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Trump usa doações para bancar advogados e deixa campanha sob pressão

Só no primeiro semestre deste ano, estima-se que foram gastos US$ 40 milhões (cerca de R$ 190 milhões) com despesas legais ligadas à defesa de Trump

Redação Jornal de Brasília

31/07/2023 20h11

Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

FERNANDA PERRIN
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)

As consequências políticas dos processos na Justiça contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ainda são incertas, mas as financeiras já estão pesando no bolso do republicano.

Só no primeiro semestre deste ano, estima-se que foram gastos US$ 40 milhões (cerca de R$ 190 milhões) com despesas legais ligadas à defesa de Trump e de pessoas próximas a ele em quatro processos criminais. O valor, que vem circulando na imprensa americana nos últimos dias, deve ser confirmado até o fim desta segunda-feira (31).

As despesas estão sendo bancadas pelo Save America, grupo conhecido na política americana como um PAC -sigla em inglês para comitê de ação política, uma espécie de organização que arrecada fundos para promover plataformas, sejam elas ligadas a um candidato ou não.

A pressão financeira seria tamanha que o grupo teria pedido o reembolso de doações feitas no ano passado a outro PAC, o Make America Great Again (Maga), também vinculado a Trump, no valor de US$ 60 milhões (R$ 284 milhões).

Se o dinheiro foi devolvido, total ou parcialmente, também será revelado nesta segunda, quando o Save America deve enviar à Comissão Eleitoral Federal seu relatório financeiro relativo ao primeiro semestre.
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“Trump gastou mais de US$ 60 milhões em duas coisas: atacar falsamente [Ron] DeSantis e pagar sua própria defesa, nenhum centavo em derrotar [Joe] Biden. Em contraste, o único foco de DeSantis tem sido fazer campanha pelo futuro desse país, derrotar Biden e reverter o declínio dos EUA”, disse Andrew Romeo, porta-voz do governador da Flórida, neste domingo nas redes sociais.

Os dados mais recentes disponíveis mostram que, em todo o ano passado, o PAC pagou US$ 16 milhões (R$ 76 milhões) em serviços legais, equivalente a 14,4% de todos os gastos.

Esse uso do dinheiro não é crime pela legislação americana, porque o Save America é um tipo específico de grupo chamado de “PAC de liderança”, e não um comitê oficial de campanha -que não pode fazer pagamentos que beneficiem pessoalmente um candidato.

Ainda há dúvidas sobre em qual categoria a defesa de Trump se enquadraria, o que tem levado o republicano a direcionar mais doações para o Save America, de acordo com reportagem do New York Times de junho. Se inicialmente de cada US$ 1 recebido, US$ 0,99 iam para a campanha e US$ 0,01 para o PAC, agora US$ 0,10 vão para o PAC.

O Save America foi criado por Trump logo após a derrota nas eleições de 2020. Em 2021 e 2022, foram arrecadados US$ 108 milhões (R$ 510 milhões), especialmente de pequenos doadores -a maior parte, aposentados-, e gastos US$ 121,6 milhões (R$ 575 milhões). Além do pagamento a advogados, o PAC também banca o salário de funcionários e comícios.

O próprio PAC já foi alvo do Departamento de Justiça dos EUA por supostamente usar afirmações falsas sobre a eleição, como de que Trump teria vencido em estados em que ele foi derrotado, para pedir doações. Nenhuma denúncia foi apresentada até agora, porém.

“Para combater essas ações odiosas dos comparsas de Joe Biden e proteger essas pessoas inocentes da ruína financeira, evitando que suas vidas sejam completamente destruídas, o comitê de ação política liderado por Trump contribuiu com suas despesas legais para garantir que tenham representação contra assédio ilegal”, disse o porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, à rede CNN.

Com a pressão crescente dos processos legais sobre suas finanças, o republicano deve criar um novo fundo voltado especificamente para o pagamento da defesa de pessoas ligadas a ele –mas não a dele próprio, uma vez que Trump diz há anos que só pessoas culpadas têm fundos de defesa, segundo o New York Times.

O novo fundo deve se chamar Patriot Legal Defense (Defesa Legal Patriota) e ser comandado por Michael Glassner, conselheiro de Trump. Além do ex-presidente, também foram indiciados em casos ligados a ele o seu assessor Walt Nauta e o português Carlos de Oliveira, responsável pela manutenção do resort de Mar-a-Lago. Ambos se tornaram co-réus de Trump no caso dos documentos secretos guardados após o republicado deixar a Casa Branca.

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