A China é o desafio “mais transcendental” para a segurança dos Estados Unidos nas próximas décadas, enquanto a Rússia representa uma “ameaça aguda” – afirmou o Pentágono em sua nova Estratégia de Defesa divulgada nesta quinta-feira (27).
De acordo com o Departamento da Defesa, a China “representa o desafio mais transcendental e sistêmico, enquanto a Rússia representa uma ameaça aguda, tanto para os interesses nacionais vitais dos Estados Unidos no exterior quanto em solo americano”.
“O desafio mais profundo e grave para a segurança nacional dos Estados Unidos é o esforço coercitivo e cada vez mais agressivo (da China) para remodelar a região do Indo-Pacífico e o sistema internacional para adaptá-lo a seus interesses e preferências autoritárias”, diz a nova estratégia.
O documento afirma que a retórica chinesa contra Taiwan, cuja soberania reivindica e promete retomá-la à força, se necessário, é um fator “desestabilizador” que corre o risco de erro de cálculo e ameaça a paz na área.
A nova estratégia americana “busca evitar o domínio da China em regiões-chave, ao mesmo tempo protegendo o território americano e fortalecendo um sistema internacional estável e aberto”, ressalta o Pentágono, especificando, porém, que “um conflito com a China não é inevitável, nem desejável”.
A ameaça “aguda” representada por Moscou foi “demonstrada mais recentemente pela nova invasão não provocada da Ucrânia”, segundo o documento.
O texto enfatiza a necessidade de colaboração com países aliados para combater os perigos representados pela China e pela Rússia e diz acreditar que essa cooperação é “fundamental para os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”.
Também nesta quinta, o presidente Vladimir Putin afirmou que a Rússia defende seu “direito a existir”, ante o Ocidente, que quer “destruí-la”.
“A Rússia não está desafiando as elites ocidentais. A Rússia está apenas tentando defender seu direito a existir”, declarou Putin, no “think tank” Valdai Club, em Moscou, acrescentando que as potências ocidentais pretendem “destruir, apagar (a Rússia) do mapa”.
Para Putin, a próxima década será “a mais perigosa” desde o fim da Segunda Guerra Mundial. “A próxima é, provavelmente, a década mais perigosa, imprevisível e, ao mesmo tempo, importante desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, antecipou, completando que a situação é, “até certo ponto, revolucionária”.
A atual ofensiva russa na Ucrânia é apenas parte dos “movimentos tectônicos em toda ordem mundial”, acrescentou. “O período histórico do domínio único do Ocidente sobre os assuntos mundiais está chegando ao fim. O mundo unipolar está se tornando uma coisa do passado”, continuou.
“Estamos em uma fronteira histórica”, insistiu, alegando que as potências ocidentais são incapazes de “governar a humanidade por conta própria”, embora “tentem fazê-lo, desesperadamente”.
“A maioria dos povos do mundo não suporta mais isso”, criticou.
Moscou – disse ele – está apenas defendendo seu “direito de existir”, enquanto os países ocidentais querem “destruir, e apagar (a Rússia) do mapa”.
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