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Música

Nascido no Bronx, Hip Hop completa 50 anos como fenômeno mundial

Conheça mais sobre as origens desse gênero musical que vai além da melodia e reflete um contexto social

Redação Jornal de Brasília

08/08/2023 11h25

Foto: AFP

Um gênero, uma cultura e um estilo de vida. Com letras que evidenciam protestos e celebrações, o Hip Hop passou das festas de bairro aos clubes dos bilionários e marcou a evolução do Pop.

Nascido no bairro operário do Bronx, em meio à crise econômica americana, o estilo musical evoluiu anarquicamente de forma rápida, estremecendo o establishment da indústria, que por muito tempo resistiu ao seu poder, embora representasse uma cultura jovem.

O Hip Hop completa 50 anos, um aniversário que oferece às velhas gerações, aos seus fãs e à cidade onde nasceu uma oportunidade de refletir sobre o seu peso cultural.

Especialistas concordam que o gênero nasceu no dia 11 de agosto de 1973, na festa de aniversário de Cindy, irmã mais nova do jamaicano DJ Kool Herc, em um salão do prédio na Sedgwick Avenue, número 1520, no Bronx.

Diz a lenda que Clive Campbell, verdadeiro nome do artista, tocou o mesmo disco em dois toca-discos, misturando os ritmos no primeiro breakbeat documentado, um elemento essencial do Hip Hop.

“Foi apenas uma festa de aniversário, apenas um momento. Mas essa festa é o começo e a faísca que desencadeou o que veio a seguir para todos os outros DJs”, conta à AFP Ralph McDaniels, historiador do Hip Hop e apresentador renomado no meio.

Estas celebrações no Bronx representavam muito mais para os moradores da região, que sofriam os piores efeitos da crise econômica americana, além da gentrificação da época, que provocou despejos em massa e enraizou ainda mais a pobreza no bairro novaiorquino.

As festas, então, surgiam como um escape para adolescentes e famílias que viviam na dura realidade em que proprietários queimavam seus próprios apartamentos para receber o dinheiro do seguro.

“Eu era criança quando começou e vi como isso unia a comunidade. Para nós era muito especial fazer festas no parque. Você via os DJs saindo e como eles conectavam os equipamentos e eram criativos com suas músicas… Faziam as pessoas dançarem”, disse à AFP Jerry Gibbs, que cresceu no Bronx.

“Eles faziam as pessoas esquecerem seus problemas, suas preocupações: por uma noite elas podiam tirar férias mentais”, lembra o empresário de 55 anos também conhecido como DJ Cool Gee.

Foto: AFP

Origens no Bronx

O que hoje se denomina como Old School Hip Hop começou a se desenvolver no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, quando a música fez a transição da rua para os clubes. Com o tempo, a performance ao vivo do DJ-MC permitiu que o Rap fosse comercializado e atingisse um grande sucesso.

No entanto, este reconhecimento se alimentava de relatos de injustiça e desigualdade social.

“Os grandes artistas do Hip Hop saíram de tempos difíceis. Conheciam e entendiam as pessoas, as famílias, os cheiros, até mesmo os elevadores com cheiro de xixi. Tudo isso foi colocado em seus trabalhos”, conta McDaniels, lembrando de onde vieram grandes artistas como Jay-Z, Notorious B.I.G e Nas.

Mas, apesar do sucesso mundial de rappers Kanye West, Jay-Z, Cardi B, Drake e Nicki Minaj nos anos 2000, o Hip Hop manteve sua aura de contracultura, se tornando mais um movimento do que um gênero e ganhando uma gigante influência nos streamings.

Para Paula Farley, natural do Bronx, muitas pessoas achavam que o Hip Hop “fracassaria, mas 50 anos depois, mostramos que eles estavam errados”, disse.

Embora tenha se expandido mundialmente, “o Bronx é o coração, é sua casa, o lugar de seu nascimento”, reforça a mulher de 59 anos, enquanto crianças brincam no calor intenso do verão e seus pais e avós vibram com a música, um típico retrato da cultura do Hip Hop.

© Agence France-Presse

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