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ONU exige mais ajuda para Gaza, onde a situação é catastrófica

Depois de negociações complicadas e de vários adiamentos na votação para evitar um eventual veto dos Estados Unidos, a resolução foi aprovada por 13 votos a favor

Redação Jornal de Brasília

22/12/2023 17h32

Foto: SAID KHATIB / AFP

O Exército israelense continuou nesta sexta-feira (22) sua ofensiva terrestre e aérea contra o Hamas na Faixa de Gaza, cuja situação catastrófica levou o Conselho de Segurança da ONU a exigir o fornecimento de ajuda humanitária “em grande escala” para o território sitiado.

Depois de negociações complicadas e de vários adiamentos na votação para evitar um eventual veto dos Estados Unidos, a resolução foi aprovada por 13 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções (Rússia e Estados Unidos).

O texto “exige a todas as partes que autorizem e facilitem a entrega imediata, segura e sem obstáculos de assistência humanitária em grande escala” para Gaza e “criar as condições para um cessar duradouro das hostilidades”.

Para evitar um novo veto dos americanos, a resolução não menciona o “cessar urgente e duradouro das hostilidades” que constava no texto inicial, nem tampouco a “suspensão urgente das hostilidades” que a Rússia propôs incluir em uma emenda que foi bloqueada por Washington.

Após a votação, o chanceler israelense Eli Cohen indicou na rede social X que seu país “vai continuar inspecionando, por razões de segurança, toda a assistência humanitária para Gaza”.

Ajuda insuficiente

A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro, quando combatentes do movimento islamista palestino invadiram o território israelense e mataram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pelas autoridades israelenses. Os milicianos do Hamas também sequestraram quase 250 pessoas.

Israel prometeu “aniquilar” o grupo islamista e iniciou uma campanha de bombardeios incessantes contra Gaza, além de uma ofensiva terrestre, com um balanço de 20.057 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, e mais de 50.000 feridos, segundo o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

Neste pequeno e estreito território, cercado e em ruínas, a ajuda chega a conta-gotas.

“Não tenho medo de levar ajuda para Gaza. Se me deixassem entrar, iria para o norte [da Faixa]. Estamos esperando aqui há horas”, declarou nesta sexta para uma jornalista da AFP o motorista de um caminhão, Said Abdel Hamid, no ponto fronteiriço de Kerem Shalom (Karem Abu Salem em árabe).

Tanto nessa passagem fronteiriça como na de Rafah, que liga a Faixa com o Egito, as únicas autorizadas para o fornecimento de ajuda humanitária, chegam carregamentos de farinha, colchões, cobertores e produtos alimentícios. Uma ajuda insuficiente, segundo ONGs e a ONU.

Em média, 80 caminhões entram por dia em Gaza pela passagem de Kerem Shalom, que está aberta desde a semana passada.

‘Nenhum lugar seguro’

Na cidade de Gaza, os combates avançam rua por rua, às vezes de edifício em edifício. Israel anuncia com frequência a destruição de túneis, infraestruturas do Hamas e a apreensão de armas, enquanto o movimento islamista relata a destruição de tanques e de outros veículos militares israelenses.

Mais de 410 palestinos morreram nas últimas 48 horas na Faixa de Gaza, 16 dos quais nesta sexta em um bombardeio que atingiu uma casa em Jabailya (norte) e cinco em um ataque contra um veículo em Rafah (sul), segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Nesta sexta-feira, Israel anunciou a morte de dois soldados. Com isso, já são 139 militares israelenses mortos em Gaza desde o início do conflito.

Há semanas as agências da ONU alertam para as condições catastróficas em que vivem os habitantes de Gaza, onde 1,9 milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas, de uma população de 2,4 milhões, segundo cálculos das Nações Unidas.

Muitos vivem em refúgios abarrotados, com dificuldades para conseguir comida, água, combustível e medicamentos.

A ONU alertou em um informe que toda a população da Faixa vai enfrentar riscos elevados de insegurança alimentar nas próximas seis semanas.

Hoje, o Exército israelense pediu a evacuação do campo de refugiados de Bureij (centro) e dos bairros vizinhos. “Eles nos pediram para sair, então fomos para o hospital Al Shifa e depois para o campo de Nuseirat, onde ficamos um mês e meio, e agora vamos para Rafah. Eles dizem que é seguro, mas não existe nenhum lugar seguro”, declarou a AFPTV nesta sexta Salem Youcef, um palestino que teve que deixar o campo de Bureij.

Posturas distantes

Ao mesmo tempo, continuam os esforços de Egito e Catar, mediadores no conflito, para alcançar uma nova trégua, depois que a pausa de uma semana do fim de novembro permitiu a libertação de 105 reféns e de 240 presos palestinos em Israel, além do envio de mais ajuda humanitária.

Não obstante, os posicionamentos públicos de Israel e Hamas seguem muito distantes.

O Hamas exige a interrupção total dos combates antes de negociar uma troca de reféns, enquanto Israel descarta um cessar-fogo antes de “eliminar” o Hamas, considerado um grupo terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel.

A guerra também afeta outras regiões do Oriente Médio. Nesta sexta, o Exército israelense anunciou que um de seus soldados morreu e outro ficou gravemente ferido por disparos procedentes do Líbano enquanto realizavam uma “atividade operacional” em Shtoula, perto da fronteira libanesa.

© Agence France-Presse

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