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Economia

Guedes culpa ‘petistas infiltrados’ por plano de salário mínimo sem correção pela inflação passada

O ministro atribuiu a notícia a petistas que estariam infiltrados no ministério e que estariam divulgando estudos antigos

FolhaPress

25/10/2022 19h36

Foto: Sergio Lima / AFP

Douglas Gavras
São Paulo, SP

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em um evento virtual com representantes de cooperativas nesta terça-feira (25) que o plano de retirar a correção do salário mínimo e aposentadoria pela inflação passada, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, vem de militantes petistas infiltrados no ministério.

No evento com a OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), o ministro se referia à reportagem que mostrou que a pasta trabalha em um ambicioso plano reformular o teto de gastos e “quebrar o piso”, ou seja, frear o crescimento de despesas que hoje pressionam o Orçamento -entre elas os benefícios previdenciários ou atrelados ao salário mínimo.

O ministro atribuiu a notícia a petistas que estariam infiltrados no ministério e que estariam divulgando estudos antigos ou que não passaram por ele para a imprensa, com o objetivo de desgastar a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição.

“Alguém, possivelmente um petista de dentro -e entre 160 mil pessoas, deve ter muito petista dentro do ministério-, pega um trabalho que não tem o nosso aval e nem o nosso apoio. Jamais decidimos qualquer coisa nessa direção. Fazem um trabalhinho interno, eles mesmos assinam e passam para os jornalistas”, disse.

Sem apresentar nomes, Guedes seguiu atribuindo o vazamento dos estudos a um boicote interno.
“Toda Arca de Noé tem um pica-pau tentando furar o chão para afundar o barco. Aqui no ministério também tem sempre um petista com uma picareta na mão, vazando estudo que já foi abandonado. O picareta não existe nunca, eles tentaram isso durante a pandemia, não respeitam nem a doença”, afirmou.

Conforme a Folha de S.Paulo revelou, a divulgação do plano abriu uma crise no Ministério da Economia. Segundo relatos, Guedes iniciou uma operação interna para tentar descobrir quem havia sido o responsável pelo vazamento.

Em seguida, o ministro disse que os trabalhadores, os aposentados e os pensionistas receberam aumentos de salário mínimo, pensões e aposentadorias, mesmo durante a pandemia. “Protegemos idosos e trabalhadores que recebem o salário mínimo, corrigimos salários, aposentadorias, benefícios e pensões.”

No entanto, a última vez que o piso nacional foi reajustado acima da inflação -ou seja, com ganho real- foi no início de 2019.

Guedes ainda culpou a imprensa pela divulgação dos estudos, chamando os jornalistas de “militantes”.
“Já roubaram muita coisa, agora estão querendo roubar a tranquilidade da população brasileira. Sai uma mentira, uma fake news, por dia. Conforme nos aproximamos da eleição, o desespero aumenta do outro lado e começam a mentir. Eu sou obrigado a dizer isso, tenho de desmentir as mentiras deslavadas que estão sendo contadas todo dia”, disse o ministro.

Guedes, porém, admitiu em evento na semana passada a possibilidade de discutir medidas de descarimbar e desindexar o Orçamento. Ele disse que não mudaria a regra de correção “durante o jogo”, mas deixou a porta aberta para debater alterações no arcabouço fiscal brasileiro, incluindo a desindexação do salário mínimo.

Nesta terça, o ministro também rebateu reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, segundo a qual a Economia estuda retirar do Imposto de Renda a dedução de gastos com saúde e educação. O documento teria sido elaborado pela equipe econômica após o primeiro turno.

“Vamos acreditar em meia dúzia de mentirosos que querem roubar a esperança do brasileiro? Vamos seguir em frente, crescer dez anos seguidos 3%, 3,5%, 4%. Vão vir investimentos de fora, criação de um mercado de consumo de massa, com emprego e renda para todo mundo”, disse.

O ministro aproveitou, ainda, para criticar o Bolsa Família, programa petista, e compará-lo com seu substituto, o Auxílio Brasil. O programa do governo Bolsonaro teve seu benefício elevado para R$ 600 às vésperas das eleições.

“Não são aqueles programas de esmola que eram dados antes, são três ou quatro vezes o que era dado antes, é uma transferência de renda básica, um programa liberal.”

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