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Política & Poder

Tebet: Ata do Banco Central me agradou, enquanto comunicado me assustou

Para a ministra, a diferença de tom entre os dois documentos provocou um “ruído e um estresse desnecessário” ao País

Redação Jornal de Brasília

27/06/2023 20h29

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, voltou a diferenciar nesta terça-feira, 27, as mensagens que, em sua avaliação, o comunicado e a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) transmitiram ao mercado nos últimos dias. Para a ministra, a diferença de tom entre os dois documentos provocou um “ruído e um estresse desnecessário” ao País. Tebet lembrou novamente que votou pela autonomia do Banco Central e que teria “liberdade” de fazer tal avaliação.

“Eu lamento o estresse que o Banco Central esteja provocando no Brasil. É um órgão técnico, sou a favor da autonomia, votei pela autonomia, votei no Roberto Campos Neto, presidente do BC, então tenho liberdade de dizer que está causando ruído e estresse desnecessário”, disse a ministra ao ser questionada pela imprensa durante evento do PPA Participativo em Brasília. Tebet afirmou que o comunicado da última quarta-feira, 21, foi “muito duro com o País” e mostrou “miopia” do BC, enquanto a ata apresenta a “realidade” do Brasil e das realizações do governo.

Na manhã desta terça-feira, o Banco Central divulgou a ata da mais recente reunião de política monetária. O documento deixou a porta aberta para um corte de juros em agosto, apenas seis dias depois de o comunicado da reunião não ter sinalizado, na visão de analistas, um afrouxamento monetário no curto prazo.

Segundo a ministra, enquanto a ata lhe “agradou”, o comunicado divulgado na semana passada a “assustou”. Em sua avaliação, o comunicado deu a entender que o BC só discutiria a possibilidade de queda na taxa de juros a partir do ano que vem, considerando uma hipótese de que a inflação tende a dar “ligeira acelerada” no segundo semestre. Para Tebet, não é possível comparar a atual realidade brasileira, com juro real que “passa de 9%”, com o cenário do ano passado, quando o BC aumentou a Selic a 13,75%.

“Não é possível que dentro de realidades tão distintas continuaríamos a discutir taxas de juros a partir do ano que vem numa hipótese de que inflação tende a dar uma ligeira acelerada no segundo semestre. A realidade do ano passado é diferente porque também tinha uma crise institucional”, afirmou a ministra, para quem não seria possível entender a “esquizofrenia” do comunicado.

Ela ainda ressaltou a divergência interna do comitê revelada pela ata divulgada nesta terça. “A ata mostrou inclusive que já há divergência interna no Banco Central e no sentido de já ter uma grande parte de diretores entendendo que os juros podem começar a cair no segundo semestre, que é o que nós realmente acreditamos e esperamos”, disse.

Estadão conteúdo

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