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Biden tenta mobilizar eleitorado afro-americano

O presidente dos Estados Unidos também denunciou a “mentira” de não se apresentar a Guerra de Secessão como um conflito sobre a escravidão

Redação Jornal de Brasília

08/01/2024 21h42

Foto: Mandel NGAN / AFP

O presidente Joe Biden estendeu as mãos nesta segunda-feira (8) aos eleitores afro-americanos em um lugar que foi cenário de um massacre racista em 2015, mas a guerra entre Israel e Hamas também marcou presença, com protestos de manifestantes.

O “veneno” dos supremacistas brancos “não tem lugar nos Estados Unidos”, afirmou o presidente.

Ele disse isso na igreja metodista episcopal africana Mother Emanuel em Charleston, Carolina do Sul, onde um supremacista branco matou a tiros nove paroquianos negros em 2015.

O presidente dos Estados Unidos também denunciou a “mentira” de não se apresentar a Guerra de Secessão como um conflito sobre a escravidão.

“A escravidão causou a Guerra de Secessão”, ressaltou Biden em Charleston, que foi um dos principais portos de entrada dos barcos que transportavam escravos.

“Estão tentando apagar sua história e seu futuro, proibindo livros, negando o seu direito a votar e que seus votos sejam contabilizados”, disse Biden aos fiéis, do púlpito da igreja histórica.

O democrata se referia à pré-candidata das primárias republicanas Nikki Haley, muito criticada por ter omitido a escravidão como uma das causas do conflito, mas que se corrigiu depois.

Durante a Guerra de Secessão americana (1861-1865), o Sul confederado declarou sua independência dos Estados Unidos e lutou para manter a escravidão, que tinha sido abolida no resto do país.

Em uma tentativa aparente de se conectar com os eleitores, Biden pronunciou um discurso muito emotivo, com referências ao apoio aos direitos civis, à sua fé católica e à ajuda da igreja após a morte por câncer de seu filho mais velho Beau, aos 46 anos.

Cessar-fogo já!

Agora Donald Trump, que lidera por ampla margem as pesquisas nas primárias republicanas, parece ganhar terreno entre os eleitores afro-americanos.

O perigo para Biden não é tanto a perda de votos em benefício de seu provável rival republicano, mas uma forte abstenção dos afro-americanos. Além disso, as pesquisas indicam um apoio menor entre os latinos.

Um tema muito preocupante para Biden, que venceu as eleições de 2020 graças, em parte, a essas comunidades.

Durante o seu discurso, Biden foi interrompido por um pequeno grupo de manifestantes aos gritos de “cessar-fogo já!” em Gaza, onde Israel trava uma guerra contra o movimento islamista palestino Hamas.

O democrata, cuja política de firme apoio a Israel é motivo de críticas em seu próprio partido, disse que “trabalha discretamente” para que Israel “reduza consideravelmente” sua presença no território palestino.

Os manifestantes foram escoltados para fora enquanto o restante do público abafava o barulho de protesto gritando: “Mais quatro anos! Mais quatro anos!”

Na semana passada, o líder democrata iniciou este ano eleitoral com um ataque verbal direto a Trump, classificando-o de ameaça para a democracia.

Não há dúvida de que Joe Biden, salvo surpresas de última hora ou um problema grave de saúde, será o candidato de seu partido para as eleições de novembro.

As primárias democratas de 3 de fevereiro na Carolina do Sul serão, não obstante, um primeiro grande teste para o presidente, enfraquecido por sua idade e desgastado pelo descontentamento persistente dos americanos em relação ao poder de compra.

© Agence France-Presse

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