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Política & Poder

Alckmin chama Moro de ‘demitido’, e bolsonaristas celebram união contra ‘mal maior’ em debate

No debate entre presidenciáveis realizado na TV Band no primeiro turno, em 28 de agosto, houve confusões entre os convidados dos dois lados

FolhaPress

17/10/2022 11h55

Foto: Reprodução/Agência Brasil

MÔNICA BERGAMO
SÃO PAULO, SP

“Respeita nem o debate. Vagabundo”, disparou o empresário Filipe Sabará. O alvo de seu comentário era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que havia acabado de interromper o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o primeiro bloco do debate realizado entre os candidatos ao Planalto neste domingo (16).

Sabará acompanhou o confronto desde um lounge montado pela TV Bandeirantes, em São Paulo. Ele estava acomodado na primeira fileira de cadeiras reservadas aos convidados do atual mandatário, e tinha ao seu lado a companhia do advogado Frederick Wassef, do empresário e deputado estadual eleito Tomé Abduch (Republicanos-SP) e do deputado estadual Gil Diniz (PL).

Juntos, eram os bolsonaristas mais expressivos do espaço. O quarteto ironizou, riu, aplaudiu e abasteceu seus perfis nas redes sociais com comentários ao longo do embate -reações quase sempre reservadas e que passavam despercebidas por aliados do candidato petista, posicionados do outro lado da grade que mantinha os dois grupos separados.

“A última encrenca aqui na Band mesmo se originou com o [deputado federal André] Janones [do Avante de Minas Gerais]. Sem ele aqui, a galera do PT está tranquila, e a nossa galera também. Tem a disputa política, obviamente, mas não vai sair disso”, afirmou Gil Diniz à coluna, ao explicar a calmaria que dominava o espaço.

No debate entre presidenciáveis realizado na TV Bandeirantes no primeiro turno, em 28 de agosto, houve confusões entre os convidados dos dois lados. Naquele dia, André Janones e o ex-ministro Ricardo Salles (PL-SP), agora deputado federal eleito, partiram para a briga.

Quase dois meses após o tumulto, o empresário Tomé Abduch ainda credita aos apoiadores de Lula a culpa pela confusão. “Ainda bem que a turma do PT conseguiu respeitar um pouco mais”, ponderou sobre o clima pacificado deste domingo.

“Da última vez, quando nós estávamos chegando, eles já olhavam para nós nos chamando de genocidas e de assassinos. É muito sério uma coisa dessa. Como assim eu sou genocida? Como assim o Salles é um genocida? Como assim nós somos assassinos?”, disse ainda.

Ao final do debate, Abduch celebrou o desempenho de Jair Bolsonaro no confronto e a presença do ex-juiz e senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) no estúdio da TV Bandeirantes. “Impecável”, afirmou o empresário sobre o ex-ministro.

“O rompimento que aconteceu [entre Moro e Bolsonaro], do meu ponto de vista, foi um grande mal-entendido. Foi um momento de tensão, onde as pessoas estavam se apropriando ainda dos seus espaços na política. E eles estão juntos e unidos [novamente] contra um mal maior, que é o mal da volta do PT ao governo”, disse.

O otimismo de Abduch com a participação do ex-juiz foi compartilhado tanto por Gil Diniz quanto por Filipe Sabará. “Nesse momento, a gente deixa a disputa política e as nossas escolhas de lado justamente para combater o Lula e o PT”, afirmou o deputado estadual Gil Diniz, que já chamou Moro de “piada”.

“Muito embora eu tenha essa ressalva com ele [Moro], é um momento de deixar as diferenças de lado rumo à vitória no segundo turno”, acrescentou Diniz.

Filipe Sabará, por sua vez, disse ter feito oposição ao ex-ministro da Justiça após sua “traição” contra Bolsonaro, mas que atualmente considera positiva a sua presença na campanha pela reeleição. “É bom ver essa união”, disse o empresário.

Questionado se a aproximação entre o mandatário e o ex-juiz guardaria alguma semelhança com a aproximação entre Lula e o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), Sabará rechaçou a possibilidade.

“Não tem nada a ver porque o Alckmin nunca esteve junto com o Lula, né? O Moro esteve. [A união no debate] mostra que o Moro respeita o Bolsonaro a ponto de estar junto com ele num momento crucial para o Brasil”, afirmou.

Nos minutos finais da transmissão da TV Bandeirantes, o quarteto formado por Filipe Sabará, Frederick Wassef, Tomé Abduch e Gil Diniz se apressou para acessar o estúdio onde se encontrava Bolsonaro e seus principais aliados, mas acabou barrado pela segurança da emissora.

O grupo, então, contornou o prédio que sediou o debate e se dirigiu para o estacionamento de onde partiria o presidente. Quando o mandatário estava prestes a deixar o local, Sabará, Wassef e Abduch empunharam seus celulares.

“Passamos por cima hoje. Presidente, parabéns. Você foi educado, calmo e falou tudo o que tinha que falar”, disse Abduch, gravando o momento. Bolsonaro tossiu, fez um sinal de “joinha” e respondeu, prestes a entrar em um dos carros da comitiva presidencial: “Vamos lá, o prazer é nosso”.

Do outro lado do estacionamento, o ex-governador Geraldo Alckmin era aguardado por sua esposa, Lu Alckmin, para deixar a sede da TV Bandeirantes. Antes de cruzar o portão, dispensou um palpite sobre a reconciliação entre Sergio Moro e Jair Bolsonaro. “Acho que ele é quem tem que explicar. Ele foi demitido.”

O debate deste domingo foi promovido por Folha de S.Paulo, UOL, TV Bandeirantes e TV Cultura.

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