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Política & Poder

Em São Paulo, Bolsonaro dispara contra ministros dos STF e sistema eleitoral

“Só Deus pode me tirar da presidência. Só saio morto ou preso”, afirmou o Chefe do Executivo durante discurso na Avenida Paulista

Marcus Eduardo Pereira

07/09/2021 16h15

People take part in a demonstration in support of Brazilian President Jair Bolsonaro in Sao Paulo, Brazil, on September 7, 2021, on Brazil’s Independence Day. – Fighting record-low poll numbers, a weakening economy and a judiciary he says is stacked against him, President Jair Bolsonaro has called huge rallies for Brazilian independence day Tuesday, seeking to fire up his far-right base. (Photo by Miguel SCHINCARIOL / AFP)

Na tarde desta terça-feira, (7), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial o ministro Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Não vou mais obedecer ao ministro Alexandre de Moraes”, disse o presidente aos seus apoiadores, em carro de som.

Durante o discurso feito na Avenida Paulista, no ato convocado por ele, Bolsonaro disse não aceitar uma possível derrota nas eleições do ano que vem. “Só Deus pode me tirar da presidência. Só saio morto ou preso”, discursou o Chefe do Executivo.

Semelhante ao discurso realizado nesta manhã, em Brasília, Bolsonaro seguiu ameaçando o STF. O presidente chamou de “canalha” Alexandre de Moraes e pediu sua saída do Supremo. “Deixe de oprimir o povo brasileiro”, continuou Bolsonaro. O presidente disse que a “paciência do nosso povo já se esgotou”.

Bolsonaro afirmou ainda que o ministro perdeu as condições de continuar no tribunal, já que o povo não pode continuar aceitando que o também ministro do Supremo, Luiz Fux, continue paralisando a nação. “O ministro específico do STF perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal. Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica continue paralisando a nossa nação.”, disse.

Os atos desta terça-feira foram dominados por discursos golpistas do presidente e apoiadores, além de faixas, cartazes e gritos autoritários e antidemocráticos.

Nos últimos dias, Moraes tem sido o responsável por decisões contra bolsonaristas que ameaçam as instituições. O ministro tem agido a partir de pedidos da PGR (Procuradoria-Geral da República), sob o comando de Augusto Aras, indicado por Bolsonaro, e da Polícia Federal, órgão subordinado ao presidente.

O Dia da Independência do Brasil também foi marcado por outra fala do presidente que envolveu STF e Congresso. Segundo Bolsonaro, ele pretende convocar, para esta quarta-feira (8), uma reunião do Conselho da República, com os presidente de Supremo, Câmara e Senado. Porém, as assessorias de Luiz Fux, Rodrigo Pacheco (Senado) e Arthur Lira (Câmara) disseram que não há nenhuma previsão de reunião.

O atos em Brasília e em São Paulo foram marcados por pautas autoritárias e golpistas, mesmo que representem minoria no país. Segundo uma pesquisa do Datafolha, 75% dos brasileiros consideram o regime democrático o mais adequado, enquanto 10% afirmam que a ditadura é aceitável em algumas ocasiões.

Anunciado por Bolsonaro nos últimos dois meses como uma espécie de tudo ou nada para ele, as manifestações do Dia da Independência podem ampliar o seu isolamento político, no momento em que, de olho em 2022, depende do STF e do Congresso para a liberação de recursos e aprovação de projetos.

Bolsonaro usou toda a estrutura da Presidência para os atos com ameaças golpistas. Tanto no deslocamento entre São Paulo e Brasília como em sobrevoos em helicópteros da Esplanada dos Ministérios e da Paulista.

Brasília

Pela manhã, em Brasília, Bolsonaro fez um discurso de ameaças golpistas ao STF. Ele disse que não aceitará que qualquer autoridade tome medidas ou assine sentenças fora das quatro linhas da Constituição. “Ou o chefe desse Poder enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse Bolsonaro em recado ao presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, em referência às recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes contra bolsonaristas.

Como o próprio Bolsonaro já disse, ele busca nesses protestos uma foto ao lado de milhares de apoiadores para ganhar fôlego em meio a uma crise institucional, além das crises sanitária, econômica e social no país.

“Esse retrato que estamos tendo neste dia não é de mim nem ninguém em cima desse carro de som, esse retrato é de vocês, é um comunicado, um ultimato para todos que estão na praça dos Três Poderes, inclusive eu presidente da República para onde devemos ir.”

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