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Gastronomia

Confira mitos e verdades sobre o trigo

Dia 10 de novembro é considerado o Dia do Trigo. Especialistas comentam sobre os benefícios e características do segundo alimento mais produzido no mundo

Redação Jornal de Brasília

10/11/2022 16h25

Divulgação

Dia 10 de novembro é comemorado o Dia do Trigo, cereal cultivado em todo o mundo há mais de oito mil anos e o segundo mais produzido no mundo, atrás apenas do milho. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), o Brasil pode produzir 10 milhões de toneladas de trigo apenas em 2022. O número fica acima da projeção do governo de 9 milhões de toneladas. Mas esse alimento que movimenta a economia brasileira ainda gera muita polêmica quando o assunto é nutrição.

Sabe-se que o trigo é um alimento extremamente importante para a saúde no aspecto nutricional. Além de ser uma importante fonte de energia para o organismo, por ser um carboidrato, é um alimento rico em vitaminas e minerais essenciais para vida humana, como as vitaminas do complexo B, o potássio, o fósforo e o magnésio. Mas, onde ele é encontrado? A forma mais comum de consumo do trigo é a refinada, feita através da farinha de trigo encontrada comumente em preparações de doces, salgados, sopas, purês, saladas e iogurtes.

De acordo com o nutricionista da Science Play, plataforma de divulgação de conteúdos voltados para o universo da saúde, Omar de Faria Neto, o trigo comum (Triticum spp), representa uma importante fonte alimentar para a população mundial, sendo conhecido por seu uso na culinária, além de seu uso para fins medicinais. O especialista ressalta ainda que existem diversas formas do consumo do alimento, mas que é preciso ficar atento, pois algumas formas podem ser prejudiciais para a saúde.

“O trigo pode gerar um papel muito importante na alimentação, promovendo saúde, desde que não seja consumido em sua forma refinada (a famosa farinha branca). Quando há o consumo de alimentos que contenham preferencialmente o farelo de trigo integral, pode oferecer boas fontes de fibras (além de ajudar no funcionamento do trânsito intestinal servindo de alimento para as boas bactérias que vivem em nosso intestino)”, destaca o nutricionista.

Omar explica também que o ideal é sempre utilizar o farelo de trigo para elaborar preparações como: bolos, pães, mingau, biscoitos e outros e que o alimento pode ser consumido com frutas e outros alimentos. “É importante ressaltar que a farinha de trigo integral é melhor que a farinha branca, contendo um pouco mais de fibra que sua ‘irmã’ já supracitada, porém, não deixa de ser farinha também, o que é preciso cautela no consumo.”

Trigo e o glúten

O glúten é a proteína de armazenamento do trigo e é composto por uma mistura complexa de proteínas, principalmente gliadina e glutenina. Um dos componentes do glúten, a gliadina, contém uma série de sequências de aminoácidos (mais de 100) e que possui alta resistência à digestão no sistema digestório, podendo gerar sintomas gastrointestinais e resposta imunológica na doença celíaca, por exemplo. Mas, existem as pessoas que são intolerantes ao glúten.

A sensibilidade não celíaca ao glúten (também conhecida como intolerância ao glúten) é uma síndrome caracterizada por sintomas, intestinais ou extra-intestinais, relacionados à ingestão de glúten, mas que geralmente não apresentam lesões orgânicas ou alterações em exames, e que melhoram na sua retirada da dieta. Já na alergia ao trigo, há envolvimento do sistema imunológico e sintomas que podem acometer os sistemas respiratório e cardiovascular, e variam de leves a muito graves.

O gastroenterologia do Hospital Anchieta de Brasília, Rodrigo Aires de Castro, conta que a doença celíaca é uma patologia de base genética que se caracteriza pelo desenvolvimento de uma reação imunológica anormal, após a ingestão de glúten, que provoca lesão no revestimento interno do intestino e, em casos mais graves, em outros órgãos do corpo.

“O diagnóstico rotineiramente é feito com a avaliação combinada de sinais, sintomas, exames laboratoriais e biópsia de intestino, correlacionados com a ingestão do glúten. Em casos selecionados podemos nos valer de um teste genético.O único tratamento real para todas as doenças relacionadas ao glúten é a sua retirada da dieta. Alguns medicamentos podem ser úteis para redução dos sintomas, mas não tratam a doença em si”, explica o gastro.

Rodrigo alerta ainda para que as pessoas que sintam desconforto após o consumo de glúten procure um(a) gastroenterologista, pois ele(a), junto a toda uma equipe multidisciplinar, poderá lhe ajudar tanto a chegar a um diagnóstico do seu problema, quanto a conduzir um tratamento que lhe permita viver com qualidade de vida.

O nutricionista Omar de Faria Neto acrescenta que, para os alérgicos ou aqueles que não têm interesse em consumir a proteína, é possível consumir o trigo sem o glúten. “O trigo sarraceno não possui glúten. Diferente do cereal convencional, o sarraceno é uma semente de casca dura. Rico em fibras e minerais, ajuda na função intestinal e pode ajudar no controle da saciedade.“Outra possibilidade seria usar possíveis farinhas sem glúten, mas, que não são de trigo, para fazer preparações, como: farinha de amêndoas, de arroz, de milho, de coco, amaranto, aveia sem glúten, psyllium e até de feijão branco.”

Polêmicas

Apesar de ter quem ame ou odeie o trigo, um fato que causa muita polêmica envolvendo o alimento é de que muita gente acredita que ele engorda e deixa as pessoas inchadas, prejudicando assim quem está fazendo acompanhamento para emagrecer. Omar esclarece que casos de inchaço podem ocorrer por uma intolerância, já o consumo em dietas vai depender da necessidade de ingestão energética ao dia x quantidade de carboidratos, sempre determinados por um especialista.

“Existem pessoas que podem apresentar intolerância ao trigo, mas não são portadoras da doença celíaca. Algumas podem apresentar ainda certa dificuldade na digestão desse alimento, fazendo o intestino liberar determinados hormônios que desaceleram o trânsito gastrointestinal, promovendo sensação de inchaço abdominal. Já para o emagrecimento, tudo vai depender da quantidade do alimento a ser consumido. O trigo pode conter alta densidade energética, principalmente, quando se trata de carboidratos. Porém, assim como o trigo, o arroz, o pão, a aveia, frutas, tubérculos (batatas, mandioca e outros) podem fazer parte sim de um plano alimentar para emagrecimento”, finaliza o nutricionista.

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