Após o Supremo (STF) dar ao motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva o direito de faltar ao depoimento desta terça-feira (31) na CPI da Pandemia, a comissão aprovou a reconvocação dele. A data será escolhida posteriormente. Se comparecer, Ivanildo falará na condição de testemunha.
Ivanildo passou a estar na mira da CPI após o Jornal de Brasília mostrar que ele sacou — e confessou ter sacado — R$ 4,7 milhões em favor da VTCLog. Horas depois da publicação da reportagem, a comissão convocou o motoboy e marcou a oitiva para hoje. Na noite de ontem, no entanto, o ministro Kassio Nunes Marques lhe deu o direito de faltar ao depoimento.
Segundo o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento de reconvocação, a decisão do ministro Nunes Marques foi tomada sem ouvir a CPI. No habeas corpus, Marques afirma que os saques feitos por Ivanildo não têm “congruência” com os fatos a serem apurados pela comissão. Randolfe discorda.
“Diferentemente do que alegado pelo impetrante, é cristalina a correlação entre o escopo do inquérito parlamentar e os fundamentos que motivaram a convocação de Ivanildo Gonçalves da Silva”, escreveu Randolfe no requerimento. “Na visão da maioria dos integrantes da CPI, não há dúvidas de que a testemunha convocada detém informações relevantes sobre possíveis irregularidades praticadas pela VTClog durante o período de pandemia e que, por razões óbvias, podem ter prejudicado a eficiência que se espera do serviço de disponibilização de imunizantes à população brasileira.”
Os senadores veem como suspeito o fato de Ivanildo ter conseguido amparo de advogados conceituados para não comparecer à CPI. Humberto Costa (PT-PE) citou que o motoboy pode ter sido acobertado porque estaria disposto a falar a verdade ou porque talvez pudesse entrar em contradição em suas falas, dadas as informações que a comissão possui.