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Economia

Todos os programas adotados no Brasil na pandemia deram certo, diz Guedes em Davos

O ministro se referia às medidas adotadas para evitar demissões e linhas de crédito para empresas

FolhaPress

21/01/2022 12h24

Foto: Reprodução/ME

Douglas Gavras

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que todos os programas adotados pelo Brasil para enfrentar os efeitos da pandemia foram bem-sucedidos. A fala ocorreu durante um painel virtual do Fórum Econômico Mundial de Davos na manhã desta sexta-feira (21).

O ministro se referia às medidas adotadas para evitar demissões –como a suspensão de contratos e redução de jornadas e salários– e linhas de crédito para empresas, ao afirmar que todos os programas econômicos adotados pelo Brasil deram resultado positivo.

“Tivemos sucesso em evitar uma grande depressão depois de sermos atingidos pela pandemia e agora entramos em um estágio de desaceleração. E agora a questão é quanto tempo vão durar os efeitos sobre a inflação”, apontou o ministro.

“Nossa relação dívida/PIB hoje é de 80%, abaixo das previsões. As pessoas estavam preocupadas, mas criamos 4 milhões de empregos e preservamos 11 milhões”, disse Guedes.

O país registrou a criação de 324,1 mil postos de trabalho com carteira assinada em novembro, 13% menos do que o registrado um ano antes, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). No acumulado de janeiro a novembro de 2021, o saldo do é de 2,9 milhões de novas vagas de emprego.

Em 2020, após os dados do Caged terem sido revisados, o saldo do emprego formal no país ficou negativo, fechando 191,5 mil vagas no primeiro ano de pandemia. Guedes participou de um painel que discutiu como o sistema de comércio internacional vai precisar se adaptar a novos freios além da pandemia e como empresas e governos podem trabalhar juntos para reduzir os efeitos dessas interrupções.

Ele também disse que o Brasil tem espaço fiscal e monetário para se recuperar agora e afirmou não acreditar que a inflação será transitória. “Os bancos centrais estão dormindo no volante e precisam acordar para a questão da inflação. Minha sensação é que a fera está descontrolada. No Brasil, por causa da experiência trágica que tivemos com a inflação, nos mexemos rapidamente.”

O painel também contou com a diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, a presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, a ministra das Finanças da Indonésia, Sri Mulyani Indrawati, e o presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda. “O ano de 2022 vai ser correr por uma pista de obstáculos. Do lado positivo, prevemos que a recuperação vai continuar, mas uma parte do impulso está se perdendo”, disse Kristalina, Georgieva, do FMI.

“Se olharmos para a inflação, a pressão dos preços vem dos alimentos, das cadeias produtivas, por causa dos efeitos da pandemia. E temos um fenômeno relacionado à pandemia, que é o mercado de trabalho estar mudando.”

“Os Bancos Centrais devem ser claros em suas ações, mas as políticas monetárias devem ser certeiras também. E, infelizmente, isso ainda não está sendo feito como deveria”, disse ela.

Georgieva também apontou que os remédios a serem aplicados agora para combater os efeitos da pandemia são diferentes dos que foram testados há dois anos. Em 2020, os problemas eram parecidos em todo o mundo. Em 2022, não podemos mais ter as mesmas políticas econômicas em todos os países, pois os problemas são diferentes.

“Vimos uma recuperação mais forte do que tínhamos imaginado e os países desenvolvidos agora estão freando. De certa forma, somos vítimas de nosso sucesso, com a chegada das vacinas”, disse Lagarde. “Olhando para o que está por trás do mundo, estamos tentando descobrir de onde vem a inflação e quanto tempo ela vai durar.”

“Vemos uma recuperação tão forte que acabou superando parte da oferta, esses fatores [causados pela recuperação após a queda pandemia] vão estar conosco ainda por muito tempo? Estamos considerado, apesar das incertezas, que a crise de energia vai se estabilizar ao longo de 2022 e os números da inflação irão cair”, apontou Lagarde.

Já Idrawati comentou que a Indonésia tem feito a lição de casa para equacionar o problema global da alta da inflação sem afastar investidores. “O aumento da demanda por conta da reabertura da economia tem sido mais lento no Japão e a memória do que o país sofreu com a inflação em 1998 ainda é muito forte”, afirmou Haruhiko Kuroda, ao dizer que a inflação no país em sido um problema menor que em outras partes do mundo.

“O BC do Japão tem conseguido acomodar a inflação de forma eficiente e vamos continuar com juros baixos. A economia começou a crescer, embora a inflação tenha voltado a ficar positiva, após anos de deflação”, disso o responsável pelo BC japonês.

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