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Taiwan dá indireta à China e faz alerta sobre ‘preço alto’ de potencial invasão

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, afirmou que a província está determinada a se defender de inimigos, destacando que potenciais invasores

FolhaPress

23/08/2022 12h26

FILE – In this Sept. 15, 2021, file photo released by the Taiwan Presidential Office, Taiwanese President Tsai Ing-wen, center, speaks with military personnel near aircraft parked on a highway in Jiadong, Taiwan. Taiwan’s Defense Minister Chiu Kuo-cheng said that Taiwan must defend itself Thursday morning, Oct. 28, 2021 and could not completely depend on others, after the island’s President said she had faith the U.S. would defend the island if China made a move. Tsai said in an interview aired Thursday with CNN that she had faith the U.S. would help defend Taiwan if China made a move on the island. (Taiwan Presidential Office via AP, File)

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, afirmou nesta terça-feira (23) que a província está determinada a se defender de inimigos, destacando que potenciais invasores – uma indireta pouco velada à China- pagarão um “preço alto” caso incorram em ofensivas contra o território.

A declaração ocorre em meio à intensificação das manobras militares executadas pela China ao redor da ilha após a viagem da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taipé.

Pequim considera Taiwan uma província rebelde e parte inalienável de seu território. A visita de autoridades americanas, nesse contexto, representaria violações da soberania chinesa.

“O que temos que fazer é deixar o inimigo entender que Taiwan tem a determinação e preparação para defender o país, bem como a capacidade de se defender”, disse Tsai. “Um alto preço será pago por invadir Taiwan ou tentar invadir Taiwan, e isso será fortemente condenado pela comunidade internacional.”

Além do cenário de tensão crescente, a fala da presidente de Taiwan ocorre na data em que a ilha comemora o 64º aniversário de um confronto conhecido como “bombardeio 823”. Na ocasião, em 1958, forças taiwanesas repeliram um ataque da artilharia chinesa às ilhas Kinmen e Matsu, perto da costa continental -uma vitória que simboliza a resistência da província ao poderio militar de Pequim.

Reunindo-se com oficiais militares, Tsai exaltou o espírito de defesa de Taiwan. Naquele ano, a China disparou 470 mil projéteis em direção às ilhas, num ataque que durou 44 dias e matou 618 pessoas.

“Aquela batalha para proteger nosso território mostrou ao mundo que nenhuma ameaça diminui a determinação da população de Taiwan de defender sua nação, nem no passado, nem no presente, nem no futuro”, disse Tsai.

No início do dia, a presidente esteve com uma delegação de acadêmicos dos EUA, incluindo Matt Pottinger, que foi vice-conselheiro de segurança nacional durante o governo de Donald Trump. Durante o encontro, Tsai disse que a batalha de 1958 abriu o caminho para o que a província é hoje. “Sessenta e quatro anos atrás, durante a batalha de 23 de agosto, nossos soldados e civis operaram em solidariedade e protegeram Taiwan, de modo que temos a Taiwan democrática hoje”, disse.

Durante os confrontos, Taiwan lutou com o apoio dos Estados Unidos, que enviaram equipamentos militares, incluindo avançados mísseis antiaéreos que deram à ilha uma vantagem tecnológica.

Muitas vezes chamada de Segunda Crise do Estreito de Taiwan, 1958 foi a última vez em que as forças taiwanesas entraram em confronto com a China em grande escala.

Embora tenham abandonado relações diplomáticas formais com Taipé em 1979, os EUA continuam sendo a fonte de armas mais importante de Taiwan. Inclusive, a aproximação entre Washington e a província tem incomodado Pequim, que considera este o ponto mais sensível na relação entre os dois países.

As rusgas se intensificaram com a visita de Pelosi, o que desencadeou exercícios militares recordes. No entanto, a tensão ganhou novo elemento no último domingo (21), com a chegada do governador de Indiana, Eric Holcomb, a Taipé, uma semana após a visita de outra delegação de cinco congressistas americanos. A visita de Holcomb marca a terceira vez, em 20 dias, que uma autoridade americana vai a Taiwan.

Os EUA acusam a China de usar a viagem de Pelosi como pretexto para intimidar e minar a resistência de Taiwan, e alertam para um possível erro de cálculo envolvendo a pressão militar contra a província.

Nesta segunda (22), a diplomacia chinesa criticou Washington por adotar o que chama de “retórica vazia e lógica hegemônica” em relação a Taiwan, argumentando que os EUA aumentam a pressão na região e “jogam lama na China”.

O governo de Taiwan argumenta que, como a República Popular da China nunca governou a ilha, não tem o direito de reivindicá-la ou decidir seu futuro, que só pode ser definido pelos 23 milhões de habitantes de Taiwan.

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