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Política & Poder

Para Dimas Covas, posições políticas atrapalharam vacinação

Perguntado se o governo federal tratou o Butantan com respeito, Dimas Covas não fez acusações, mas se disse “decepcionado”

Willian Matos

27/05/2021 11h10

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, acredita que declarações políticas feitas contra o instituto e contra a vacina chinesa Coronavac atrapalharam a imunização da população brasileira.

Perguntado se o governo federal tratou o Butantan com respeito, Dimas não fez acusações, mas se disse “decepcionado”. “Questionar o Butantan significa questionar a qualidade de saúde pública brasileira”, declarou. “Então, de fato, essa campanha desqualificando a vacina e o Butantan, sem dúvida nenhuma, trouxe prejuízos.”

Covas ressaltou que, por muito tempo, a vacina produzida pelo Butantan foi a responsável por sustentar o plano nacional de vacinação até a chegada da vacina da AstraZeneca e a da Pfizer. “Se houve dificuldade, foi por parte do Ministério nesse momento crítico a partir de outubro do ano passado”.

O “momento crítico” ao qual Covas se refere é quando o presidente Jair Bolsonaro declarou, em outubro do ano passado, que não compraria vacinas chinesas.

Para Covas, posições políticas de lado a lado impediram “a vacinação de milhões de pessoas num prazo anterior ao que começou”. “Hoje, infelizmente, nós temos a segunda posição no mundo em número de óbitos. Poderia ter sido amenizada. Poderia, sim”.

45 milhões de doses até 2020

Mais cedo, antes de começar a responder perguntas, Covas relembrou em discurso que o Butantan ofereceu ao governo brasileiro 100 milhões de doses da Coronavac. 45 milhões seriam entregues ainda em dezembro de 2020.

Covas contou que o primeiro contato foi feito no dia 30 de julho. Já no dia 7 de outubro, o Butantan enviou ofício ao Ministério da Saúde reafirmando ofícios anteriores e oferecendo as 100 milhões de doses. Destas, 45 milhões seriam entregues até dezembro de 2020; 15 milhões até fevereiro de 2021; e 40 milhões até maio deste ano.

Para o presidente do Butantan, declarações do presidente Jair Bolsonaro teriam evitado que as tratativas prosseguissem. “Tudo aparentemente estava indo muito bem”, comentou. Covas relembrou que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello o convidou para uma cerimônia no dia 20 de outubro, e que, até a data do evento, o acordo estava encaminhado.

No entanto, Covas disse que, após a cerimônia, “é notório que houve uma inflexão”. Para o presidente do Butantan, as conversações não prosseguiram “porque houve uma manifestação do presidente da República dizendo que a vacina não seria de fato incorporada.”

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