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Brasil

Galeria de família alvo de roubo de quadros está vazia, suja e com contas acumulando

Os suspeitos serão indiciados por suspeita de associação, cárcere privado, estelionato e roubo e extorsão, contou o delegado

FolhaPress

10/08/2022 17h24

Foto: Divulgação

Matheus de Moura
Rio de Janeiro, R

Com CNPJ ativo desde 1978, a galeria Jean Boghici, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, tem sinais de abandono e sujeira. O espaço foi criado pelo romeno Eugene Boghici, também conhecido como Jean, um dos maiores marchands brasileiros que morreu há sete anos, e chegou a ser administrado pela esposa, a francesa Geneviève Rose Coll Boghici, 82.

Sabine Boghici, a filha do casal, foi presa nesta quarta-feira (10) sob suspeita de roubar da própria mãe mais de R$ 720 milhões em obras de arte. Entre os quadros estão obras de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. Também foram roubadas joias e feitas transferências bancárias. A reportagem não conseguiu ouvir a defesa de Sabine Boghici.

O espaço funcionava na rua Joana Angélica 180. Contas de água e internet no portão de ferro da entrada se acumulam no local que está sem atividades há quase um ano, segundo comerciantes da região ouvidos pela reportagem.

Funcionários do prédio na avenida Atlântica, em Copacabana, onde a francesa Geneviève residia numa cobertura, afirmam que ela não era vista havia quatro meses. O período coincide com a primeira denúncia que a mãe fizera contra a única filha na Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade.

Segundo policiais, a francesa teria denunciado que, nos últimos dois anos, a filha a extorquia e a ameaçava e chegou a ser mantida em cativeiro por um breve período em 2021.

CARTOMANTE

De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a idosa foi abordada por uma mulher que se passou por cartomante, que disse que a filha estava doente e morreria em breve. A quadrilha de falsos videntes agia havia cerca de 20 anos e convenceu a idosa de que as obras estavam amaldiçoadas.

“Por ter um lado místico e uma filha que enfrenta problemas psicológicos desde a adolescência, a idosa foi convencida, inclusive pela filha, a realizar os pagamentos solicitados para o tratamento espiritual proposto”, divulgou a polícia.

O perito Nilton Taumaturgo, Instituto de Criminalística Carlos Éboli, fez uma avaliação preliminar das obras e atestou o valor dos quadros encontrados. “Posteriormente, será feita uma avaliação mais complexa laboratorial. É incontestável que as obras são verdadeiras. Apenas uma obra está com a moldura danificada”, afirmou o perito.

Os suspeitos serão indiciados por suspeita de associação, cárcere privado, estelionato e roubo e extorsão, contou o delegado.

VEJA A LISTA DE OBRAS:

  • “O Sono”, de Tarsila do Amaral, avaliada em R$ 300 milhões
  • “Sol Poente”, de Tarsila do Amaral, avaliada em R$ 250 milhões
  • “Pont Neuf”, de Tarsila do Amaral, avaliada em R$ 150 milhões
  • “Ela”, aquarela de Cícero Dias, avaliada em R$ 1 milhão
  • Aquarela sem título, de Cícero Dias, avaliada em R$ 1 milhão
  • Desenho representando uma paisagem, de 1935, de Alberto Guignard, avaliada em R$ 150 mil
  • “Rue des Rosiers”, de Emeric Marcier, avaliada em R$ 150 mil
  • “Eglise Saint Paul”, de Emeric Marcier, avaliada em R$ 150 mil
  • “Porto de Pesca em Hong Kong”, de Kao Chien-Fu, avaliada em R$ 1 milhão
  • “Coruja ao Luar”, de Kao Chi-Feng, avaliada em R$ 1 milhão
  • “Retrato”, de Michael Macreau, avaliada em R$ 150 mil
  • “Mulher na Igreja”, de Ilya Glazunov, avaliada em R$ 500 mil
  • “Mascaradas”, de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 1,5 milhão
  • “O Menino”, de Alberto Guignard, avaliada em R$ 2 milhões
  • “O Maquete Para Meu Espelho”, de Antônio Dias, avaliada em R$ 1,5 milhão
  • “Elevador Social”, de Rubens Gerchman, avaliada em R$ 1,5 milhão

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