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Política & Poder

PT enfrenta dilema em Curitiba sobre apoio a deputado do PSB que votou por impeachment

O comando nacional da legenda já sinalizou que prefere a aliança com Ducci, defendido como um nome com mais potencial nas urnas entre as possibilidades do campo da centro-esquerda

Redação Jornal de Brasília

01/05/2024 9h06

Foto: Divulgação

A corrida à Prefeitura de Curitiba está embaralhada para o PT, que na capital paranaense segue dividido entre lançar candidatura própria ou apoiar o deputado federal Luciano Ducci, nome do PSB para a disputa.

O comando nacional da legenda já sinalizou que prefere a aliança com Ducci, defendido como um nome com mais potencial nas urnas entre as possibilidades do campo da centro-esquerda.

Também sustenta que o PSB de Geraldo Alckmin tem cobrado o apoio dos petistas nas capitais onde já tem pré-candidaturas sólidas, caso de Curitiba e do Recife, com João Campos. As duas cidades são consideradas prioritárias pelos pessebistas.

Uma ala do PT em Curitiba, contudo, resiste ao nome de Ducci, por causa dos laços do passado com o PSDB, especialmente em uma época em que os tucanos ainda tinham protagonismo no embate com o PT.

Ducci foi vice de Beto Richa (PSDB) e comandou a prefeitura a partir da renúncia do tucano para disputar o governo paranaense, em 2010. Em 2016, já era deputado federal quando votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT).


Em Curitiba, o PSB sempre atuou afinado com o PSDB. Em 2022, com a entrada de Geraldo Alckmin no PSB e a aliança nacional com o PT de Lula, lideranças do PSB curitibano abandonaram o barco, migrando para o PSD do governador Ratinho Junior. Ducci permaneceu no PSB e chegou a integrar a equipe de transição de Lula no final de 2022.


Petistas contrários a Ducci alegam que a imagem do político ainda está atrelada ao grupo da centro-direita e, por isso, não teria força para unir a esquerda. Partidos como o PSOL dizem que não vão integrar uma chapa liderada por alguém que votou a favor do impeachment de Dilma.


Outro defensor da candidatura própria do PT em Curitiba, o ex-governador Roberto Requião se desfiliou recentemente. Histórica liderança do MDB, Requião concordou em migrar para o PT em 2022 e concorrer ao governo, dando palanque a Lula no Paraná. Depois da vitória de Lula, a relação esmoreceu -Requião se queixou publicamente que não era procurado nem ouvido pelo PT. Agora, ensaia uma candidatura à prefeitura pelo partido Mobiliza (antigo PMN).


Dentro do PT, o deputado estadual Requião Filho chegou a colocar o próprio nome como uma possibilidade para a prefeitura. Recuou, segundo ele, quando percebeu que a decisão sobre a aliança com Ducci estava vindo “de cima para baixo”. Ao contrário do pai, ele disse à Folha que segue no partido.
Outros nomes do PT que já se lançaram como pré-candidatos à prefeitura são Carol Dartora e Zeca Dirceu, ambos deputados federais.

Ouvida pela reportagem na quinta-feira (25), Carol diz que mantém sua pré-candidatura e que “aliança com Ducci não tem como apoiar”. Zeca Dirceu vem fazendo críticas abertas em uma rede social: “Nem uma criança de 13 anos acredita na tese que o PSB não apoiará Lula em razão da decisão de Curitiba”.

Presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann afirmou que uma definição deve sair no início de maio e que a aliança com Ducci faz parte de uma estratégia de reconstrução e fortalecimento do campo democrático no país.

“Se o critério for esse [voto pelo impeachment], aí eu não posso apoiar ninguém do PSB, que fechou posição na época. Geraldo Alckmin também foi nossa oposição e hoje é vice do Lula. Marta Suplicy [hoje de volta ao PT] também votou [contra Dilma]. Não é um critério. Temos uma situação no passado muito ruim, mas, diante do que nós estamos vivendo hoje, de ameaça da extrema direita, do bolsonarismo, temos que reconstruir um campo democrático”, diz Gleisi.

A deputada lembra que resoluções internas do partido já indicaram que o PT deve priorizar alianças com siglas que estiveram com Lula em 2022 desde o primeiro turno e, também, apoiar os nomes que, dentro deste leque de legendas, possuem mais condição de vitória nas urnas.

“O PT não vai ter candidatura própria em todas as capitais exatamente por isso. Porque precisamos ajudar a construir este campo democrático. Às vezes a gente é criticado por querer hegemonia. Pois agora estamos fazendo um esforço para recompor um campo democrático, com aliados longevos”, afirma ela.
A deputada também diz que é preciso fortalecer o campo político porque, “além da eleição de 2024, a gente tem a eleição de 2026, muito importante e estratégica para nós”.

O PT nunca elegeu o prefeito de Curitiba. A última vez em que se apresentou competitivo foi em 2004, com Angelo Vanhoni, hoje vereador, derrotado no segundo turno para Beto Richa.

Na última eleição, em 2020, o PT curitibano registrou uma derrota expressiva, obtendo apenas 2,46% dos votos com Paulo Opuszka, oitavo lugar na disputa. O atual prefeito, Rafael Greca (PSD), foi reeleito já no primeiro turno.

Nas eleições de outubro, cerca de dez partidos já lançaram seus pré-candidatos na capital do Paraná. O grupo que atualmente está no poder aposta em Eduardo Pimentel (PSD), que é o atual vice-prefeito e tem o apoio também de Ratinho Junior.

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