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Brasil

Incêndio atinge terra indígena em Mato Grosso e fumaça encobre zona urbana

Os indígenas estimam que o incêndio já consumiu mais de 5.000 hectares, o equivalente a 31 parques Ibirapuera, em São Paulo

Marcus Eduardo Pereira

03/08/2020 19h44

MONICA PRESTES
MANAUS, AM

Um incêndio de grandes proporções está consumindo há quatro dias a vegetação na Terra Indígena Tadarimana, em Rondonópolis, no Mato Grosso, onde vivem os índios da etnia bororo.

Os indígenas estimam que o incêndio já consumiu mais de 5.000 hectares, o equivalente a 31 parques Ibirapuera, em São Paulo.

Com a escassez de chuvas e o vento, as chamas se espalharam para a região, encobrindo a zona urbana de Rondonópolis e incomodando moradores da cidade. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a situação foi agravada por outras queimadas registradas tanto na zona urbana quanto na rural.

Homologada em 1991, a TI Tadarimana tem 10 mil hectares e é habitada por pouco mais de 600 indígenas. Desde a última sexta-feira (31), quando o fogo começou, os próprios indígenas tentam conter as chamas, sem sucesso.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e está atuando com oito militares na região, mas até a tarde desta segunda-feira (3) ainda não haviam conseguido apagar as chamas, nem mesmo com o apoio de maquinários e brigadistas cedidos pela Prefeitura de Rondonópolis.

Após três dias de queimadas na aldeia, toda a região amanheceu coberta por fumaça. Liderança na região, o indígena Marcelo Koguiepa denunciou a queimada nas redes sociais durante o fim de semana e afirmou que os indígenas suspeitam que a causa do incêndio foi natural.

“Na última sexta-feira(31) do mês de julho, ocorreu um incêndio de natureza ainda desconhecido por todos nós moradores da reserva Tadarimana, onde o fogo acabou se alastrando por grande parte da reserva. Uma das primeiras hipóteses levantadas é que o fogo tenha começado de forma natural, através de reflexo refletido por algum objeto nas folhagens seca e ocasionando a queima”, disse, em texto publicado nas redes sociais.

Koguiepa relatou que a falta de equipamentos dificultou o trabalho de combate ao fogo e, assim, as chamas se espalharam para uma região de mata de difícil acesso.

“Tivemos o apoio da equipe de corpo de bombeiros militar de Rondonópolis, no combate ao incêndio, porém não foi o suficiente. Na manhã seguinte, a aldeia amanheceu toda fumaceada e muito provavelmente as cidades em torno da reserva Tadarimana também”, relatou Koguiepa.

Antes de se espalharem para a mata fechada, as chamas atingiram o entorno da aldeia e só não obrigaram os bororos a deixarem suas casas porque o acero (morros de vegetação acumulados no entorno do terreno após a limpeza da área para o plantio) ajudou a protegê-las, segundo Koguiepa.

O tempo seco e o vento ajudam a espalhar as chamas, mas, para ele, o fator determinante para que a queimada tomasse essa proporção foi a falta de estrutura para combater as chamas em locais de difícil acesso. “A falta de equipamentos tem sido uma das dificuldades em combater o incêndio”, disse.

Em 2019, dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontaram que o estado do Mato Grosso liderou as queimadas na Amazônia, com 13.682 focos de calor acumulados em todo o ano, de acordo com dados do ICV (Instituto Centro de Vida). Levando em conta os oito primeiros meses de 2019 contra o mesmo período de 2018 houve um aumento de 87% nos focos de calor.

Nos primeiros seis meses de 2020, as queimadas no Pantanal atingiram o maior número já registrado na série histórica do Programa Queimadas, do Inpe. As queimadas no Pantanal e na Amazônia foram proibidas por 120 dias em decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de 16 de julho.

As informações são da FolhaPress

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