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Brasil

Discurso político dá o tom na Sapucaí no primeiro dia do desfiles das escolas de samba do Grupo Especial

Arquivo Geral

13/02/2018 7h00

Atualizada 12/02/2018 23h28

Foto: Fernando Grilli | Riotur

Soraya Kabarite e
Cláudia Carvalho
Especial para o Jornal de Brasília

O primeiro dia do desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio foi morno. Nenhuma escola se apresentou de forma impecável, mas os destaques ficaram com Mangueira, com protesto contra o prefeito Marcelo Crivella, e Paraíso do Tuiuti, com um enredo sobre várias formas de escravidão, seguida da Mocidade Independente de Padre Miguel, que deu bela forma ao desfile sobre a Índia.

A crise deu fim à suntuosidade e ao requinte de outros carnavais. Todas as escolas substituíram plumas e bordados das fantasias por tule e lamê, em busca de efeitos que proporcionassem um visual mais rico. O mesmo aconteceu com os carros alegóricos, que vieram com muito plástico e luzes. Foi com esta fórmula que a Império Serrano, primeira a entrar na avenida, fez e o resultado foi um desfile apenas correto, marcando a volta da agremiação ao Grupo Especial depois de nove anos na Série A. Com um enredo sobre a China, tem chance de não cair e permanecer na elite do samba.

Desânimo

Em seguida, veio a desanimada São Clemente. O enredo, “Academicamente Popular”, não deu liga. A mistura do erudito com o popular deixou o enredo sobre os 200 anos da Escola de Belas Artes um tanto confuso e o desfile, embora plasticamente bonito, não empolgou e a escola se credencia a ser uma das rebaixadas este ano.

A Vila Isabel encheu a Sapucaí de luzes, em um recurso bem adequado ao enredo “Corra que o Futuro Vem Aí”. Mas faltou o toque genial característico do carnavalesco Paulo Barros. Quase nada ali fazia lembrar o tetracampeão do carnaval. A Comissão de Frente fantasiada de Leonardo da Vinci foi o que mais se aproximou do seu estilo. O cantor Martinho da Vila, aniversariante da noite, veio no primeiro carro e foi homenageado pelos componentes da escola.

Grande Rio enfrente caos e atrasa

Quarta escola a desfilar, a Paraíso de Tuiuti fez uma apresentação emocionante sobre a escravidão. O suplício de vários povos foi retratado ali para uma reflexão de todos, embalado pelo belíssimo samba, cantado por toda a Passarela.
Mas o enredo sobre os 130 anos da Lei Áurea também serviu para mostrar a escravidão sem açoite promovida pelos governantes, que manipulam a população, retratada como marionetes. Um toque político em um enredo inquietante, com direito a um vampiro vestido de presidente da República. Foi a única escola que levantou todas as arquibancadas durante sua passagem.

A Grande Rio veio de forma leve e descontraída, com enredo sobre o Chacrinha, o Velho Guerreiro. Tudo transcorria bem até que a escola não conseguiu colocar o último carro na avenida. Diretores e componentes se desesperaram, o que foi pior. A escola praticamente parou de evoluir, chegando a estacionar por dez minutos em frente aos jurados. A solução para o problema demorou a vir e a escola estourou o tempo em cinco minutos. Vai perder 0,5 ponto em cronometragem e também alguns outros em alegorias e adereços, evolução e enredo, adiando o sonho do primeiro título e colocando até mesmo sua permanência no Grupo Especial em risco.

A Mangueira passou rápido, mas contagiou. Debochou do prefeito do Rio, recordou os velhos carnavais e fez um belo protesto contra o corte de verbas, com o enredo “Com Dinheiro ou Sem Dinheiro, Eu Brinco”. Dona da velha fórmula de empolgar sem ter muito dinheiro, a escola vai, sim, brigar pela primeira colocação.

A Mocidade Independente também está na disputa pelo primeiro lugar, repetindo o feito de 2017. Com um enredo bem desenvolvido sobre a Índia, fez uma bela homenagem aos personagens mais importantes da história daquele país, como Buda, Gandhi e Madre Tereza de Calcutá, além das três divindades Khrisna, Shiva e Vishnu. Tudo embalado pelo forte refrão do samba-enredo e puxado pela Comissão de Frente Formada por deuses e monges. Desfilou com ares de bicampeã. (com a colaboração de Jorge Eduardo Antunes e Andreia Salles)

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