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Política & Poder

Representante da Precisa se contradiz sobre datas de envio de invoice ao Ministério da Saúde

Vídeo registrado no dia 22 de março mostra Emanuela Medrades dizendo que, na quinta-feira anterior, que seria dia 18, enviou as invoices à pasta. Hoje, para a CPI, depoente dá outra versão

Willian Matos

14/07/2021 12h06

Foto: Pedro França/Agência Senado

A diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, se contradisse sobre as datas de envio das invoices (notas fiscais internacionais) do contrato da Covaxin ao Ministério da Saúde. Há versões de que as notas foram enviadas no dia 18 de março, bem como existem declarações de que elas foram enviadas no dia 22 do mesmo mês.

Emanuela, que presta depoimento à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (14), disse que enviou as invoices no dia 22. A comissão, no entanto, transmitiu vídeo gravado pela diretora no dia 23 de março. Na gravação, ela fala: “Inclusive, nas quinta-feira passada nós fizemos o pedido, encaminhamos as invoices, alguns documentos, temos alguns documentos para serem retransmitidos ao pessoal do Dimpe [setor no Ministério da Saúde] e estão super solícitos nos atendendo de uma forma pensando realmente na urgência que o assunto demanda”. Ao citar “quinta-feira passada”, Emanuela se referia ao dia 18 de março.

Após o vídeo, a diretora-executiva disse que não foi “detalhista”. Disse também que não enviou invoices no dia 18. A declaração confronta a versão do consultor técnico da Opas no Ministério da Saúde, William Santana. Em depoimento à CPI na última sexta (9), William disse que as notas foram enviadas em um link de dropbox no dia 18, e não no dia 22.

Emanuela assegura que William e o chefe dele, o servidor Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado federal Luis Miranda, estão errados. Ela diz ter provado que não enviou invoices no dia 18 e vai além ao se colocar à disposição para uma acareação com os dois.

“Eu provei e provo mais uma vez que a invoice só foi enviada no dia 22 e eu desafio o William Amorim e o Luis Ricardo a provarem também que eles receberam no dia 18, porque eles não vão conseguir. Então, estou disposta, inclusive, a fazer uma acareação junto com as informações que eles passaram e com os fatos, se é que eles têm.”

Entenda por que as datas fazem diferença

As datas de envio destas invoices são estudadas pela CPI da Pandemia porque o deputado Luis Miranda denunciou recentemente que a compra da Covaxin estaria ocorrendo sob fraudes. Luis Miranda teria avisado o presidente Jair Bolsonaro do caso, e Bolsonaro teria evitado procurar a Polícia Federal para fazer a denúncia.

Para embasar sua denúncia, Luis Miranda usou a primeira invoice recebida pelo Ministério da Saúde no dia 18 de março. Ao todo, foram três invoices enviadas por Emanuela Medrades ao Ministério. O consultor William Santana disse à CPI que as invoices continham muitos e que Emanuela não teria corrigido informações sobre pagamento.

De acordo com o consultor, foram três invoices. A primeira, recebida por William no dia 18 de março, continha, além de diversos erros de ortografia, um equívoco em relação ao pagamento. A nota fiscal dizia que o pagamento a ser feito pelo Ministério da Saúde em favor da Precisa Medicamentos deveria ser antecipado. O consultor ligou para Emanuela e alertou que, de acordo com o contrato, o pagamento só deveria ser feito mediante recebimento do primeiro lote de doses da Covaxin.

Segundo William, Emanuela se mostrava prestativa para corrigir os erros, mas ao reenviar a invoice, não alterou o equívoco referente ao pagamento. O consultor, então, devolveu, desta vez por e-mail, a segunda invoice. Emanuela respondeu com uma terceira nota, e esta ainda continha o mesmo erro.

Para o relator Renan Calheiros (MDB-AL), não se tratou de erro, mas, sim, de um “golpe”. Calheiros insinuou, no dia do depoimento de William, que haveria pessoas a fim de lucrar com a venda da Covaxin, uma vez que as doses foram as mais caras já negociadas pelo governo federal. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi além, dizendo que os valores provenientes do contrato iriam parar em paraísos fiscais.

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