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Brasil

Uma em cada cinco mulheres tem algum tipo de transtorno mental, mostra pesquisa

Tratando-se de saúde mental, o público feminino está entre os mais acometidos por enfermidades como depressão e ansiedade, por exemplo

Redação Jornal de Brasília

08/03/2023 5h39

Foto: Agência Brasil

Na próxima quarta-feira (8), o Brasil e o mundo comemoram o Dia Internacional da Mulher. A data foi criada no ano de 1917 para que as mulheres tivessem direitos igualitários nas questões relativas ao trabalho, até então, dominado por grande parte da parcela masculina, além de melhores condições de vida. Desde então, movimentos de igualdade de gênero têm surgido no mundo todo, em especial, em países europeus e capitais brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Tratando-se de saúde mental, o público feminino está entre os mais acometidos por enfermidades como depressão e ansiedade, por exemplo. Para ilustrar esta informação, o Instituto Cactus realizou uma pesquisa em 2022, com o objetivo de mapear o porquê dessas mulheres terem problemas relacionados ao trabalho. Os dados indicaram que uma em cada cinco mulheres apresentavam algum tipo de transtorno mental.

Em média, o dobro da taxa apresentada por homens que enfrentam a mesma questão. Diferentemente deles, porém, nelas, as consequências podem ser duradouras, caso não sejam tomados os devidos cuidados.

Outro dado preocupante diz respeito ao predomínio da informalidade trabalhista nesse grupo, proporcionada, entre outros motivos, pela sobrecarga do trabalho doméstico. Além disso, padrões irregulares de carreira, tempo fora do mercado de trabalho para cuidar dos filhos e das atividades domiciliares, licença-maternidade e doenças físicas são outras condicionantes que podem afetar a percepção sobre a disponibilidade e o compromentimento da mulher, sobre a qual se baseiam muitas contratações, levando à discriminação e à exclusão do mercado de trabalho.

Racismo

Quadros de racismo, tão presentes em sociedades como a brasileira, também se encontram retratados na pesquisa. Tal discriminação afeta a saúde mental de pessoas negras e, quando relativizada a mulheres negras, é somada, ainda, à discriminação de gênero, proporcionando um contexto de dupla opressão.

Como consequência, elas podem internalizar as características negativas que lhes são atribuídas, prejudicando a sua autoestima e acarretando um sentimento de inferioridade, que pode prejudicar as relações sociais. Assim, pode gerar situações de isolamento, que muitas vezes são confundidas com timidez ou falta de habilidades intersociais. Tudo isso pode acometer quadros de transtorno de ansiedade e depressão, que, sem a devida atenção, podem se desdobrar em suicídio.

Para a psicóloga e membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio Andrea Chaves, os dados revelam a pressão social e a sobrecarga que a mulher brasileira sofre todos os dias, além de diversas mudanças em seu padrão de vida.

“As mulheres brasileiras estão com excesso de tarefas e, muitas vezes, são obrigadas a romper o limite biológico do corpo. Isso acaba afetando as suas emoções e, consequentemente, a sua saúde mental. Paralelamente a isso, toda essa sobrecarga e pressão social fazem com que as mulheres entrem em uma onda de competição e muita performance, fazendo com que, constantemente, ignorem seus limites individuais e busquem sempre por uma perfeição ilusória”, destaca a profissional.

Chaves também menciona que, nestes casos, uma das primeiras coisas que a rede de apoio deve fazer é desmistificar o conceito de “mulher-maravilha”, que deve dar conta de tudo sozinha. “É preciso dar uma opção à mulher de ter, ao mesmo tempo, a oportunidade de construir uma carreira fora e cuidar dos filhos, mas também a visão de que pode escolher não ter algum deles ou ambos”.

Já os programas de apoio, para a profissional, devem começar pela parte de sensibilização e clarificação do papel feminino. “Propagandas que fazem culto ao corpo e ao ‘padrão ideal’ de performance da mulher devem ser anuladas, dando prioridade a questões como: redes de apoio psicossocial, com ações voltadas a saúde mental, integração social, saúde física, bem-estar social, programas com mulheres em situação de violência e, até mesmo, depressão pós-parto”, finaliza a profissional.

Andrea reforça, ainda, que muitas dessas mulheres, por vezes, não se submetem a um tratamento adequado. Portanto, com programas voltados para as questões citadas acima, é possível prevenir e evitar que situações trágicas aconteçam, além de garantir que a autoaceitação e o empoderamento sejam trabalhados, proporcionando uma forma mais leve de lidar com as questões femininas, sociais, trabalhistas, dentre outras, que fazem parte da vida e do cotidiano de cada uma.

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