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Economia

Dólar sobe 1,73% e volta a R$ 5,20 com mau humor externo e disputa por Ptax

Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar superou a barreira de R$ 5,20 no fim da manhã e tocou R$ 5,21 à tarde

Redação Jornal de Brasília

31/08/2022 18h12

Foto: Reprodução

O dólar emendou o segundo pregão de alta firme nesta quarta-feira, 31, e fechou acima da linha de R$ 5,20, em sessão marcada pela disputa em torno da formação da última taxa Ptax de agosto, que vai servir para liquidação de contratos derivativos, e pela rolagem de posições no mercado futuro. Os “comprados” (que ganham com a alta do dólar) se beneficiaram do mau humor externo, com tombo das commodities, como minério de ferro e petróleo, e nova rodada de perdas de divisas emergentes, em meio à perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos e na Europa

Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar superou a barreira de R$ 5,20 no fim da manhã e tocou R$ 5,21 à tarde, ao registrar máxima a R$ 5,2104, diante da piora do Ibovespa e das bolsas em Nova York. No fim da sessão, a moeda era cotada a R$ 5,2015, avanço de 1,73%.

Depois de esboçar romper o piso de R$ 5,00 na segunda-feira, 29, quando fechou a R$ 5,0334, o dólar subiu com força na terça e nesta quarta, passando a acumular ganho de 2,43% na semana. Com isso, encerrou agosto em leve alta, de 0,53%.

No acumulado do ano, a divisa acumula perdas de 6,71%. O giro com o contrato de dólar futuro para outubro, que passa a ser o mais líquido, foi expressivo nesta quarta, superando US$ 20 bilhões, em razão da rolagem de posições.

Segundo operadores, os negócios no mercado de câmbio doméstico refletem muito mais o vaivém das apostas para o ritmo de alta de juros nos países desenvolvidos que eventual temor fiscal diante das promessas de expansão de benefícios sociais que tomam conta da corrida presidencial. A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) na zona do euro atingiu 9,1% em agosto, novo recorde histórico e acima das expectativas de analistas, de 8,9%, reforçando a aposta de que o Banco Central Europeu (BCE) pode acelerar o ritmo de alta de juros.

Nos Estados Unidos, o relatório ADP, de emprego do setor privado, mostrou criação de 132 mil vagas, menos da metade da previsão dos analistas (300 mil). Mesmo assim, a aposta em nova elevação dos Fed Funds em 75 pontos-base neste mês segue majoritária. Ainda ecoam no mercado o discurso duro do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole na semana passada, reforçado por declarações de diretores do BC americano nesta semana. A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse nesta quarta que é cedo para concluir que a inflação nos EUA atingiu o pico. Mester afirmou que o Fed terá que levar os juros até “um pouco mais de 4%” até o começo de 2023. “Não prevejo que o Fed cortará os juros no próximo ano”.

“Desde o desfecho do simpósio de Jackson Hole, o mercado está um pouco mais preocupado com a magnitude da elevação dos juros nos EUA. Isso não mudou mesmo com a decepção do ADP de agosto”, afirma a economista-chefe de Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. “O clima externo é de aversão ao risco, com preocupações também com a inflação na Europa. Além disso, hoje teve a disputa pela formação da Ptax”.

No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – apresentou leve queda, sobretudo por conta da recuperação do euro, mas ainda permanece em níveis elevados, na casa dos 108,700 pontos. Os contratos futuros de petróleo caíram quase 3%, com o tipo Brent para novembro, referência para Petrobras, cotado a US$ 95,64 o barril (-2,25%).

Commodities metálicas, como minério de ferro e cobre, também recuaram. Além do aperto monetário nos países centrais, há preocupações com o ritmo de atividade na China, cujo PMI Industrial fechou agosto abaixo de 50, o que indica contração. As divisas emergentes caíram em bloco frente à moeda americana, à exceção do peso mexicano. O real, que vinha apresentando melhor desempenho, desta vez amargou a piora desvalorização.

“Voltamos a ter pressão nas moedas emergentes, principalmente o real, que sofre mais por ser mais líquido. O ponto mais importante é a expectativa de aumento de juros nos países desenvolvidos. A inflação na Europa veio bem acima do esperado”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest. “Nos últimos dias, temos visto também queda dos preços das commodities, o que contribuiu para pressionar a moeda”.

À tarde, o Banco Central divulgou que o fluxo cambial em agosto, até o dia 26, foi negativo em 1,009 bilhão, com saída líquida de US$ 76 milhões pelo canal financeiro e de US$ 934 milhões via comércio exterior. No ano, até 26 de agosto, o fluxo cambial é positivo em US$ 19,959 bilhões – fruto de saída de US$ 9,751 bilhões do lado financeiro e entrada de US$ 29,711 bilhões no front comercial.

Estadão Conteúdo

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