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Pesquisa faz mapeamento do consumo cultural no Brasil no terceiro ano de pandemia

O levantamento diz respeito às atividades culturais presenciais e virtuais no último ano e perspectivas com a reabertura total dos espaços

Redação Jornal de Brasília

25/08/2022 18h08

Foto: Agência Brasil

Amanda Karolyne
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A maioria dos brasileiros ainda não retomou a rotina de atividades culturais no país, mesmo com as atividades presenciais voltando aos poucos. Segundo a pesquisa Hábitos Culturais III, realizada pelo Datafolha, em conjunto com o Itaú Cultural, 62% dos entrevistados estão realizando atividades de cultura e de lazer em frequência menor que antes da pandemia.

A pesquisa foi anunciada por Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, e Paulo Alves, gerente de pesquisa de mercado do Datafolha. O levantamento diz respeito às atividades culturais presenciais e virtuais dos brasileiros nos últimos 12 meses e perspectivas com a reabertura total dos espaços, após o arrefecimento da pandemia. A pesquisa foi aplicada em todas as regiões do país e ouviu 2240 pessoas, 16% delas do Centro-Oeste e Norte. As mulheres foram 55% dos entrevistados, e 45% homens.

O ato de ir ao cinema foi um dos mais afetados pela queda de frequência durante a pandemia. Na edição passada da pesquisa realizada pelo Itaú Cultural e Datafolha, 59% declararam ter ido ao cinema antes da pandemia. Já em 2022, apenas 26% foram ao cinema nos últimos 12 meses. E 26% dos entrevistados declararam que suas atividades culturais atualmente são realizadas com a mesma frequência que tinham antes da pandemia, e somente 12% aumentaram a intensidade de suas atividades. Este estudo tem uma margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

O público feminino representa 67% das pessoas que têm menor frequência de atividades culturais atualmente, que antes da pandemia. Eduardo Saron aponta que as mulheres foram as mais atingidas pela pandemia, tanto pela tripla jornada que sempre levaram, quanto pelo impacto da ausência das escolas públicas brasileiras. “Horários livres permitem o lazer e a cultura, e assim, pode-se entender, que com a tripla jornada feminina e o desemprego, dificultem esse tempo para atividades culturais”, salienta.

Outras atividades em queda

As apresentações artísticas de música, dança e teatro também foram afetadas. Em 2021, apenas 39% dos entrevistados haviam declarado que tinham frequentado eventos presenciais ou online do gênero antes da pandemia. Esse número caiu para 18%, em 2022. Cada ponto percentual equivale a 1,46 milhão de pessoas.

Em queda de 23% para 18%, os espetáculos infantis também foram impactados, as aulas e oficinas de arte caíram de 21% para 10%, a visitação a centros culturais saíram de 15% para 11%, e exposições e museus de 11% para 8%. Também em queda, as oficinas de criação para crianças foram de 15% para 7%, e os projetos artísticos guiados de 12% para 6%.

O lado positivo

Os filmes e séries também tiveram um registro menor, de 75% antes da pandemia para 70% no último ano. A leitura de livros digitais foi de 35% antes da pandemia, para 30% nos últimos 12 meses, e cursos online registraram queda de 32% para 28%.

O ato de ouvir música online manteve uma estabilidade, e foi de 79% antes da pandemia, para 80% nos últimos 12 meses. Assim como os jogos eletrônicos, com 41% antes, e 39% nos últimos meses. Com um aumento de frequência nos últimos 12 meses, ouvir podcasts subiu de 32% antes da pandemia, para 42%. Os webinars também tiveram uma procura levemente maior, a atividade era realizada por 19% dos entrevistados antes da pandemia, e chegou a 25% da amostra nos últimos 12 meses.

Segundo Saron, a pesquisa se faz necessária, para cada vez mais se buscar evidências no mundo da cultura, que possibilitem que o sistema de cultura melhore. “Os dados são fundamentais para entender com mais propriedade, a importância da cultura”, afirma. Ele aponta, que assim, também se pode avaliar o quanto a cultura é necessária na questão dos casos de saúde mental.

Na pesquisa atual, foi registrado que 49% dos entrevistados declararam que alguém do domicílio tinha problemas de saúde mental. Em 2021, essa porcentagem foi de 36%. Nos últimos 12 meses, 68% dos entrevistados informaram que a pessoa afetada procurou ajuda especializada. Com isso, para 48% dos indivíduos, as atividades culturais online ajudaram a melhorar a qualidade de vida, para 53%, o estresse e a ansiedade diminuíram com a contribuição dessas atividades. Em 2021, esses dados eram de 44% e 48% respectivamente.

Foi notado um aumento da sensação de diminuição de solidão, de 49% para 53%, por quem teve acesso a atividades culturais online, consequentemente, a diminuição da sensação de tristeza também foi observada, de 51% em 2021, para 54% de entrevistados em 2022.

Quando o assunto é atividade que mais proporciona bem-estar, assistir a filmes é a atividade cultural mais procurada, segundo 25% da amostra, seguida por assistir a séries (16%), ouvir música (13%), jogar vídeo game (8%), assistir a vídeos no YouTube (7%) e ler livros (7%).

Para Saron, a gente ainda vive a situação pandêmica. “Mas desde o início, tínhamos a sensação que íamos viver um hibridismo das atividades culturais”, relata. As atividades online são escolhidas por conta da flexibilidade para 27% da amostra. “É algo que veio para ficar, e a gente precisa ter a possibilidade de oferecer uma experiência com mais qualidade”. De acordo com Eduardo, as pessoas aceitavam a qualidade precária no início da pandemia, porque não tinha opção, mas agora é preciso entregar um produto cultural que seja uma experiência transformadora. “E ainda, fazer com que as experiências presenciais também ofereçam muito mais”, completa.

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