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Saúde

Pesquisa em Brasília indica eficácia de Canabidiol para tratamento de epilepsia infantil

Cada medicamento a ser usado no Brasil precisa ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Redação Jornal de Brasília

12/08/2022 20h59

Henrique Sucena
(Jornal de Brasília / Agência de Notícias CEUB)

Um estudo feito pelas formandas em biomedicina Ana Carolina Guimarães e Natasha Soares , orientadas pela professora Jacqueline Moser, do Centro Universitário de Brasília (Ceub), demonstrou uma maior eficácia no tratamento de epilepsia no meio pediátrico por meio do Cannabidiol (CBD). O trabalho das alunas busca combater o preconceito contra o produto e outros derivados da planta Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha. Mesmo útil para o tratamento de diferentes doenças, a Cannabis e seus derivados são alvos de preconceito. Cada medicamento a ser usado no Brasil precisa ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Preconceito contra o uso de CBD

Sobre esse preconceito, as pesquisadoras afirmam que o primeiro passo para combater qualquer tipo de estigma é a conscientização do problema existente e o estudo de informações mais aprofundadas sobre o assunto. A Cannabis medicinal tem a capacidade de combater diversas doenças que afligem uma grande parcela da sociedade brasileira, sejam elas crônicas ou agudas, que geram um declínio de sua qualidade de vida e consequentemente, dos familiares envolvidos.

¨Essa parcela de brasileiros poderia se beneficiar do tratamento com Canabidiol, por isso a importância de se informar sobre a substância, seus efeitos farmacológicos¨, disse Ana Carolina Guimarães.

As duas estudantes acreditam que é importante que pesquisas clínicas nacionais sejam feitas, mostrando assim o valor da medicina brasileira, e que seja realizada uma implementação de estratégias públicas para a maior globalização do assunto científico em diversos âmbitos da sociedade brasileira.

Essa maior conscientização sobre o tema faria com que as pessoas ficassem cientes da eficácia e segurança do produto e que ele pudesse se tornar mais acessível para pessoas de todas as classes sociais que possam precisar para tratamentos.

Como receber o tratamento no Brasil?

É possível atualmente encontrar tratamentos medicinais com o uso do CBD para doenças como epilepsia, depressão, dores, autismo, Alzheimer, câncer, transtornos de ansiedade e outras. De acordo com as pesquisadoras, isso se deve ao avanço das pesquisas e uma conscientização mais profunda da sociedade em relação ao assunto, mas para que isso ocorra de forma completamente legal no nosso país, é preciso passar por diversos processos médicos e etapas judiciais para se conseguir o uso medicinal legalizado.

A diferença para o THC

Tanto o canabidiol quanto o tetrahidrocanabinol (THC) são substâncias químicas encontradas na planta Cannabis sativa, sendo assim considerados canabinóides. As estudantes explicam, porém, que existem particularidades entre os dois. O THC é o único dos canabinóides capaz de causar dependência química, tendo em si propriedades psicotrópicas e alucinógenas. Isso se deve ao fato da substância agir nos receptores CB1 do sistema nervoso central. Apesar do risco relacionado ao uso excessivo, é importante lembrar que o THC tem forte potencial medicinal, sendo uma substância antiemética, analgésica e estimulante de apetite.

O CBD por sua vez age modulando receptores CB2 do sistema Endocanabinóide encontrados no sistema imunológico, por isso os seus efeitos têm extrema importância clínica. O canabidiol é uma substância ansiolítica, antipsicótica, anticonvulsivante e desprovida da irresponsabilidade por abuso, por isso o THC, quando usado para fins medicinais, deve ser combinado em pequenas concentrações com o CBD para amenizar possíveis efeitos de dependência.

Como alcançar a legalização

Por meio de diversos estudos e pesquisas científicas foram comprovados benefícios para a legalização do uso medicinal. Os Estados Unidos são um dos países mais avançados no que diz respeito à regularização da substância para tratamentos, sendo legal o uso em 37 dos 50 estados do país, além do Distrito de Colúmbia. O país norte-americano conta com regras efetivas e permite o consumo da planta em suas mais variadas formas, mediante prescrição médica.

“Um amplo estudo publicado na revista The Lancet Psychiatry analisou dados de 1,1 milhão de americanos de até 24 anos e concluiu que a legalização da droga com o propósito medicinal não influencia o consumo recreativo dessa faixa etária.”

Tendo essa pesquisa em mente, Ana Carolina e Natasha consideram que para isso ser feito no Brasil, seja necessário o incentivo de pesquisas clínicas nacionais, além da conscientização da população, da descriminalização e estratégias públicas para que o medicamento seja acessado por todas as classes sociais.

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