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Política & Poder

CPI prepara quebras de sigilo de ex-diretores da Americanas

A CPI da Americanas prepara a quebra dos sigilos bancários, fiscais e telemáticos dos ex-diretores da empresa envolvidos na fraude dos balanços

FolhaPress

14/06/2023 17h54

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Lucas Marchesini

Brasília, DF

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Americanas prepara a quebra dos sigilos bancários, fiscais e telemáticos dos ex-diretores da empresa envolvidos na fraude dos balanços da companhia. Os requerimentos serão votados e aprovados já na próxima terça (20).

A decisão foi tomada em reunião administrativa nesta quarta-feira (14). Os parlamentares também devem ouvir o BC (Banco Central) e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre o assunto.

O objetivo da CPI é reunir elementos suficientes para depois ouvir ex-diretores e as auditorias que avalizaram os balanços da Americanas. A ideia é tentar convocar os primeiros ex-executivos da companhia no início de julho, antes do recesso parlamentar.

“Vamos convocar diretores e auditorias quando tivermos elementos”, resumiu o presidente da CPI, o deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE).

O CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, depôs nessa terça (13) para a CPI e trouxe elementos que indicam a suposta participação ativa da diretoria na fraude dos resultados da empresa.

Outros documentos também apontam para uma possível conivência das auditorias PwC e KPMG, que discutiam com a então diretoria como suavizar os termos utilizados nos seus documentos.

Pereira ponderou entretanto que seria necessário aprofundar mais a investigação em relação às duas auditorias para entender se houve um conluio ou não entre elas e a Americanas. Ele classificou os diálogos como um “ponto de atenção”.

As revelações aumentaram a pressão para a convocação dos diretores e das duas companhias.

Procurada na terça (13) pela Folha de S.Paulo, a KPMG no Brasil disse que, “por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma”.

A PwC afirmou em nota que “não comenta temas de clientes por questões de confidencialidade e regras de sigilo profissional”.

A CPI também pretende aprovar um requerimento pedindo a integra dos documentos que embasaram o relatório apresentado na terça.

O CEO da Americanas, contratado depois do escândalo vir à tona e com a empresa já em recuperação judicial, apresentou à CPI supostos emails e conversas de WhatsApp na qual os ex-diretores falavam abertamente sobre a fraude.

Em um email enviado pelo ex-executivo Marcelo Nunes, antigo diretor financeiro da Americanas, para toda a então diretoria da companhia, um balanço chamado “visão interna”, mostra um prejuízo antes de juros, impostos, depreciação e amortização para 2021 de R$ 733 milhões.

Um outro documento na mesma troca de mensagens intitulado “visão conselho” traz um lucro para a mesma rubrica de quase R$ 2,9 bilhões. Esse foi o número apresentado ao mercado.

“Entre a visão interna e a visão conselho criou-se R$ 3,5 bilhões de resultados. A fraude da Americanas é uma fraude de resultado”, resumiu Pereira.

O escândalo da Americanas começou em janeiro deste ano, quando o então CEO Sergio Rial emitiu um fato relevante indicando a existência de inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bilhões nos balanços da empresa, se demitindo em seguida. Ele estava há menos de duas semanas no cargo.

O termo “inconsistências contábeis” foi utilizado até essa terça, quando as Americanas emitiram um novo fato relevante tratando o caso como uma fraude.

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