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Empresas reagem a indefinição sobre Brexit

A três semanas da data limite, as discussões estagnadas preocupam empresas e autoridades, diante da possibilidade de haver escassez de produtos, engarrafamentos, portos bloqueados e fábricas fechadas

Marcus Eduardo Pereira

13/12/2020 11h17

Banners, Union and EU flags are displayed outside the Houses of Parliament in London on October 22, 2019, as MPs debate the second reading of the Government’s European Union (Withdrawal Agreement) Bill. – British Prime Minister Boris Johnson faces two crucial Brexit votes Tuesday that could decide if he still has a reasonable shot at securing his EU divorce by next week’s deadline. The UK is entering a cliffhanger finale to a drama that has divided families and embittered politics ever since voters backed a split from Britain’s 27 EU allies and trading partners in 2016. (Photo by Tolga Akmen / AFP)

As negociações entre o Reino Unido e a União Europeia sobre o pós-Brexit chegam sem definição hoje ao prazo convencionado pelo premiê Boris Johnson e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para um acerto. A três semanas da data limite, as discussões estagnadas preocupam empresas e autoridades, diante da possibilidade de haver escassez de produtos, engarrafamentos, portos bloqueados e fábricas fechadas

Desde o início da semana, federações industriais alertaram sobre o que pode ocorrer a partir de janeiro. Sem saber se haverá ou não um acordo comercial com a União Europeia, muitas empresas não conseguiram se preparar para a mudança.

Representantes de indústrias britânicas alertaram para possível escassez de alimentos e aumento de preços, mesmo se houver acordo. Também mencionaram aumento de custos para a indústria de automóveis e preocupação com os serviços financeiros. James Sibley, diretor de assuntos internacionais da Federação Britânica de Pequenas Empresas (FSB), disse esperar “terríveis turbulências em janeiro”.

Negociadores britânicos e da União Europeia deram continuidade ontem em Bruxelas às últimas rodadas de conversas, já que as partes pretendem definir hoje o destino do acordo. Não houve avanços significativos e Londres avaliou como “inaceitáveis” as propostas da UE. “Parece muito, muito provável que teremos que buscar uma solução que eu acho que seria maravilhosa para o Reino Unido, e seríamos capazes de fazer exatamente o que queremos a partir de janeiro”, disse Johnson na sexta, minimizando as preocupações e indicando que uma saída sem acordo é a mais provável.

Na mesma linha, Von der Leyen disse durante a semana que há mais probabilidade de fracasso do que sucesso. “Nossa responsabilidade é estarmos preparados para todas as eventualidades, inclusive não termos um acordo com o Reino Unido em 1.º de janeiro. É por isso que estamos apresentando essas medidas”, disse.

A Comissão Europeia já apresentou o seu plano de emergência em termos de direitos de pesca e de proteção dos transportes aéreos e terrestres. Em razão da pandemia, os portos britânicos estão congestionados há semanas e circuitos de abastecimento foram interrompidos, antecipando o cenário que se aproxima.

Muitas empresas tentam receber suas entregas antecipadamente para evitar possíveis transtornos de janeiro. Também pedem maior quantidade de produtos para ficar em dia com o atraso acumulado durante os períodos de restrição de circulação de pessoas.

Na quarta-feira, foram registrados engarrafamentos quilométricos a partir de e com destino ao porto de Dover, no Canal da Mancha. A situação pode piorar se não houver acordo com a UE.

Em um relatório sobre o “pior cenário razoável”, o governo britânico previu filas de 7 mil caminhões bloqueados durante dois dias nas estradas e enormes estacionamentos de emergência perto de Dover.

Na quinta-feira, o jornal Financial Times informou sobre um grupo de trabalho denominado D20 – dezembro 2020 – dedicado aos cenários que podem surgir após 1o de janeiro, incluindo e a lotação dos estacionamentos de emergência em caso de fortes chuvas de inverno, cortes de energia ou escassez de combustível.

Segundo o jornal, o ministro do Transporte, Grant Shapps, alugou balsas de emergência para tentar desbloquear os engarrafamentos de caminhões durante seis meses a um custo de 77 milhões de libras (R$ 515,9 milhões).

Sem um acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia, a partir de 2021 as relações comerciais entre o país e o bloco serão administradas pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Isso significa que muitas categorias de produtos estarão sujeitas a tarifas, provavelmente taxas, e formalidades administrativas inexistentes no mercado único europeu. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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