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Música

Antonio Leoni lança seu primeiro EP, “Ciclos e Portais”

Em entrevista, o músico fala sobre o lançamento, os desafios da produção e de sua relação com a música. Confira.

Ingrid Costa

01/03/2024 5h00

Foto: Carolina Warchavsky

Antonio Leoni lançou seu primeiro EP, intitulado “Ciclos e Portais”, nesta quinta (29/2). O projeto autoral conta com seis faixas e letras escritas pelo músico entre os seus 13 e 23 anos, resultando em um trabalho sensível e com forte identidade.

O EP traz músicas leves e descontraídas, como “Se Eu Pudesse”, e outras mais melancólicas e contemplativas, como é o caso de “Paranóias Ocidentais”. Além disso, há uma riqueza de detalhes nos instrumentais produzidos pelo cantor em colaboração com o músico Gabriel Amorim, seu amigo de infância.

Aos 24 anos, Antonio Leoni já passou por várias bandas e transitou por gêneros musicais diversos, incluindo pop e rock. No entanto, sua relação com a música vem desde os 13 anos, quando começou a tocar com o pai, o cantor e compositor Leoni.

Em entrevista ao Jornal de Brasília, o músico carioca falou sobre suas inspirações para o trabalho, o processo de criação de “Ciclos e Portais”, os desafios e as expectativas relacionadas ao EP, bem como planos para sua carreira. Confira:

 

Como começou a sua relação com a música? Quando percebeu que queria seguir profissionalmente nessa área? 

Sempre fui considerado uma criança levada, pois as coisas que não me interessavam eram muito difíceis de fazer. Nunca me adaptei muito ao sistema padrão de ensino. Além disso, a música sempre teve um grande impacto em minha casa. Meu pai é músico, minha mãe ouve música o dia todo, e minha irmã mais velha costumava ouvir bandas de rock dos anos 2000, o que me influenciou também. Sempre fomos uma família ligada à arte e valorizamos conhecer o trabalho das bandas e dos artistas. Para mim, foi muito natural me envolver com a música, pois era algo que me interessava profundamente. Aos 16 anos, percebi que não conseguiria trabalhar com nada que não fosse música, pois não me sentiria realizado. Era uma vontade muito forte e a única coisa que eu sentia que deveria estar fazendo. Eu até tinha facilidade com matemática, por exemplo, mas não conseguia me ver sendo economista, e embora gostasse de inventar coisas, não me via como engenheiro. Se eu não seguisse esse caminho, não saberia o que faria para dar sentido à minha vida. Para mim, a música sempre foi e continua sendo uma prioridade absoluta.

Quem são as pessoas que te inspiram e servem de referência para o seu trabalho?

Sempre admirei os compositores-cantores, aqueles que cantam suas próprias composições. Amo o Prince e me encanto com os multi-instrumentistas, pois é preciso coragem para dominar uma linguagem e depois se aventurar em outra, deixando o ego de lado. Você precisa se permitir ser ruim em algo para poder se tornar melhor em outra coisa. Admiro muito o Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, e suas composições que considero muito autênticas. O trabalho do Cazuza com o Barão Vermelho também sempre me impactou. Minhas influências são, muitas vezes, pela criatividade das pessoas. Também me interessam os artistas que produzem sua própria música, como eu faço. Lulu Santos, Ana Frango Elétrico e Tyler The Creator são exemplos disso. Todas essas pessoas, além de serem compositores, criam a música inteira, e isso me inspira. Há muitas pessoas talentosas para me inspirar, e minha lista de referências é bastante variada, mas o principal critério é a criatividade e a disposição para arriscar.

 

“Ciclos e Portais” apresenta letras que você escreveu dos 13 aos 23 anos. Como foi o processo de criação para esse EP?

Ao longo desses dez anos, escrevi muitas músicas, mas acabei esquecendo ou perdendo muitas delas. Com o tempo, fui guardando algumas que eu pensava “não posso perder esta, preciso fazer algo com ela”. Havia aquelas que eu colocava intencionalmente em uma gaveta e esquecia, as que eventualmente se perdiam e as que não envelheceram tão bem, mas que eu ainda via verdade na mensagem das letras. Essas foram as que selecionei para o álbum. Por isso, o EP é curto, porque preferi escolher poucas músicas que falassem muito sobre mim.

 

De que forma esse trabalho reflete quem você é?

O título do álbum, “Ciclos e Portais”, reflete um pouco como eu enxergo a vida, com seus altos e baixos e seus momentos mais significativos. Para mim, os ciclos são como “fotografias” de momentos que já passaram e não existem mais, pois algo mudou. Então, sempre que eu passava por uma experiência, como um término de namoro ou sentimentos intensos que eu não conseguia processar, eu escrevia uma música sobre isso. Mesmo antes de entender completamente o que estava sentindo, as letras diziam muito sobre minha experiência. Com o tempo, percebi quais músicas haviam sido verdadeiras para mim e ainda ressoavam em meu coração. Eu podia mudar algumas frases ou refrães, mas a essência das músicas estava lá. Às vezes, eu precisava de uma perspectiva mais madura para entender como a música me afetava, não apenas como eu queria que ela soasse.

 

Qual foi o aspecto mais desafiador no processo de produção do EP?

Foi abrir mão do controle e da busca pela perfeição. Trabalhando sozinho, eu queria que a música soasse exatamente como eu a imaginava em minha mente. Às vezes, passava meses ouvindo a mesma versão da música e, em seguida, mudava algo nela porque não gostava ou estava muito apegado a uma ideia específica. Com o tempo, percebi que era importante comunicar minha visão e minhas referências às pessoas com quem estava trabalhando e deixá-las entender o som que eu queria alcançar. Também precisei abandonar a ideia irreal de que tudo, desde as fotos promocionais até as mixagens das músicas, tinha que ser perfeito. Entendi que é normal cometer erros e que isso é parte do processo criativo. Aprendi a respeitar meus erros e a me cobrar menos, pois se não fizesse isso, as coisas nunca sairiam do papel. Nunca estaria perfeito o suficiente para o mundo real, que também não é perfeito.

 

Quais são suas expectativas com relação a esse lançamento? 

Estava ansioso há meses, pensando “será que as pessoas vão ouvir e se identificar?”, mas estou muito feliz com a quantidade de gente que apoiou, comprou o projeto e acreditou nele. Então, mesmo antes de receber uma resposta do público em geral, já estou muito orgulhoso do que criei e feliz por saber que me esforcei ao máximo. Sei que dei o melhor de mim para fazer deste o melhor trabalho possível no momento e o melhor que eu poderia oferecer. Estou muito feliz em compartilhar algo tão pessoal com o mundo.

 

Quais são seus próximos projetos? 

Desde que finalizei este álbum e decidi quais seis músicas iria gravar e mixar, não parei de compor. Estou trabalhando para finalizar e lançar novas músicas há muito tempo, e continuo criando constantemente. Hoje mesmo estive com um parceiro de São Paulo, criando música nova. Então, pretendo continuar explorando novas ideias e fazendo com que meu trabalho sempre melhore.

 

“Ciclos e Portais” está disponível nas plataformas de áudio.

 

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