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Brasília

Casos de dengue seguem aumentando

A taxa de incidência em 2020 foi de aproximadamente 1.558 casos a cada 100 mil habitantes no DF

Vítor Mendonça

12/01/2021 6h05

Foto: Divulgação

O ano de 2020 fechou o calendário com aumento de 22,5% nos casos de dengue no Distrito Federal em comparação ao ano anterior, 2019. De acordo com o Boletim Epidemiológico da doença na capital, elaborado e divulgado pela Secretaria de Saúde (SES/DF), em 52 semanas – de 29 de dezembro de 2019 a 26 de dezembro de 2020 -, foram notificados 47.575 casos prováveis de dengue. Em 2019, foram registrados 38.831 casos prováveis.

Com taxa de incidência de aproximadamente 1.558 casos a cada 100 mil habitantes, 2020 apresenta uma incidência alta da doença – quando a ocorrência de casos alcança 300 casos ou mais na mesma proporção de cidadãos. Segundo o boletim, na última semana de contagem dos casos em 2020, foram registrados 153 novos casos, aumento de cerca de 0,32% em relação à semana anterior.

Apesar da alta na suspeita de casos de dengue, a quantidade de mortes pela doença em 2020 foi aproximadamente 27,8% menor que as registradas em 2019. No ano anterior, foram 61 mortes, enquanto no ano passado, 44 óbitos foram notificados em decorrência da dengue – 12 mortes a menos. O número de casos graves também diminuiu, passando de 86 em 2019 para 74 em 2020.

Ceilândia lidera ranking

No DF, a maior quantidade de contaminações pelo mosquito aedes aegypti ocorreu em Ceilândia, onde 5.235 pessoas contraíram ou tiveram suspeita da doença. Em segundo lugar está a Região Administrativa do Gama, com 4.725 casos, seguido pela cidade vizinha Santa Maria, em terceiro lugar, com 3.805 ocorrências.

Em relação à incidência de casos, lideram o ranking as cidades de Sobradinho I e II. Se somados os contaminados, acumulam-se mais de 7 mil infectados a cada 100 mil habitantes nas duas RAs. Respectivamente, as regiões tiveram 3.588,84 e 3.519,28 pessoas contaminadas na proporção.

Com maior incidência das chuvas, as chances de novos criadouros do mosquito serem formados aumentam. Vale lembrar que o aedes aegypti é também transmissor das doenças zika e chikungunya.

Os sintomas são, principalmente, dores e manchas no corpo, dores atrás dos olhos e febre alta. Este é o chamado curso benigno da doença, quando há indícios iniciais da presença do vírus no corpo humano. Se alguns destes sintomas aparecerem, a recomendação é que o posto de saúde mais próximo seja procurado para o diagnóstico. Devem-se também manter as precauções de contágio ao novo coronavírus, uma vez que os sintomas são similares em muitos aspectos.

A atenção, portanto, para as medidas preventivas devem ser adotadas. É preciso estar atendo para limpar calhas que acumulam folhas e galhos, virar garrafas e latinhas de cabeça para baixo, guardar pneus em locais cobertos, manter a manutenção da piscina em dia, colocar areia em pratinhos de vasos de plantas, manter os ralos limpos e com telas de proteção, certificar-se de que lonas estão bem esticadas para evitar o acúmulo de água, entre outras medidas preventivas.

“Momento grave”

De acordo com o professor Walter Ramalho, epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB) no Núcleo de Medicina Tropical, ao que indicam os dados acumulados ao longo dos anos, a população deixou de se preocupar com o seu próprio domicílio e há um maior número de acúmulo de água. “Se temos um maior número de pessoas doentes, é porque temos maior número de criadouros no DF”, declarou.

“Nunca tivemos uma ano com tantas notificações, ainda mais em tempos de covid-19. Estamos em um momento muito grave”, destacou ainda. “O que existe é pouco investimento e pouca participação da população contra esse vírus e mosquitos. Quando começa a chover, precisamos olhar calhas e vasos de plantas, além de ficar de olho no quintal para verificar se há água parada.”

Walter ressaltou ao Jornal de Brasília que a despreocupação com a doença é muito perigosa para quem ainda não foi contaminado, mas principalmente para quem teve dengue dentro de um período de cinco anos. “Quando há a infecção por duas vezes em menos de cinco anos, corre o grave risco de ter dengue hemorrágica, que é muito mais letal”, alertou.

Para conscientizar a população e alertar para a importância do risco de nova contaminação, ele coordena um grupo de pesquisadores da UnB que está colhendo amostras de sangue de voluntários nas RAs do DF para aferir se já tiveram a doença. De porta em porta, biomédicos e agentes de saúde coletiva oferecem o serviço de verificação, que emite um laudo com os resultados dentro de um prazo de dois meses.

Atualmente a pesquisa está em desenvolvimento em São Sebastião e no Plano Piloto. Até o fim do mês, o grupo de pesquisadores deve seguir para as regiões do Sudoeste e Cruzeiro. “Somos todos profissionais habilitados e só utilizamos instrumentos esterilizados, dentro das normas de segurança sanitária – não é preciso ter receio. Nossa intenção é ter uma dimensão das arboviroses – doenças transmitidas por insetos e aracnídeos – no DF”, explicou.

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