Beatriz Castilho
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Se engana quem pensa que depois de 18 edições um dos festivais mais tradicionais da capital viraria poeira em cima da estante. Com uma extensa mistura de gêneros musicais, artistas locais, nacionais e atrações internacionais, o Móveis Convida é o motivo ideal para sair do sofá neste domingo (13). Caracterizado pela diversidade, o show de encerramento do evento acontece a partir das 15h, na quadra 3 do Setor Comercial Sul.
Apesar de não ter mais o Móveis Coloniais de Acaju, desmobiliado em 2014, como atração fixa, o festival segue firme e forte. Prova disso está na programação da 19ª edição, que conta com nomes internacionais como a angolana Titica e os americanos do The Slackers, além de Francisco, El Hombre, Attooxxa, O Tarot, Lulu Praxedes, La Ursa, Natália Carreira, Nuggetz, Kalouv e Moara + Tiju.
Hoje e amanhã, oficinas, palestras e rodas de conversa exploram o caráter formativo do evento no ConvidaPRO. As atividades são realizadas no Espaço Co-Piloto (306 Sul), a partir das 9h, com participação é gratuita.
Um dos diferenciais do festival é o uso da política 50/50. Da equipe técnica à produção, e até nas atrações, metade dos nomes deve ser feminino – cis ou trans. “Levando em consideração à baixa representatividade da mulher em outros festivais, queremos mostrar que existe qualidade. A questão é que o machismo na hora de programar um evento não percebe que escolhe apenas homens”, explica o produtor do festival e ex-baixista do Móveis, Fábio Pedroza.
Entre as representantes femininas está Titica, artista trans que é embaixadora da ONU, sendo uma das mais proeminentes vozes no combate à homofobia no continente africano. “Antigamente era apedrejada, as pessoas não ficavam do meu lado”, fala hoje, aos 30, sobre os preconceitos vividos. Para a cantora, a aceitação do público veio com o tempo: “Graças a Deus o mundo está começando a se abrir às diferenças”.
Em seu novo álbum, Pra que Julgar?, lançado este ano, a artista explora temas relacionados aos preconceitos vividos. “Senti a obrigação de fazer músicas que reeducam pessoas homofóbicas, que não respeitam gênero, raça ou religião”, destaca.
Titica é força reconhecida da música angolana desde 2011, com faixas que marcam as pistas de dança mundo afora, tais como Chão, Procura o Brinco e Olha o Boneco. Canta kuduro, expressão tradicional de seu país. “Trouxe bailarinos angolanos para ensinar o público a dançar, e vou chamar o pessoal para subir no palco”, adianta.
Parte brasileira, parte mexicana, Francisco El Hombre também sobe ao palco. Com apenas um disco lançado (Soltabruxa, 2016), o quinteto se prepara para um novo trabalho. “Vez ou outra, um refrão novo aparece maquiado entre as músicas do show que é para já ir sentindo como eles soam ao vivo. Temos as ideias para o disco inteiro, o que falta agora é lapidar”, revela o baixista Rafael Gomes.
Experiência sinestésica
Entre as atrações locais, destaque para os meninos da banda O Tarot. Com apenas quatro anos de estrada, o grupo lança novo álbum este mês. Com sonoridade que caminha entre as canções ciganas, baião, tango, flamenco e baladinha pop, os brasiliense se classificam como parte do gênero “nômade” e querem ir além da música para proporcionar experiências sinestésicas ao público.
O novo trabalho foi produzido por meio de financiamento coletivo. Foram mais de R$ 21 mil arrecadados. O dinheiro custeou o álbum e um Evideoclipe, previsto para estrear no mês que vem. “(O álbum) tem 12 músicas distintas. Confesso que estou envolvidão. E olha que não costumo ouvir coisas da banda porque tenho agonia”, brinca vocalista Caio Chaim.
Serviço:
Neste domingo, a partir das 15h. No Setor Comercial Sul, Quadra 3. Ingressos: R$ 20 (meia-entrada), antecipado. Entrada franca até as 16h30, mediante doação de 1kg de alimento imperecível – exceto sal, açúcar, farinha e fubá. Após esse horário, doadores também pagam meia. Não recomendado para menores de 16 anos.
