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Brasil

Jovens que estavam em BMW morreram intoxicados por monóxido de carbono, confirmam laudos

A informação foi dada nesta sexta-feira (12) pela Secretaria da Segurança Pública, polícias Científica e Civil e Superintendência de Urgência

Redação Jornal de Brasília

12/01/2024 16h26

Foto: Banco de imagens

CATARINA SCORTECCI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS)

Laudos da Polícia Científica de Santa Catarina confirmaram que a causa da morte dos quatro jovens encontrados dentro de uma BMW na rodoviária de Balneário Camboriú, em 1º de janeiro, foi asfixia por monóxido de carbono, gerado a partir de alterações irregulares no escapamento do veículo.

A informação foi dada nesta sexta-feira (12) pela Secretaria da Segurança Pública, polícias Científica e Civil e Superintendência de Urgência e Emergência da Secretaria da Saúde.

De acordo com a perita Bruna de Souza Boff, não foram identificadas nos corpos substâncias como drogas, medicamentos ou veneno. “Uma das vítimas estava com mais de 50% de saturação de monóxido carbono”, disse. “Normalmente acima de 40% já causa a morte”, acrescentou a perita.

Morreram os jovens Gustavo Pereira Silveira Elias, 24, Tiago de Lima Ribeiro, 21, Nicolas Oliveira Kovaleski, 16, e Karla Aparecida dos Santos, 19. Todos eram de Minas Gerais.

Eles faziam parte de um grupo de familiares e amigos. Parte do grupo havia se mudado há um mês para São José (SC), cidade da Grande Florianópolis, e convidou amigos para passar o Réveillon em Balneário Camboriú.

As vítimas saíram com o BMW no dia 23 de dezembro de Paracatu (MG) e chegaram na madrugada do dia 25 em Florianópolis, onde ficaram até dia 31. No trajeto entre os estados, não teria ocorrido nenhum problema mecânico.

No dia 31, contudo, quando eles seguiram de Florianópolis para Balneário Camboriú, para o Réveillon na praia, testemunhas dizem que o motorista comentou que sentiu um engasgo no carro. Mas isso não impediu a continuidade da viagem.

Depois da virada do ano na praia, parte do grupo volta para Florianópolis e outra segue para a rodoviária com o BMW, para buscar a namorada do Gustavo.

Por conta do congestionamento gerado no Réveillon, eles teriam levado cerca de 2 horas no percurso, que tem só cerca de 2,5 quilômetros. Saíram 1h20 da praia, e chegaram às 3h15 na rodoviária.

Na rodoviária, eles chegam já enjoados e relatam isso para a namorada do Gustavo. O grupo suspeita que o mal-estar tenha relação com um cachorro-quente que comeram horas antes e resolvem descansar dentro do carro ao longo da madrugada.

Por volta das 7h, a namorada de Gustavo vai até o veículo e percebe que eles não estão respirando. Ela pede auxílio às pessoas no local e o Samu é chamado. O serviço de urgência teria chegado dez minutos depois, mas as vítimas morreram no próprio local.

Os investigadores afirmam que várias modificações foram feitas no veículo em diferentes locais, mas suspeitam que a alteração no escapamento feita em junho, na cidade de Aparecida de Goiânia (GO), tenha gerado o problema.

Já houve a oitiva do proprietário da oficina, mas ainda serão ouvidos os mecânicos. O inquérito ainda não foi concluído e há possibilidade de indiciamento por homicídio culposo.

O perito Luiz Gabriel Alves de Deus detalhou nesta sexta à imprensa algumas modificações feitas no carro. “Todas estas alterações resultam em maior torque, potência e ruídos mais elevados e mais graves do motor. Então elas têm intuito de conferir maior apelo esportivo ao veículo”, inicia ele.

Por conta das alterações, o catalisador foi substituído por uma tubulação conhecida como downpipe, e que foi rompida.
“Principal constatação visual do caso é a fratura do downpipe. Foi identificado no próprio local dos fatos uma abertura nesta peça. E, depois, no exame detalhado, a gente pode perceber que não era simplesmente uma fissura ou rachadura. Houve o rompimento completo”, aponta ele.

O perito afirma que o rompimento resultou em extravasamento de grande volume de gases de combustão, “na mesma condição que eles saem do motor, ou seja, com muitos poluentes, com muito teor de monóxido de carbono”.

“Esses gases preenchem o cofre do motor, extravasam por baixo, pelas laterais e adjacências, e ele foi absorvido pelo ar-condicionado, criando uma atmosfera tóxica dentro do veículo”, continua Alves de Deus.

Segundo ele, uma situação assim é potencializada pelo veículo em repouso ou em velocidade baixíssima. “Veículo em movimento, andando normalmente, forma uma certa ventilação, tende a afastar os gases”, afirma ele.

Durante as perícias, foram feitas medições de teor de monóxido de carbono em pontos do carro. Próximo ao ponto de ruptura do downpipe, foi observado o valor de 1.000 ppm (partes por milhão).

“Para efeito de referência, colocando o medidor na ponteira de um escapamento de um veículo original, os valores são da ordem de 30 a 50 ppm”, compara o perito.
Em uma medição externa, em um ponto acima do capô do carro, a concentração ficava entre 200 e 500 ppm.

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