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Economia

Ibovespa emenda 4º recorde histórico, em alta de 0,49%, quase a 134,2 mil

Na semana, sobe agora 1,09% e, no mês, ganha 5,39%, colocando o avanço de 2023 a 22,29%

Redação Jornal de Brasília

27/12/2023 19h20

Foto: Divulgação

Em alta pela quarta sessão consecutiva – e em renovação de máximas históricas de fechamento na mesma série -, o Ibovespa chegou nesta quarta, 27, a novo nível inédito, na casa dos 134 mil pontos. Com volume reduzido a R$ 14,0 bilhões pela proximidade do fim de ano, o índice oscilou de 133.328,39 a 134.195,47 (+0,50%), em máxima quase no fechamento, também assinalando novo recorde intradia. E encerrou a sessão ainda em alta de 0,49%, aos 134.193,72 pontos. Na semana, sobe agora 1,09% e, no mês, ganha 5,39%, colocando o avanço de 2023 a 22,29%, faltando apenas a sessão de amanhã para fechar o melhor ano desde 2019 para a Bolsa.

Em dia de petróleo em baixa acima de 1,5%, o desempenho sem sinal único de Petrobras (ON -0,15%, PN +0,08%) foi compensado pela alta de 0,97% para Vale ON, a ação de maior peso no Ibovespa, em avanço superior ao do minério na China (+0,51% em Dalian), em sessão também positiva para os grandes bancos, à exceção de BB (ON -0,15%). Destaque para Unit de Santander Brasil, em alta de 1,20% no fechamento.

Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta penúltima sessão do ano, as varejistas Magazine Luiza (+6,64%) e Casas Bahia (+6,03%) – com a confirmação de que a empresa permanecerá na carteira teórica do índice, na última prévia para janeiro a abril de 2024 -, à frente de Alpargatas (+3,79%) e de Natura (+3,75%) no fechamento No lado oposto, Raízen (-1,93%), Petz (-1,92%) e Dexco (-1,23%)

“A semana entre o Natal e o ano-novo é realmente de volume muito baixo, e o giro vinha se enfraquecendo já desde o dia 18 no mercado à vista, e nos contratos futuros desde o fim da semana passada. Hoje não foi diferente, com os investidores já se preparando para as festas de fim de ano”, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.

“Os últimos dias foram janelas importantes de ajuste para o mercado, com a Bolsa em renovação de máximas: atingiu e manteve os 134 mil pontos em boa parte da sessão, e fechou nesse patamar recorde, apoiado especialmente em Vale e no setor de siderurgia – com base em dados mais positivos na China e no próprio nível de preço do minério de ferro”, diz Erik Sala, analista da DVInvest.

Em Nova York, assim como na B3, o dia foi marcado por fraca liquidez, com o índice amplo, o S&P 500, já bem próximo de sua máxima histórica, de 3 de janeiro de 2022, então aos 4.796 pontos naquele fechamento. Hoje, chegou a virar para o negativo à tarde, mas encerrou em leve alta de 0,14%, aos 4.781 pontos.

Para a Guide Investimentos, o S&P 500 deve continuar “batalhando” para atingir novo pico antes do fim do ano. “A baixíssima liquidez ajuda a justificar tal movimento lateral na sessão desde antes da abertura desta quarta-feira, também nos futuros”, na medida em que “o mercado parece estar saturado, no curto prazo”, avalia a Guide, em nota.

Dólar

Após cair nesta terça, 26, na cotação mais baixa em quase cinco meses, o dólar fez nesta quarta, 27, uma pausa em sua desvalorização, acompanhando a realização do petróleo e as preocupações fiscais no Brasil. A moeda até deu sinal na abertura do pregão de que seguiria a tendência das últimas duas semanas, chegando a tocar os R$ 4,80 na mínima do dia.

Não demorou, porém, para mudar de trajetória e ganhar força nas horas finais da sessão – quando o mercado reagiu ao avanço de 2,48% da dívida pública em novembro – até fechar em alta de 0,22%, a R$ 4,8326, perto da máxima do pregão (R$ 4,8398). No segmento futuro, o dólar para janeiro subia perto das 18h aos R$ 4,8270, valorização de 0,35%.

Remessas de divisas pelas filiais a matrizes ou coligadas no exterior, demanda de importadores e a pressão do mercado antes do fechamento da Ptax, junto com a desvalorização próxima a 2% do petróleo e os riscos fiscais, estão entre as explicações dadas por operadores ao comportamento do câmbio.

A aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) se aproxima do início do ciclo de corte de juros – algo tido por investidores como provável para março – segue norteando, contudo, o mercado e limitou o fôlego do dólar ante o real.

Segundo o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, as incertezas fiscais levaram o investidor a buscar proteção, depois de o Tesouro divulgar que o estoque da dívida pública federal subiu para R$ 6,325 trilhões em novembro, ante R$ 6,172 trilhões de outubro. “O governo está preocupado com a arrecadação, mas despreocupado com os gastos. A equação não fecha e isso parece ter pressionado o dólar”, comenta.

Ele acrescenta que os investidores aproveitaram também para comprar dólar porque “há algum tempo” a moeda não caia para R$ 4,80. “Mas hoje se posicionou mais por proteção do que para antecipar a direção do dólar”, pondera.

Juros

Apesar da aceleração do ritmo de queda das taxas dos Treasuries ao longo da tarde, com o retorno da T-note de 10 anos rompendo o piso de 3,80%, os juros futuros locais continuaram a apresentar baixa modesta na segunda etapa de negócios. Houve certa volatilidade após as 16h, com as taxas se afastando das mínimas da sessão, na esteira da divulgação de déficit primário acima do esperado do Governo Central em novembro, em meio a uma liquidez reduzida, como é típico na semana entre o Natal e o Ano Novo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 9,99%, de 10,025% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 caiu de 9,68% para 9,645%, com mínima a 9,62%. A taxa do DI para janeiro de 2029, que desceu até 9,98% na mínima, fechou a 10,01%, de 10,041% no ajuste anterior.

Após a forte queima de prêmios de risco nas últimas semanas, induzida pelo alívio no mercado global de renda fixa diante da expectativa de cortes de juros nos EUA no primeiro semestre de 2024, analistas afirmam que faltam “gatilhos” para uma nova rodada de redução significativa das taxas locais, como mais alívio inflacionário ou sinais mais promissores na área fiscal.

As contas do Governo Central – que reúne Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – apresentaram déficit primário de US$ 39,389 bilhões em novembro – o pior desempenho em termos nominais da série histórica (desde janeiro de 1997). O resultado superou a mediana das estimativas de Projeções Broadcast (-R$ 38,05 bilhões).

Em entrevista para comentar os números de novembro, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que trabalha com déficit primário do Governo Central ao redor de R$ 10 bilhões em dezembro, o que levaria a um saldo negativo de R$ 125 bilhões no ano, o equivalente a cerca de 1,2% do PIB. A meta fiscal de 2024 é de déficit primário zero, algo visto com ceticismo pelos economistas.

Segundo o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, o quadro externo, com alívio nas taxas dos Treasuries e o aumento da expectativa de corte de juros nos EUA já no primeiro trimestre, tem ditado o comportamento das taxas locais. “A questão fiscal está em segundo plano. Ninguém trabalha com déficit primário menor que 0,8% no ano que vem, eu acho que vai ser até mais alto, mas isso não está afetando os prêmios como deveria”, afirma Lima. “Por enquanto, não tem feito preço. Mas é um risco que pode voltar a incomodar no ano que vem”.

À tarde, a assessoria do ministério da Fazenda informou que o ministro Fernando Haddad deve falar à imprensa amanhã, às 10h. Ontem, Haddad disse que divulgaria até esta quinta-feira, 28, as medidas que será encaminhadas ao Congresso para compensar a renúncia fiscal com a manutenção da desoneração da folha de pagamentos, após parlamentares derrubarem veto do presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Investidores aguardam a divulgação hoje, às 23h30, na Globonews, de entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à jornalista Miriam Leitão, gravada no último dia 21. A emissora divulgou à tarde um trecho de pouco mais de 30 segundos em sua conta no X (antigo Twitter), no qual Campos Neto diz que, em 2024, seu último ano à frente do BC, “é importante entregar a inflação na meta” e “é importante entregar os juros o mais baixo possível”.

“Temos divergência nas projeções, de inflação ao redor de 4% ou de 3,5% no ano que vem, com muita discussão sobre o efeito do El Niño nos preços dos alimentos e incerteza em torno dos preços de energia elétrica. Isso segura um pouco as apostas em aceleração do ritmo de queda da Selic”, afirma o economista-chefe da Western Asset.

Estadão Conteúdo

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