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Bolsa deve ir a pelo menos 150 mil pontos em 2023, diz estrategista do Bradesco BBI

O Banco Central pode ter espaço para começar um processo de corte na taxa de juros a partir do segundo trimestre do ano que vem, com a Selic caminhando para um patamar ao redor de 10% em dezembro de 2023

FolhaPress

07/10/2022 7h24

Foto: Banco de imagem

Lucas Bombana
São Paulo, SP

Se o governo eleito em 30 de outubro der uma sinalização ao mercado de que adotará uma política econômica fiscalmente responsável (com contas públicas que não façam crescer a dívida), o Banco Central pode ter espaço para começar um processo de corte na taxa de juros a partir do segundo trimestre do ano que vem, com a Selic caminhando para um patamar ao redor de 10% em dezembro de 2023.


Neste cenário, o índice de ações Ibovespa pode chegar ao final deste ano nos 130 mil pontos, e alcançar os 150 mil no fim do próximo ano, diz André Carvalho, chefe da área de pesquisa e estrategista de ações do Bradesco BBI.


Segundo ele, a alta seria impulsionado por papéis de consumo, como Lojas Renner, Br Malls e Vibra, beneficiados por uma provável alta na renda real da classe média.


Carvalho afirma que a projeção do banco para o Ibovespa no final deste ano está hoje nos 130 mil pontos -11% acima do fechamento de quarta-feira (5)- a partir da previsão de que haverá redução das incertezas trazidas pela eleição. A inflação em trajetória declinante também contribuir para a alta das ações, prevê o especialista.


“150 mil pontos no final do ano que vem, partindo de 130 mil, corresponde a uma alta de 15% da Bolsa, o que é absolutamente conservador”, afirma Carvalho, em entrevista à Folha de S.Paulo.


O estrategista do BBI diz ainda que o cenário-base com o qual trabalha hoje indica uma Selic de 11,25% no final do ano que vem, frente aos atuais 13,75%, mas não descarta a hipótese de um corte ainda mais agressivo, com a taxa básica de juros ao redor de 10% em dezembro de 2023 -a depender, novamente, da postura fiscal a ser adotada pelo governo.


“Devemos ver um cenário positivo para o consumo da classe média, que tanto apanhou nos últimos dois anos, e que está vendo finalmente os salários reais se recuperarem”, afirma o estrategista do BBI.
Carvalho afirma também que o primeiro turno das eleições serviu para deixar claro o anseio da população por uma agenda econômica de viés conservador, dado o predomínio do perfil de centro-direita entre os candidatos eleitos.


“A eleição está em aberto, e qualquer um dos dois pode ser eleito, mas em um cenário em que o Congresso é conservador, os riscos relativos à política econômica são mais baixos”, diz.


Segundo ele, com a disputa pela presidência mais apertada do que o indicado pelas pesquisas, o incentivo para que os candidatos Lula e Bolsonaro tragam mais informações sobre os planos econômicos antes de 30 de outubro aumenta consideravelmente.


“A esquerda é dominada pelo candidato Lula, e a direita, pelo candidato Bolsonaro. O centro é o local de disputa. Basicamente o sudeste, eu diria”, afirma Carvalho, acrescentando que, para ganhar o eleitor do sudeste, trazer mais informações sobre as políticas econômicas parece ser um bom caminho a ser seguido pelos dois postulantes à presidência a partir de 2023.

Projeção é de dólar em R$ 5 no final do ano


O estrategista do BBI diz ainda que projeta o dólar ao redor de R$ 5,00 no final deste ano, com a redução das incertezas sobre as eleições e o processo de desaceleração da inflação contribuindo para que o câmbio tenha um ajuste ao longo das próximas semanas. Nesta quarta, a moeda encerrou os negócios cotada a R$ 5,1870.


Carvalho afirma também que os cálculos internos do banco indicam um valor de equilíbrio para o dólar ainda mais baixo, em torno de R$ 4,50, mas que esse patamar deve ser mais difícil de ser alcançado. Isso por causa do ambiente global permeado por incertezas, com um risco crescente de recessão nos Estados Unidos e na Europa, e as dúvidas que ainda pairam sobre quando virá de forma consistente uma retomada da China.


O especialista diz que, nesse cenário internacional que demanda cautela, o Brasil pode começar a atrair um interesse crescente por parte do investidor estrangeiro.


“O estrangeiro procura os mercados que chama de valor, que são mercados que estejam baratos e já embutam um grau elevado de risco. E o Brasil certamente é um desses mercados. O mercado brasileiro de ações é profundo, é amplo, e está muito descontado [com preços subavaliados]”.

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