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Presidente do Sri Lanka tenta fugir do país e é barrado em aeroporto

Os legisladores ainda não decidiram quem assumirá o cargo de premiê. O novo presidente deve cumprir o restante do mandato de Rajapaksa

FolhaPress

12/07/2022 16h38

Foto: Getty Images

Funcionários do aeroporto de Colombo, no Sri Lanka, impediram a fuga do presidente nesta segunda-feira (11). Gotabaya Rajapaksa tentava deixar o país, com destino a Dubai, após milhares de manifestantes terem invadido sua casa, num grande protesto contra o que consideram a má gestão da maior crise política e econômica em décadas.

De acordo com autoridades, a equipe de imigração se recusou a deixar Rajapaksa ir à área VIP do aeroporto para carimbar seu passaporte. Como o presidente não quis enfrentar as filas comuns, temendo a reação das pessoas presentes, perdeu quatro voos para os Emirados Árabes Unidos e, junto de sua esposa, teve de retornar a uma base militar próxima.

Segundo o chefe do Parlamento, o líder cingalês prometeu renunciar nesta quarta (13), abrindo caminho para uma transição pacífica diante dos protestos que levaram à sua queda e a de vários ministros. Como a renúncia ainda não foi formalizada, ele se beneficia da imunidade presidencial e pode utilizá-la para buscar refúgio no exterior.

Impedido de voar, ele agora examina a possibilidade de fugir do país em uma embarcação da Marinha, segundo oficiais disseram à agência de notícias AFP.

O presidente não foi o único membro da família a falhar na tentativa de fugir. Seu irmão mais novo, Basil Rajapaksa, que atuou como ministro das Finanças e também é acusado de corrupção, foi impedido de embarcar em um voo para os EUA, via Dubai, na manhã desta terça (12), após protestos de passageiros.
Funcionários do aeroporto impediram sua entrada na aeronave e, quando a situação ficou mais tensa, Basil, que também tem cidadania americana, recuou.

Depois das tentativas de fuga, uma moção foi apresentada à Suprema Corte do Sri Lanka pedindo uma ordem para proibir que alguns membros da família Rajapaksa deixem o país. Além do presidente e de Basil, a moção inclui Mahinda Rajapaksa, o irmão mais velho, que foi forçado a renunciar ao cargo de primeiro-ministro em maio, e também o atual premiê, Ranil ?Wickremesinghe -que já prometeu deixar o posto assim que outro líder for escolhido.

O presidente não era visto em público desde a última sexta-feira (8), quando sua casa foi invadida. O Parlamento agendou a eleição indireta de seu substituto para 20 de julho -o favorito a assumir o cargo é o líder da oposição, Sajith Premadasa, filho de um presidente assassinado.

Os legisladores ainda não decidiram quem assumirá o cargo de premiê. O novo presidente deve cumprir o restante do mandato de Rajapaksa, que termina em 2024, e poderá nomear um novo primeiro-ministro, que teria que ser aprovado pelo Parlamento.

A família Rajapaksa domina a política da ilha de 22 milhões de habitantes há anos, e a maioria dos cingaleses os culpa pela atual miséria -o Sri Lanka vive a pior crise econômica desde que se tornou independente da Inglaterra, em 1948, com o colapso da economia dependente do turismo, duramente atingida pela pandemia.

Os cingaleses também responsabilizam o presidente pela proibição do uso de fertilizantes químicos, medida posteriormente revertida mas que prejudicou a produção agrícola. Atualmente, o país mal tem dólares para importar combustível, que vem sendo severamente racionado, e nos últimos dias longas filas se formaram em frente às lojas que vendem gás de cozinha.

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