físico bem franzino. Passados os anos, ficou conhecido como Galinho de Quintino, em referência ao seu bairro de origem. Uma das alcunhas do que viria a ser o maior ídolo dos rubro-negros.

Referência da camisa 10 do Flamengo, Zico, entretanto, estreou com a 9. E nada melhor do que um clássico para colocá-lo em prova. No dia 29 de julho de 1971, uma quarta-feira à noite, ele foi escalado por Fleitas Solich na ponta-direita e ajudou o rubro-negro a vencer o Vasco por 2 a 1, em jogo válido pelas semifinais da Taça Guanabara, com direito a uma assistência do primeiro gol, marcado por Nei, logo no início da partida. Era o início da história.

Mas foi somente dez anos mais tarde que ele conseguiu conquistar os seus maiores feitos com a camisa do Flamengo, que geraram o título de deus dos rubro-negros. Conquistou a Libertadores e o Mundial de Clubes, em 1981, além de três campeonatos brasileiros (1980, 1982 e 1983), e seis Cariocas. Em sua primeira passagem pelo clube, Zico marcou nada menos do que 476 gols, uma média de 0,75 gol por partida. Para se ter uma ideia da importância da marca, Dida – curiosamente o maior ídolo do Galinho de Quintino – é o segundo maior artilheiro do Flamengo, com 264 gols. Zico ainda faria outros 33 gols entre os anos de 1985 a 1990, na segunda passagem pelo clube.

O aniversariante do dia também marcou a sua idolatria na Udinese, da Itália, clube no qual vendido por 4 milhões de dólares à época. Lá, ele jogou 50 partidas por duas temporadas e marcou 30 gols, mas longe de almejar os títulos. Em função da falta de competitividade do time italiano no Nacional, o jogador decidiu voltar ao rubro-negro, após um forte investimento de patrocinadores.

Mas não foi da forma que ele sonhava. Os poucos gols marcados em sua passagem tem um motivo: a falta desleal desferida por Márcio Nunes, em uma partida contra o Bangu, que resultou em torções nos dois joelhos e no tornozelo esquerdo, além de uma contusão na cabeça do perônio esquerdo e profundas escoriações na perna direita, tendo que passar por três cirurgias.

Depois que deixou o Flamengo, jogou no futebol japonês, dando início à profissionalização do esporte naquele país. Assim como no Flamengo e na Udinese, ele também é ídolo no Kashima Antlers, clube no qual atualmente trabalha como diretor-técnico.

Foto: Divulgação

Seleção

Assim como no Flamengo, Zico também possui bons números com a camisa amarela, com 66 gols em 89 partidas – o quinto maior goleador da história da seleção. Contudo, a falta de títulos fez com que ele fosse menosprezado, principalmente por torcedores de outros times.

O meia jogou três Copas do Mundo. A primeira, em 1978, quando acabou com a terceira colocação. Depois, esteve em 1982, em um dos times mais emblemáticos da história do Brasil, que acabou derrotado pela Itália; e em 1986, onde acabou sendo crucificado por perder um pênalti durante o tempo normal contra a França. Para muitos, ele só não está em outro patamar em função do erro. Algo mais do que injusto.

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