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Política & Poder

PEC dos combustíveis iguala Bolsonaro a Dilma, diz economista-chefe da Verde Asset

A proposta de desoneração dos combustíveis foi descrita como uma medida completamente equivocada e de caráter populista

FolhaPress

08/02/2022 16h26

Lucas Bombana

A PEC dos Combustíveis de autoria do senador Carlos Fávaro (PSD-MT), classificada como kamikaze pelo Ministério da Economia por seu potencial impacto bilionário para as contas públicas, também é alvo de duras críticas de grandes investidores.

A proposta de desoneração dos combustíveis foi descrita como uma medida completamente equivocada e de caráter populista pelo economista-chefe da gestora Verde Asset, Daniel Leichsenring. Segundo ele, trata-se de uma tentativa do governo de reverter a “absoluta impopularidade”.

“A proposta de eliminar os impostos sobre os combustíveis é um desvario completo, e não resiste a 1 minuto de considerações sobre sua qualidade ou conveniência”, escreve o economista, na carta de gestão dos fundos da Verde Asset divulgada nesta terça.

Nesta terça-feira (8), a Bolsa de Valores brasileira, a B3, opera em queda, enquanto o dólar e os juros futuros avançam, também sob a influência da ata de tom mais duro do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central).

Leichsenring diz em seu texto que os governos de Bolsonaro e dos presidentes petistas ” são irmãos gêmeos, separados no nascimento”: “Quem poderia imaginar que o governo eleito em 2018 acusando o governo petista de instaurar o comunismo e implementar políticas econômicas totalmente equivocadas iria começar o último ano de seu mandato recorrendo às piores práticas do governo petista, de um populismo eleitoreiro barato, totalmente irresponsável?”.

Segundo Leichsenring, o governo Bolsonaro chega ao fim de maneira praticamente indistinguível do governo Dilma do ponto de vista econômico. “Claro que diante dessa dinâmica, a taxa de juros acabará aumentando, numa bola de neve.”

O economista-chefe da Verde afirma também na carta que a proposta acarretará em uma desoneração da ordem de, no mínimo, 1% do PIB, mas que pode chegar a até 3% do PIB. “Se o ajuste fiscal não pode mais ser feito via gasto, só pode ser feito via arrecadação, e eis que surge essa proposta incompreensível de baixar os impostos em mais de 1% do PIB, sob a chocante justificativa do Ministério da Economia de que há excesso de arrecadação”, aponta Leichsenring.

O economista estima um déficit nominal em 2022 próximo a R$ 730 bilhões. Com a proposta, a projeção para o déficit avança pelo menos até R$ 800 bilhões, prevê.

Após fechar 2021 com a segunda rentabilidade negativa de sua história, o fundo multimercado Verde, carro-chefe da gestora liderada por Luis Stuhlberger, avançou 1,49% em janeiro, contra o rendimento de 0,73% do CDI. “Apesar da boa performance [do mercado brasileiro] no curtíssimo prazo, nos preocupa a escala das medidas populistas que o governo está sinalizando.”

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