Durante sessão da CPI da Covid nesta quinta-feira (20), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello relembrou de uma reunião interministerial que teve com o governador do Amazonas, Wilson Lima, no início de janeiro, para discutir a iminente falta de oxigênio vivido por Manaus à época. Pazuello disse que o presidente Jair Bolsonaro participou do encontro, e que, naquele dia, ficou decidido que o governo federal não deveria intervir na situação.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), frisou que o senador Eduardo Braga (MDB-AM) protocolou à época um pedido de intervenção federal em Amazonas devido ao colapso. Pazuello confirmou que houve uma reunião ministerial “onde o governador foi chamado, apresentou sua posição, e houve uma decisão nessa reunião de que não haveria essa intervenção”.
Randolfe indagou que quem decide por uma intervenção é o presidente da Republica. Pazuello, então, citou que Bolsonaro estava presente. “Então ele decidiu que não tinha que intervir na saúde do Amazonas?”, questionou Randolfe. “Essa decisão foi feita nesta reunião”, atestou o ex-ministro.
“A argumentação em tese é de que o estado [do Amazonas] tinha condição de continuar fazendo a resposta dele. Agora, os detalhes da argumentação daquela época eu não tenho exatamente aqui.”
Após a pergunta, Randolfe foi ao Twitter ressaltar a declaração de Pazuello. “Apresentamos documentos oficiais que comprovam que o Ministério da Saúde sabia do caos no Amazonas desde o dia 7 de janeiro. Foi omisso!”, acusou.
Culpados
Mais cedo, Pazuello culpou a empresa fornecedora de oxigênio hospitalar e a Secretaria de Saúde do Amazonas pela falta de oxigênio em Manaus-AM no início do ano que acarretou em milhares de mortes por covid-19. Pazuello não atribui o colapso ao Ministério da Saúde.
Perguntado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) a quem deve se atribuir a culpa do problema, Pazuello eximiu o Ministério.
“A empresa White Martins, que é a grande fornecedora, somada à produção da Carboxi, que é uma empresa menor, vinha consumindo sua reserva estratégica e não fez essa posição de uma forma clara desde o início. Começa aí a primeira posição de responsabilidade, não tem como nós isentarmos essa primeira posição”, disse. “O contraponto disso é o acompanhamento da Secretaria de Saúde que não o fez. Se a Secretaria de Saúde tivesse acompanhado de perto a situação da produção e consumo do oxigênio, teria descoberto que estava sendo consumida uma reserva estratégica e que medidas deveriam ser feitas imediatamente”, prosseguiu.
“Vejo ai duas responsabilidades muito claras. Uma começa na empresa que consome a sua reserva estratégica e não se posiciona de uma forma clara e a outra da Secretaria de Saúde.”