Menu
Mundo

Hamas diz concordar com trégua; Israel bombardeia alvos em Rafah

O Hamas afirmou ter elaborado uma proposta de cessar-fogo a partir de uma outra apresentada por mediadores do Egito e do Catar

Redação Jornal de Brasília

06/05/2024 23h59

Manifestantes pró-Palestina se reuniram em San Sebastián, na Espanha, para pedir o fim da guerra em Gaza – Ander Gillenea – 228.jan.24/AFP

Tel-Aviv – Israel intensificou ontem os bombardeios contra alvos na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, horas depois de o Hamas anunciar ter aceitado uma proposta para interromper os combates. O governo israelense, que prepara uma ofensiva terrestre na cidade, afirmou em um comunicado que o gabinete de guerra tinha “decidido por unanimidade” continuar a operação em Rafah para exercer pressão sobre o grupo, mas enviaria mediadores ao Cairo para tentar negociar um acordo, considerando a proposta do Hamas “longe dos requisitos de Israel”.

O Hamas afirmou ter elaborado uma proposta de cessar-fogo a partir de uma outra apresentada por mediadores do Egito e do Catar, cujos termos os líderes do grupo terrorista aceitariam. As delegações envolvidas devem se reunir hoje no Cairo.

Os mais de 1,4 milhão de palestinos que se refugiam em Rafah ficaram confusos com os acontecimentos do dia. Israel emitiu ordens para que 100 mil deixassem suas casas de manhã, provocando um êxodo de milhares.

Houve celebrações nas ruas à noite, quando o Hamas anunciou que tinha aceitado o cessar-fogo, mas depois decepção e perplexidade quando Israel começou a bombardear. Os militares israelenses disseram que estavam conduzindo ataques direcionados contra o Hamas em Rafah.

Os líderes israelenses prometem há meses uma invasão terrestre da cidade, a fim de erradicar as forças do Hamas, despertando preocupação internacional pela segurança dos palestinos que se abrigam ali, fugindo do conflito em outras partes do enclave.

Khalil al-Hayya, um alto funcionário do Hamas, disse numa entrevista à TV Al-Jazeera que a proposta que o grupo estava disposto a aceitar incluía três fases, de 42 dias cada, destacando que seu principal objetivo, porém, era um cessar-fogo permanente. O chefe da ala política do Hamas, Ismail Haniyeh, anunciou pela primeira vez a nova posição do Hamas em uma postagem no canal Telegram, na manhã de ontem.

Al-Hayya, que lidera delegações do Hamas em conversações presenciais no Cairo, disse que a nova oferta também incluía uma retirada completa de Israel de Gaza, o regresso dos deslocados às suas casas e uma troca “real e séria” de reféns por prisioneiros palestinos.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, confirmou que o Hamas emitiu uma resposta e que os EUA a estavam analisando com parceiros na região.

A notícia ocorre em meio a uma possível invasão da cidade de Rafah. Os aliados mais próximos de Tel-Aviv, incluindo os EUA, apontaram que Israel não deveria atacar a cidade, que faz fronteira com o Egito, sob o risco de uma catástrofe humanitária em Gaza.

O presidente dos EUA, Joe Biden, conversou ontem com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e reiterou as preocupações dos EUA sobre a invasão. Biden disse que um cessar-fogo com o grupo terrorista é a melhor maneira de proteger as vidas dos reféns israelenses, segundo um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

As autoridades israelenses receberam o anúncio do Hamas com cautela.

Segundo os canais israelenses 12 e 13, os termos aceitos pelo Hamas não foram apresentados a Israel. A oferta não seria considerada até que as autoridades do país pudessem avaliar o documento. Um oficial israelense afirmou à agência Reuters que o anúncio do Hamas parecia ter sido uma encenação para colocar a culpa em Israel pelo fracasso nas negociações.

IMPASSE

Os negociadores do Hamas deixaram o Cairo no domingo depois que as negociações chegaram a um impasse com os mediadores sobre a oferta mais recente de Israel.

O principal obstáculo nas negociações indiretas tem sido a duração do cessar-fogo. O Hamas exigiu um cessar-fogo permanente, que na verdade poria fim à guerra de sete meses, enquanto Israel quer uma suspensão temporária dos combates que permitiria a troca de reféns detidos em Gaza por prisioneiros palestinos.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, rejeitou o anúncio do Hamas. “Há apenas uma resposta aos truques do Hamas: uma ofensiva em Rafah, com aumento da pressão militar, que derrote totalmente o grupo terrorista”, disse. (Com agências internacionais)

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado